ANO
10 |
EDIÇÃO
3100
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Esta blogada, postada recém chegado à Porto Alegre, faz
sua tessitura em três movimentos: um
prelúdio, onde compartilho meus dois dias goianos; um alegro vivace, no qual celebro a formação do meu 32º mestre; um gran finale, que faz a laudação de uma data muito especial, ou melhor, para
mim a mais especial.
Um prelúdio, onde narro
acerca de uma nova jornada para fazer Educação. Cheguei a capital goiana no
começo da tarde de quarta-feira. Acolhido pela Nília e pela Carol, fui ao
Centro de Convenção de Goiânia, onde, deste segunda-feira se realizava o 55º Congresso Brasileiro
de Química, promovido pela Associação Brasileira de Química. As 15h30min, por
uma hora pronunciei uma palestra com título inicial Contribuições da química para a melhoria da
vida em sociedade. Por duas vezes, por
estratégia de estrutura, o título, com argumentos foi mudado. Depois de uns vinte minutos, mudei para Contribuições da
Ciência para a melhoria da vida em sociedade para depois de mais
um tempo mudar para Contribuições das mulheres e dos homens para a
melhoria da vida em sociedade. Agradou-me falar em
auditório lotado, com pessoas em pé. Ao final, muitos aplausos. Sou muito grato
ao Paulo Marcelo Pontes, agora virologista, que desde o Recife, por Skype, me
ajudou a estruturar essa palestra.
Alegra-me partilhar
algo muito emocionante e significativo: entre outras homenagens recebi uma
linda placa, tornando-me membro emérito da Rede Latino-americana de Pesquisa em
Educação Química. A outorga foi acompanhada de comoventes palavras do Prof. Thiago
Henrique Barnabé Correa (UFTM), representante da ReLAPEQ no Brasil. Ainda
autografei mais de 30 livros e tirei centenas de fotos. Sou muito grato aos
colegas Carol e Carlos, incansáveis como livreiros.
Na manhã de ontem
fui à Anápolis, para na Universidade Estadual de Goiás — com mais de 40 campus
— fazer, por cerca de duas horas, a palestra
A Ciência é masculina? É, sim senhora! para mais de uma
centena de docentes e discentes das licenciaturas. Após, mais uma muito
concorrida sessão de fotos e de autógrafo, esta foi exitosa mais uma vez pela
presença da Carol e do Carlos como livreiros. No final da manhã houve uma roda
de conversas para bolsistas do PIBID: ser professor hoje. Como encerramento,
uma surpresa: uma celebração de aniversário com presentes e um bolo com meu
nome. Após houve almoço com grupo de professoras e professores e o retorno para
Goiânia para começar voos para Campinas e depois para Porto Alegre. Esta foi
minha segunda jornada goiana deste ano: em junho estive em Urutaí e Formosa.
Foi, também, minha terceira estada em Anápolis em dois anos.
Um alegro vivace, no qual celebro a formação de meu 32º mestre. Por ter feito
doutorado quando já era aposentado na UFRGS, só entrei como docente em Programas de Mestrados e Doutorados tardiamente, por tal esse número não muito expressivo. A Universidade, por sua
origem na Igreja em tempos medievais, é muito afeita a rituais celebrativos. Um
exemplo são as formaturas. As defesas de teses doutorais era uma verdadeira pugna
entre a banca e o doutorando. Por fortuna, a academia aprendeu a cultivar,
também, a virtude da Assim, parecemos mais civilizados.
Neste cenário que
o Gédson Cardoso Kempe apresenta sua produção: “Práticas corporais indígenas inseridas à Educação Física
Escolar não indígenas”, no Mestrado
Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista IPA.
O Gédson é, no mínimo duplamente, vitorioso. Primeiro pela relevância de sua
dissertação na qual revoga dois paradigmas. Ao invés de a Escola dos brancos
impor práticas curriculares ele busca saberes de indígenas e os leva às escolas
não indígenas, isto é, opera na lógica inversa ao que é praticado. O segundo
paradigma violado ocorre na mostrada do quanto as escolas brasileiras, no que
se refere à Educação Física, é colonizada por esportes alienígenas (futebol,
vôlei, basquete, tênis...) e com os ricos ‘achados’ na cultura indígenas
pode-se ‘abrasileirar’ o ensino da Educação Física. A segunda grande vitória do
Gédson é que ele fez essa dissertação morando no interior do Mato Grosso. Eu
posso atestar o significou de ônus financeiros e físicos deslocar-se por 2 x
300 Km de São José dos Quatro Marcos a/de Cuiabá e desta cidade para/de Porto
Alegre. Por tal (e muito mais) eu celebro neste 6 de novembro o ‘tornar-se
mestre' do Gédson.
Um gran finale: Este é um Laudato si para uma data que para mim é a mais
especial: 06 de novembro. Ao meu primeiro, em 1939, em dias de uma guerra mundial
recém começando, e a 75 outros faço louvação. O DN — Data de Nascimento —
parece ser informação mais recorrente que fornecemos. É também aquela que a
cada ano nos posiciona; estás mais velho.
Que idade tens? Não se diz, por exemplo, 27 anos, 5 meses e 19 dias. Quantos
anos tens? 21, 37, 45, 63, ... 76.
Estou numa idade
que diz que sou velho, de uma maneira diferente quando fiz 45 ou 60. Mas 76 tem
outra sinalização: mais recentemente, em (quase) todos os ambientes que vivo,
sou o mais velho. Em sala de aulas, em reuniões, em palestras (mesmo que estas
tenham centenas de pessoas) na maioria dos grupos familiares. Há uma exceção:
na Universidade do Adulto Maior. Há quem diga que o meu tão cantado entusiasmo
pelas minhas atividades de segunda-feira se deva ao fato de a maioria da meia
centena de alunos é mais velha que eu. Há octogenários, nonagenários...
Este ano o 06 de
novembro teve até comemorações na vigília. Na quarta, no 55º Congresso Brasileiro
de Química, em Goiânia, houve parabéns de um auditório lotado e muito
vibrante. Ontem, em Anápolis, na UEG, celebrações com cantos, presentes e um
bolo. O ‘Kerb’ deverá terminar só no domingo, quando a Gelsa e eu receberemos
na Morada dos Afagos filhas, filhos, netas e netos em almoço ainda alusivo a
este06 de novembro.
Mas desde janeiro
deste ano, quando visitei a Polônia, pela primeira vez, o dia do meu nascimento
se tintou de luto e dor. Quando visitei uma das mais antigas universidades da
Europa, ao lado das muitas exposições é me recordado um fato que conhecera dias
antes no Museu Oskar Schindler: no dia 6 de novembro de 1939, os nazistas, que
desde 01 de setembro de 1939 ocupavam a Polônia, convocaram os professores e
cientistas mais eminentes da Polônia para uma aula inaugural na Universidade
Jagiellomiam. Em sua totalidade, os 184 que atenderam a convocação, foram
presos e deportados pelos nazistas para campo de concentração onde foram
mortos. O meu 6 de novembro de 1939 ficou muito diferente.
Querido Chassot,
ResponderExcluirMando-lhe um grande abraço. Pelos 76 frutuosos anos de vida. Outro, pelo encerramento da semana tão intensa de atividades acadêmicas.
Tavinho
Meu querido Mestre e Amigo Chassot. Na data de hoje quero te cumprimentar pela passagem de mais este ano e dizer do quanto sou feliz em ter te encontrado na minha trajetória, poder ter compartilhado inúmeras experiências e ter a tua presença sempre como linha mestra neste nosso fazer docente. Um grande abraço e que continuemos assim pelos próximos que possam vir. FELIZ ANIVERSÁRIO.
ResponderExcluirAmigo, mestre e colega. Há 76 anos a Química do acaso produziu um composto que chamaram At(In)CHS2. É um complexo plurimacromolecular único, muito reativo, capaz de curar ignorância e age como catalisador de eficiência enzimática para aprendizados. Tem farmacóforo com afinidade a pessoas loucas que sonham em mudar o mundo, propriedades priônicas de multiplicar conformações e arranjos intelectuais. É intolerantefóbico e faz ligação covalente com amor e muitas pontes de hidrogênio com a humanidade. Usuários correm o risco quase inescapável de desenvolver dependência (al)química. Usam industrialmente seus refinos para elaboração se lentes para ver um mundo menos míope e em tecnicolor dos afagos eletrônicos.
ResponderExcluirE, sim, sem sombra de dúvidas, é levógiro.
Estimado Mestre,
ResponderExcluirneste 06 de novembro manifesto minha gratidão à vida. Pois a mesma nos proporcionou conhecermos uma Estrela-Guia chamado Attico Chassot. Saúde e longevidade a esta brilhante mente abrigada num ser incrivelmente humano que posso chamar de amigo. São as felicitações da família.
Abraços por Giovana, Lúcia, Luvander e Vanderlei.
Querido Chassot,
ResponderExcluirParabéns mais uma vez pelos 76. Agora 76 + 1 dia. Que devemos comemorar
sempre. E o 76 +2, e assim por diante. Em dezembro, quando fiz 64 anos, me
ocorreu de repente que era a minha última idade que pode ser escrita como
potência de 2. Sim, 64 eu fiz; 128? Muito improvável. A lembrança não foi
ruim. Aguçou a vontade de viver bem o 65º e os mais que me vierem. Que
eles se fatorem como a aritmética permita. Ou não se fatorem, se forem
primos.
Isso remete ao agradecimento à vida, lembrado pelo Vanderlei e família no
seu blog. Por supuesto! Gracias a la vida, como cantou a artista chilena.
Ou Lohai (?), o belo brinde hebraico (?).
Sim, a mensagem do Guy é muito inspirada. E muito verdadeira. Parabéns
para você. Parabéns para o Guy.
Um grande abraço.
Tavinho