ANO
10 |
EDIÇÃO
3134
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Novamente em Porto
Alegre, que ainda tem marcas do tornado de 29 de janeiro. Em minha rua há
calçadas bloqueadas por árvores caídas. Houve centenas de árvores caídas. Há informes que já foram coletados mais de 4 mil toneladas de raízes, troncos e galhos.
Vou dizer o óbvio: é
muito bom viajar, mas voltar é, ainda, melhor. Trago para este sábado algo que
pode não ser palatável para o recesso carnavalesco.
Na semana passada, ainda
em Paris, acompanhei na imprensa: A hospitalidade italiana para a visita do
presidente do Irã, Hassan Rouhani, incluiu até a cobertura de estátuas de nus. Rouhani e o
primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, se encontraram no museu Capitolino,
em Roma, após assinatura de acordos comerciais entre os dois países.
Mas vários
nus expostos no museu foram escondidos para evitar ofender o mandatário
iraniano. Na foto pode ver-se compensado ocultando estátuas de nus artísticos.
Marcelo Gruman escreveu:
O berço do Renascimento foi ultrajado. Nesta semana, o
presidente do Irã, país que se intitula uma república, embora religião e
política andem de mãos dadas (caminhamos no mesmo sentido), tanto assim que o
líder político é um clérigo xiita, em visita à Itália, pediu, através de sua
delegação, que estátuas de mulheres nuas fossem cobertas, dentre as quais, uma
Vênus Capitolina, estátua de uma mulher nua datada do século 2º antes de Cristo (em espacoacademico.wordpress.com).
Ao ler a notícia, ao lado
de ver como a civilização cristã parece conviver, agora, com a arte, lembrei-me
daquilo que referi aqui ainda em 11 de janeiro: As houris, as virgens prometidas aos
homens islâmicos bem-aventurados (os que como gratidão por suas boas ações em
terra) são premiados no paraíso.
As houris
são personagens celestiais, ou meninas de tenra idade, de seios grandes e
redondos, que não balançam, e elas são desprovidas de pelos em qualquer parte
do corpo, com exceção de seus belos cabelos e sobrancelhas. São livres de
incapacidades físicas rotineiras de uma mulher comum, tais como a menstruação,
a menopausa, necessidades fisiológicas (= urinar, defecar), a fertilidade e a
indisposição.
Há uma promessa de 72 virgens (número citado com
frequência, embora não no Alcorão Sagrado, parece ser um valor de caráter
mítico ou mágico, e simboliza a profusão) na vida futura, não apenas aos
mártires, mas a todo homem que chegar ao paraíso.
Fui ao Santo Alcorão e reli algumas suratas: A 56ª O evento inevitável, em 22-37 há lindas
descrições que certamente parecem se contradizer às exigências do presidente do
Irã. Isto para trazer apenas um exemplo. Li também as 52ª e 55ª suratas;
poderia ampliar as exemplificações.
Um bom Carnaval a cada
uma e cada um. Quando for cinzas, nos leremos de novo.
A crítica é oportuna. O deles, é lícito. O do resto do mundo, não? Que valores!
ResponderExcluirA diversidade cultural é sempre saudável, principalmente acompanhada do respeito ao outro. Mas como a imposição moral parece prevalecer em culturas que adotam os preceitos religiosos como conduta social as interpretações, mesmo na arte, trilham o caminho do extremismo que anda na sombra do fundamentalismo religioso. E fecha-se o círculo, ao menos na compreensão e relação entre costumes e religião, restando pouco espaço ao diálogo. Um bom feriado.
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