ANO
9 |
EDIÇÃO
3022
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Quando esta edição
entrar em circulação, devo ter percorrido a primeira das seis horas que separam
Porto Alegre de Frederico Westphalen por ônibus. Amanhã à noite faço a viagem
de volta. Não consegui exato censo do número destas maratonas que fiz desde
novembro de 2011, quando iniciei minhas ações como professor do Programa de Pós
Graduação em Educação da URI de Frederico Westphalen. Houve, talvez, cerca de
20 destas jornadas de duas noites consecutivas em ônibus, intercaladas quintas
feiras de densas atividades. Provavelmente está de agora será a última.
Na vida cumprimos
ciclos. Hoje, quando levo a defesa minha trigésima mestranda — a quarta na
URI/FW — espero ter cumprido mais um ciclo. Foi uma experiência muito
significativa conviver com docentes e discentes na URI. Pressinto saudades.
Assim, parece
justificado o título que dou a esta edição: Canção
do cisne ou Canto do cisne. A
edição de hoje se faz na esteira daquela da última terça-feira. Então, trouxe
aqui uma tentativa de resposta a uma pergunta: Canto dos cisnes: mito ou
verdade?
Recebi, muito a propósito daquela edição, uma advertência de
um colega pernambucano postou este comentário: Que jamais possas
apropriar-te do canto do cisne e nos privar de tuas palavras. Que, antes,
possas transformar-te em Eolos, e que difundas teus saberes em todas as
direções. Grande abraço, Paulo Marcelo Escrevi-lhe: Meu querido amigo e sempre colega Paulo
Marcelo, sabes também a pitonisa. Bonita a metáfora: fazer-se ventos e
disseminar saberes. Com admiração e saudades
Perdoem-me a
presunção. Meu canto é modesto. Não tem a densidade (nem a marca de grandiosa
despedida) como, por exemplo, a de Franz Schubert que contei na terça. O
gostoso na vida é redirecionar nossas potencialidades. Ao final de dezembro,
abandonei, não sem dificuldades, a frequência diária do blogue para dedicar-me
a um novo livro. Ele progride. Agora opto por centrar minhas ações de
orientador de mestrado e doutorado no Centro Universitário Metodista do IPA e
na Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática.
A defesa da Izaura Ceolin dos Santos, cujos detalhes estão no convite lateral, é uma das maneiras como faço minha
despedida da URI. Ter como parceiros na banca um ex-orientando de mestrado e um
dos colegas que foram mais próximo neste período de URI é gratificante. O André
e o Arnaldo foram pródigos em sugestões quando da qualificação. Hoje a
expectativa é evidenciar o quanto a Izaura, na tentativa de estabelecer tessituras
entre os saberes primevos e acadêmicos, fez deles saberes escolares.
Quando olhamos as
dissertações e teses que orientamos, avulta uma marca em cada mestre ou doutor
que ajudamos a formar. Não consigo ser discreto. Há revelações a fazer.
A Izaura foi
singular dentre 30 mestres e cinco doutores e poderia aditar ainda, mais 6
mestrandos e dois doutorandos em fase de orientação. Foi talvez a mais
‘pé-de-boi’ (=pessoa que encara qualquer
trabalho sem rejeitar nada) com quem já trabalhei. Foi a orientanda que
mais me enviou mensagens. Não raro na madrugada de domingo chegava uma mensagem,
para não muitas horas depois, ser alertado que ainda não respondera suas
questões.
Criei uma unidade de
ansiedade: uma izaura. Conheço
pessoas que tem um miliizaura de ansiedade acadêmica ou até 0,5 izaura. Mas a
unidade máxima de ansiedade é 1 izaura; por enquanto só ela.
No domingo passado,
quando ela em mensagens discutia como diminuir sua apresentação de 32min e 13s
para 30 minutos, recomendei que nesta semana de preparação final, dobrasse a
dose diária de chá de melissa. Vou ter saudades das dúzias de mensagens mensais
da Izaura. Ele fez por merecer o título que hoje há de conquistar.
Minha alegria nesta
quinta frederiquense será ainda muito sumarenta com um almoço com a Camila, a
Quielen, a Silvia e Izaura, as quatro mestres que formei na URI. Com cada uma
delas também partilhei palestras em suas comunidades de Frederico Westphalen, Palmitinho,
Taquaruçu do Sul e Caiçara. Talvez esta marca de inserção nas escolas onde cada
uma delas atua tenha tornado ainda mais gostoso meu trabalho.
Assim, espero marcar
com saudades minha despedida destes mais de três anos de atividades no Programa
de Pós Graduação em Educação na URI de Frederico Westphalen. Mesmo que esta
seja a sétima instituição de ensino superior que deixo/fui deixado (antes:
UFRGS, PUCRS, UNISINOS, ULBRA, FAPA e Unilasalle... poderia elencar ainda sete
escolas de Educação Básica) hoje não ocorre uma partida trivial... mas a vida
feita de chegadas. Estas pressupõem partida. E nestas há despedidas que nos
emudecem. Assim, calo.
Mesmo sem a presença física, futuramente na Uri, o Mestre pode estar certo de que permanecerá nas marcas que produzistes pelo tempo cronológico e histórico que aqui estivestes. Marcas que, de fato, afetaram.
ResponderExcluirCom estima e admiração,
Vanderlei e famíia.
Chassot,
ResponderExcluirque maravilhosa contribuição deste a esses alunos. Invejo-os.
Estou enlutado, pois hoje um imenso cisne cantou. O Emérito Prof. Eliézer Rios, fundador do Museu Oceanográfico de Rio Grande e pioneiro da Oceanologia no Brasil, a quem visitamos anos atrás, morreu aos 93 anos. Que Tétis e Oceano o recebam com um coro de ondinas, nereidas e sereias.
Ficaremos na expectativa do incunábulo que nascerá deste cântico teu.
Abraços
MENSAGEM ENVIADA AS 23h06min do dia 26MAR2015
ExcluirMuito estimado colega Guy,
aqui na rodoviária de Frederico Westphalen, em meio a gostoso chuviscar, acolho tua homenagem ao meu fazer Educação e incorporo-me a dor pela morte do Professor Eliezer Rios com quem estive junto contigo.
Que as ninfas digam amém a teus rogos.
Soneto-acróstico
ResponderExcluirAo cisne que não canta
Um dia, diz Chassot, ele pendura a chuteira
Mas não hoje, existe lenha a queimar ainda
Como encerrar devoção de uma vida inteira
A menos que, de alguns valores prescinda?
Num canto, existe cisne a guardar seu canto
Talvez, aguardando aquela hora derradeira
Onde novos desafios apresentem o encanto
De fazer esse mestre deixar a atual cadeira.
Enquanto houver vida eu afirmo, há vontade
Como Chassot mostra encarar essa jornada
Inda que muitas vezes, contra corrente nade.
Seja nesta tão conhecida, ou noutra estrada
Nosso Attico Chassot como tonsurado abade
Estará dando cartas de maneira apaixonada.
?