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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

11.— Saberes que sabem à Extensão


ANO 11

Agenda 2017 em www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO 3243

 


Como na edição de ontem, o destaque da edição desta quarta-feira é a defesa de tese desta manhã na REAMEC. Estar em uma banca de doutorado ou de mestrado é um dos trabalhos mais exigentes e qualificados (e não raro, árduo) de um professor universitário. Muitas vezes, com uma leitura de algumas horas se precisa ser capaz de trazer questionamentos a algo que o doutorando (ou o mestrando), junto com seu orientador, vem estudando há alguns anos. Também, há que referir que há diferentes posições no estar em uma banca enquanto avaliador ou estar como orientador. Enquanto orientador se é coautor, portando se é também sujeito da avaliação. Enquanto avaliador se pode ainda distinguir duas presenças. Podemos ser avaliador interno (se faz parte do programa de pós-graduação onde ocorre a defesa) e, de certa maneira, corresponsável pela produção em julgamento. Enquanto do avaliador externo se espera, de maneira usual, que este ratifique ou retifique a produção.

Ontem participei da banca como avaliador interno. Hoje pela manhã, avalizei um trabalho que estava sendo julgado, pois orientador do mesmo

Os ditos três pilares que constituem a Universidade –– Ensino / Pesquisa / Extensão –– são por demais díspares. A valorização, a destinação de recursos, o status acadêmico, o reconhecimento externo conferem a cada um dos três pilares visibilidade significativamente distintas.

Há universidades que são reconhecidas internacionalmente pela qualidade de sua pesquisa. Há outras que fazem seus egressos distinguidos por seu ensino de graduação e/ou pós-graduação. Não conheço nenhuma universidade que se projete por sua ações na extensão. Não se afirma aqui que não exista produção extensionista de qualidade e nem ações notáveis nesta dimensão.

Irlane Maia de Oliveira há mais de um quarto de século devota à extensão uma parcela significativa de seu entusiasmado fazer acadêmico na Universidade Federal do Amazonas. Incomodada pela não valorização quase sistemática de ações de extensão fez uma tese que não busca o reconhecimento da extensão na universidade. A tese relevante de Irlane consiste em inverter o vetor. Não basta o conhecimento produzido pela academia ser levado à comunidade externa da universidade. É preciso ensinar a universidade que ela pode e deve escutar para aprender os saberes da comunidade.

A tradicional postura ensinante da academia é importante, mas não se basta. É preciso romper um paradigma e tornar a universidade aprendente. Esta é a tese. Esta é a ruptura trazida na tese,

Num excerto do resumo da tese que hoje foi levada a defesa a professora que analisou sua prática afirma: “Essa vivência suscitou também, inquietações de como vem ocorrendo a prática da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, uma vez que as ações de extensão estão desvinculadas dos projetos políticos de cursos e se configuram em ações meramente pontuais. Com a perspectiva de contribuir para que o processo verticalizado do saber acadêmico torne-se um processo dialogizador, é necessário reescrever a relação da universidade com a comunidade, e esta com a escola. Esta reescrita não pode ocorrer sem a oitiva dos saberes da comunidade, pois sem esta, a prática social da universidade tende a manter seu caráter puramente assistencialista. Nesta perspectiva a escola é parceira fundamental no processo, mas deve, também, rever sua prática social, pois não raro esta desvaloriza ou desconhece os saberes da comunidade”.

A banca formada pelos professores doutores Manuel do Carmo da Silva C. Campos, da Universidade Norte – UNINORTE; Edineide Jezine Mesquita Araújo, Universidade Federal da Paraíba – UFPB; Cleusa Suzana Oliveira de Araújo, Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Evandro Luiz Ghedin, Universidade Federal do Amazonas – UFAM e Attico Chassot, REAMEC como orientador reconheceu a tese trazida por Irlane Maia de Oliveira outorgando o título de doutora em Educação em Ciências.

E é isso que este blogue celebra desde uma Manaus que não tem apenas medo, mas tem, também, muita coragem de mudar, porque mudar é preciso. Rexistir é preciso.

2 comentários:

  1. Professor Chassot, foi um momento brilhante de troca de conhecimento e verdadeira celebração de uma vida inteira dedicada a educação. Parabéns professora Irlane Maia sua trajetoria academica revela a imensidão da relação indissociavel entre o ensino , pesquisa e extensão.

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  2. Bom dia, amigo Chassot! Cumprimentos à Profª Drª Irlane Maia de Oliveira pela coragem de expor posições: a universidade e a comunidade. Um trabalho como este, valoriza a comunidade como fonte e a universidade como agente que quer entendê-la. Como processo de relações, a volta da reflexão para a sua fonte enobrece a ambas. Parabéns! Élcio, Sorocaba/SP.

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