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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

07 De novo, uma crônica de tragédias (quase) anunciadas

Porto Alegre Ano 4 # 1253

Admiro-me que os milenaristas não estejam percorrendo as ruas com batas e bíblias bradando que o fim do mundo esta chegando... Surpreendo-me que os eco-catastrofistas não desfilem com cartazes dizendo: nós avisamos e vocês não acreditaram: agora a catástrofe total é eminente! Muitos de nós, há um tempo, vêm dizendo que o Planeta está mandando sinais pedindo mais cuidados com ele.

Na virada de ano 2008/09 foi a tragédia em Santa Catarina. Nesta foi no Rio de Janeiro. E neste 2010 recém nascido só no Brasil quantas calamidades. Agora é no Rio Grande do Sul, mais uma vez se repetem catástrofes como as havidas nos últimos meses. Em São Paulo ontem se repetiram tragédias climáticas.

Quando há repetições anuais de deslizamento de encostas na Mata Atlântica com casas arrastadas fazendo mortes às dezenas será que não se poderia ter evitado algo? “O mais dramático nesses e em tantos outros casos é a repetição. Sugere inércia e uma irresponsabilidade insuportável que, passado o impacto inicial de vidas perdidas e a devastação de patrimônios tão duramente conquistados, retoma a rotina. E o discurso de que foi o excesso de chuvas a razão do desastre. Áreas frágeis e não recomendadas para habitação continuam a ser ocupadas. Medidas preventivas permanecem sendo tomadas de maneira paliativa, com pouca verba, empenho e prioridade” disse Marina Silva, ex-Ministra do Meio Ambiente em artigo nesta segunda-feira.

“As catástrofes causadas pelo mortífero tripé – chuvas fortes, encostas instáveis e construção em áreas inadequadas – só mudam de lugar”

Mas das tragédias gaúchas há uma que foi manchete em jornais nacionais e em noticiários no exterior. A ponte da estrada Montenegro-Santa Maria (RSC-287), com 314 metros de comprimento e 46 anos de uso, se desfez pouco depois das 8h30min desta terça-feira. Era o efeito das mais de 30 horas de chuva sobre o Jacuí. Naquele momento, a enchente havia feito o rio transbordar e se transformar em uma feroz corrente de água, rugindo em meio às bases de concreto que sustentavam a travessia e um número incerto de pessoas.

A ponte fazia a ligação entre Agudo e Restinga Seca. E neste município fica(va) Estação Jacuí onde eu nasci e visitei na memorável última quinta-feira santa. Contei aqui a minha travessia de barca com meu amigo Edni. A ponte que ruiu era próxima.

À ponte do Jacuí juntam-se outras oito travessias que ruíram desde segunda-feira no Rio Grande do Sul devido às chuvas Isso ocorre quando o Sindicato dos Engenheiros ‘trombeteia’ por emissoras de rádio que está atento na fiscalização de rodovias.

Já que esse blogue não tem a pretensão de ser noticioso, repito aqui fotos que estiveram ontem na capa de muitos jornais. Ao lado de lamentar a morte de homens e mulheres essa tragédia toca-me, pois se liga ao rio nas margens do qual nasci e mais recentemente comecei reencontrar.

Estas são algumas reflexões de uma quarta-feira que teve dois turnos no Centro Universitário Metodista - IPA envolvido com alguns colegas na elaboração de novo Plano Político Pedagógico do Curso de Filosofia. Houve também uma gostosa surpresa: antecipara o almoço das sextas-feiras com meu trio ABC (André, Bernardo e Clarissa) quando tivemos também a querida presença da Maria Antônia.

Por fim apenas votos: que essa primeira quinta-feira deste 2010 que já enlutou a muitos e causou prejuízos a milhões com a destruição de casa, cultivares e rebanhos traga esperança aos desesperançados.

6 comentários:

  1. Mestre Chassot, lembro-me agora de um comercial do Greenpeace. Neste comercial há, como música de fundo, uma bela canção de Frank Sinatra, "My Way", enquanto mostravam-se inúmeras tragégias climáticas, como derretimento de geleiras, furacões, secas, queimadas, enchentes,etc. Por fim, a mensagem final, carregada de sarcasmo, verdade e de um alerta: "Lembra como sua geração sonhava em mudar o mundo? Parabéns,vocês conseguiram." Caso interesse, aqui está o link do comercial: http://www.youtube.com/watch?v=wCmO3OCZX6Q

    Esse comercial é de um brilhantismo raro, pois passa uma mensagem precisa: o mundo pede socorro de um perigo ao qual nós o submentemos. Tristemente, muitas vidas serão perdidas antes que medidas mais enérgicas e eficazes sejam tomadas, e o que aconteceu no Rio Grande do Sul é, infelizmente, apenas mais um dos inúmeros casos de desgraça que ocorrerão.

    Ótimo dia.

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  2. Querido Chassot,
    Quando vi a reportagem da ponte no RS só lembrei de você e fiquei tão triste com esta tragédia. Eu fico indignada pois alguns destes fatos poderiam ter sido evitados.
    Espero que 2010 melhore, pois começou com muita notícia desagradável.É o fim do mundo????

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  3. Meu caro Marcos,
    não conheço o comercial que referes. Vou buscá-lo. Agradeço a dica em nome dos leitores deste blogue.
    Realmente. Parece que não nos vamos surpreender se encontrarmos milenaristas ou eco-catastrofistas bradando para cuidarmos do Planeta.
    Com respeitosa admiração pelo talento que aditas aos teus comentários,

    attico chassot

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  4. Muito querida Joélia,
    tinha porque lembrares de mim. Nasci bem perto de onde caiu a ponte.
    Como ti tenho expectativa que 2010 mude seu jeito de nos castigar.
    Mais uma vez obrigado e votos de boas férias,
    Um afago carinhoso
    attico chassot

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  5. Prof Chassot
    Gostaria de reforçar, com suas observações, muito bem colocadas. Será preciso ver a tragédia para lembrarmos do dia de amanhã??
    Estou profundamente preocupada com o que vem ocorrendo e no outro dia "tudo volta ao normal"" não fossem as buscas aos desaparecidos. Meu filho mais novo trabalha em Caxias, passou no domingo à noite, pela ponte quando se dirigia para cidade. Eu senti calafrios quando vi as notícias... O Sr. pode imaginar!
    Mas quero deixar um abraço de professora Santiaguense.
    Eloí

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  6. Muito estimada colega Eloí,
    primeiro celebro tua estreia como comentarista aqui, Viva e obrigado.
    Fizeste a melhor síntese do descaso: “No outro dia tudo volto ao normal!” É isso que mais se ouve.
    Realmente , há que pensarmos que ‘um outro mudo é possível’!
    Com reconhecimento
    attico chassot

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