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quinta-feira, 26 de março de 2015

26.- (QUASE) UM CANTO DE CISNE...


ANO
 9
EDIÇÃO
 3022
Quando esta edição entrar em circulação, devo ter percorrido a primeira das seis horas que separam Porto Alegre de Frederico Westphalen por ônibus. Amanhã à noite faço a viagem de volta. Não consegui exato censo do número destas maratonas que fiz desde novembro de 2011, quando iniciei minhas ações como professor do Programa de Pós Graduação em Educação da URI de Frederico Westphalen. Houve, talvez, cerca de 20 destas jornadas de duas noites consecutivas em ônibus, intercaladas quintas feiras de densas atividades. Provavelmente está de agora será a última.
Na vida cumprimos ciclos. Hoje, quando levo a defesa minha trigésima mestranda — a quarta na URI/FW — espero ter cumprido mais um ciclo. Foi uma experiência muito significativa conviver com docentes e discentes na URI. Pressinto saudades.
Assim, parece justificado o título que dou a esta edição: Canção do cisne ou Canto do cisne. A edição de hoje se faz na esteira daquela da última terça-feira. Então, trouxe aqui uma tentativa de resposta a uma pergunta: Canto dos cisnes: mito ou verdade?
 Recebi, muito a propósito daquela edição, uma advertência de um colega pernambucano postou este comentário: Que jamais possas apropriar-te do canto do cisne e nos privar de tuas palavras. Que, antes, possas transformar-te em Eolos, e que difundas teus saberes em todas as direções. Grande abraço, Paulo Marcelo Escrevi-lhe: Meu querido amigo e sempre colega Paulo Marcelo, sabes também a pitonisa. Bonita a metáfora: fazer-se ventos e disseminar saberes. Com admiração e saudades
Perdoem-me a presunção. Meu canto é modesto. Não tem a densidade (nem a marca de grandiosa despedida) como, por exemplo, a de Franz Schubert que contei na terça. O gostoso na vida é redirecionar nossas potencialidades. Ao final de dezembro, abandonei, não sem dificuldades, a frequência diária do blogue para dedicar-me a um novo livro. Ele progride. Agora opto por centrar minhas ações de orientador de mestrado e doutorado no Centro Universitário Metodista do IPA e na Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática.
A defesa da Izaura Ceolin dos Santos, cujos detalhes estão no convite lateral, é uma das maneiras como faço minha despedida da URI. Ter como parceiros na banca um ex-orientando de mestrado e um dos colegas que foram mais próximo neste período de URI é gratificante. O André e o Arnaldo foram pródigos em sugestões quando da qualificação. Hoje a expectativa é evidenciar o quanto a Izaura, na tentativa de estabelecer tessituras entre os saberes primevos e acadêmicos, fez deles saberes escolares.
Quando olhamos as dissertações e teses que orientamos, avulta uma marca em cada mestre ou doutor que ajudamos a formar. Não consigo ser discreto. Há revelações a fazer.
A Izaura foi singular dentre 30 mestres e cinco doutores e poderia aditar ainda, mais 6 mestrandos e dois doutorandos em fase de orientação. Foi talvez a mais ‘pé-de-boi’ (=pessoa que encara qualquer trabalho sem rejeitar nada) com quem já trabalhei. Foi a orientanda que mais me enviou mensagens. Não raro na madrugada de domingo chegava uma mensagem, para não muitas horas depois, ser alertado que ainda não respondera suas questões.
Criei uma unidade de ansiedade: uma izaura. Conheço pessoas que tem um miliizaura de ansiedade acadêmica ou até 0,5 izaura. Mas a unidade máxima de ansiedade é 1 izaura; por enquanto só ela.
No domingo passado, quando ela em mensagens discutia como diminuir sua apresentação de 32min e 13s para 30 minutos, recomendei que nesta semana de preparação final, dobrasse a dose diária de chá de melissa. Vou ter saudades das dúzias de mensagens mensais da Izaura. Ele fez por merecer o título que hoje há de conquistar.
Minha alegria nesta quinta frederiquense será ainda muito sumarenta com um almoço com a Camila, a Quielen, a Silvia e Izaura, as quatro mestres que formei na URI. Com cada uma delas também partilhei palestras em suas comunidades de Frederico Westphalen, Palmitinho, Taquaruçu do Sul e Caiçara. Talvez esta marca de inserção nas escolas onde cada uma delas atua tenha tornado ainda mais gostoso meu trabalho.
Assim, espero marcar com saudades minha despedida destes mais de três anos de atividades no Programa de Pós Graduação em Educação na URI de Frederico Westphalen. Mesmo que esta seja a sétima instituição de ensino superior que deixo/fui deixado (antes: UFRGS, PUCRS, UNISINOS, ULBRA, FAPA e Unilasalle... poderia elencar ainda sete escolas de Educação Básica) hoje não ocorre uma partida trivial... mas a vida feita de chegadas. Estas pressupõem partida. E nestas há despedidas que nos emudecem. Assim, calo.



4 comentários:

  1. Mesmo sem a presença física, futuramente na Uri, o Mestre pode estar certo de que permanecerá nas marcas que produzistes pelo tempo cronológico e histórico que aqui estivestes. Marcas que, de fato, afetaram.
    Com estima e admiração,
    Vanderlei e famíia.

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  2. Chassot,

    que maravilhosa contribuição deste a esses alunos. Invejo-os.
    Estou enlutado, pois hoje um imenso cisne cantou. O Emérito Prof. Eliézer Rios, fundador do Museu Oceanográfico de Rio Grande e pioneiro da Oceanologia no Brasil, a quem visitamos anos atrás, morreu aos 93 anos. Que Tétis e Oceano o recebam com um coro de ondinas, nereidas e sereias.
    Ficaremos na expectativa do incunábulo que nascerá deste cântico teu.

    Abraços

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    Respostas
    1. MENSAGEM ENVIADA AS 23h06min do dia 26MAR2015

      Muito estimado colega Guy,
      aqui na rodoviária de Frederico Westphalen, em meio a gostoso chuviscar, acolho tua homenagem ao meu fazer Educação e incorporo-me a dor pela morte do Professor Eliezer Rios com quem estive junto contigo.
      Que as ninfas digam amém a teus rogos.

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  3. Soneto-acróstico
    Ao cisne que não canta

    Um dia, diz Chassot, ele pendura a chuteira
    Mas não hoje, existe lenha a queimar ainda
    Como encerrar devoção de uma vida inteira
    A menos que, de alguns valores prescinda?

    Num canto, existe cisne a guardar seu canto
    Talvez, aguardando aquela hora derradeira
    Onde novos desafios apresentem o encanto
    De fazer esse mestre deixar a atual cadeira.

    Enquanto houver vida eu afirmo, há vontade
    Como Chassot mostra encarar essa jornada
    Inda que muitas vezes, contra corrente nade.

    Seja nesta tão conhecida, ou noutra estrada
    Nosso Attico Chassot como tonsurado abade
    Estará dando cartas de maneira apaixonada.
    ?

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