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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

04* E vivam(os) as diferenças!

Porto Alegre Ano 4 # 1250

Esta é talvez a segunda-feira mais segunda-feira do ano. Ela não só abre uma semana de trabalho, mas também abre um ano e determina o fim de um recesso de festivo de 11 dias. Chove ‘doucement’ aqui. Hoje já houve uma precipitação de 3,5 ml/m2.

Já retomei a Academia onde por muito tempo era o único aluno. A turma, que usualmente se faz concorrida nesse horário, certamente esteve não resistiu ao apelo que também tive: ficar mis um tempo na cama.

As notícias desta manhã, ao lado de detalharem o resgate de dezenas corpos de soterrados por deslizamentos em Angra dos Reis, dão conta dos congestionamentos das rodovias que fazem o retorno do litoral. A Gelsa está voltando de Atlântida; assim, também, readquiro o meu celular que faz parcialmente desmemoriado.

A abertura de mais um ano tem uma marca muito especial para mim. Inauguro hoje o meu 50º ano letivo. Faço com algo que me agrada e o que realizei mais intensamente em 2009: palestra. Esta tarde tem uma fala no Seminário Pedagógico de docentes da Fundação Educacional Santa Rosa de Lima aqui em Porto Alegre, bastante próximo de minha casa. Logo, não inauguro ainda as viagens, que só devem começar no final de fevereiro


Para esta edição que determina o término do recesso das festas e inaugura o ‘primeiro dia útil’ de 2010 quero celebrar as diferenças. Ajuda-me Pu Songling (1640 - 1715) um escritor chinês da dinastia Qing é autor da famosa recopilação Contos fantásticos do estúdio de um charlatão. A obra trata de diversos demônios com forma de raposas. Eis um poemeto do autor para iniciarmos a Semana.

"O ganso* tem patas muito curtas,

e o grou*, demasiado longas.
Mas alongar as patas do ganso
ou encurtar as do grou
seria ato de um malvado e de um insensato.


Carlos G. Vallés, um sacerdote jesuíta de 84 anos, que viveu muitos anos na Índia, escreveu acerca desse poema: E ainda assim o mundo parece cheio de tolos. Encurta e alonga, estica e encolhe, coloca e tira, mas não deixa nada como está. Corta o ramo que se destaca e estica o menor, porém não deixe nada como está. Democracia jardineira que a nada perdoa. Estamos fazendo o mundo demasiadamente arrumado. O problema está em pensar que o ganso tem patas muito curtas, e o grou demasiadamente longas. Uma vez que se entra no 'muito', e não paramos até igualá-las. Na verdade, o ganso tem patas de ganso e, o grou de grou, e isso é tudo. As coisas são como são. E graças a isso temos gansos e temos grous, temos um divertido andar de ganso e um ágil voo de grou. Umas patas servem para uma coisa, e outras, para outra. Algumas ideias são usadas para andar, e outras para voar. Não imponhas as ideias de tua colheita, porque a ti parecem melhores. Mantenha-te com as tuas patas e deixa para mim, as minhas. Não compare. Não comece a dizer 'melhor' e 'superior' e ‘demasiado’. Eu te vejo com a tesoura pronta para cortar as minhas patas que são "demasiado" cumprida. Eu te conheço, censor de ideias. Eu alçarei vôo antes de tu chegares. Eu gosto de minhas patas como elas são. Também gosto das tuas como elas são. A isso chamam agora de "pluralismo". Antes era senso comum.


  • Os gansos são aves da família Anatidae, que inclui também os cisnes. Há mais de 40 variedades de gansos. Os gansos selvagens habitam regiões de clima temperado, migrando para locais mais quentes durante o inverno. Os gansos foram domesticados no Antigo Egito, para produção de carne e penas para fabrico de flechas. Os gansos domésticos são mais ativos durante a noite e, dado o seu sentido territorial, podem exercer funções de cão de guarda. O foie gras é fabricado a partir de fígado de ganso


  • Grou de crista vermelha (G. japonensis): ave considerada sagrada na China e no Japão. Gênero de aves pernaltas, de arribação, da família dos gruídeos. A grua é a fêmea do grou. Por semelhança grua é a “2. Máquina para introduzir água nas locomotivas’ ou ainda ‘3. Roldana do guindaste de proa’. Na construção civil: guindaste ('máquina para erguer') No cinema e na
  • televisão ‘grua’ (ainda por semelhança ao pássaro) é guindaste usado em filmagens de exteriores ou dentro dos grandes estúdios, capaz de se movimentar em todas as direções, com uma plataforma em sua extremidade onde ficam a câmara, seu operador e o diretor.

Encerro com votos de uma muito boa segunda-feira, na continuada expectativa de muito bom novo ano.

8 comentários:

  1. Muy querido Profesor Chassot,
    Celebro su texto de hoy: ¡vivan las diferencias!
    De su blog de ayer, me parece curioso que la ambrosía griega tenga un componente mítico similar al de la manzana del Génesis.
    Ojalá que todos aprendamos a respetar las diferencias, también es parte de la riqueza humana la diversidad y gradación de los afectos, los ritmos y maneras de pensar y ser de cada uno.
    Un abrazo lleno de ánimo para combatir el Lunes más Lunes de todo el año (¡cómo cuesta ponerse a trabajar después de este largo feriado!),

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  2. Primeiro, bom dia professor Chassot.
    É hoje retomamos a jornada. Algo interessante, gosto de voltar do recesso com bastante coisa para fazer, rever os amigos, contar algumas histórias, planos, projetos para um ano novo. Realmente um tempo de folga, de afastamento, nos faz muito bem, principalmente para a mente.
    Quero parabenizá-lo pelo 50º ano de docência, és uma pessoa adorada por muitos, um intelectual respeitadíssimo, e mesmo não tento tido o previlégio de ter sido seu aluno, percebo que fostes sempre um professor cativante, isntigante.
    Por fim, cabe colocar que o post sobre as diferenças ficou muito interessante, instigante.

    Abraços e uma boa segunda-feria.

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  3. Estimada Matilde,
    realmente en ese Lunes más Lunes de todo el año cuesta ponerse a trabajar. Espero que ahí en Ecuador 2010 sea generoso también con las lluvias para que terminen los apagones a que estás sometidos las poblaciones de esta región.
    No me he dado cuento de la analogía de la manzana del Edén con la ambrosia. Ahí está algo para Marcos (que recibe copia de este mensaje) opinar.
    iSi es muy importante que vivamos las diferencias! Que los gansos puedan continuar ser gansos y que las grullas sigan siendo grullas. Y, como dices, que eso ocurra no respecto a la diferencias que tenemos entre los humanos.
    Que 2010 sea un buen año para ti y para los tuyos y gracias por dejar sus comentarios en este blogue.
    Un afago desde Brasil de
    attico chassot

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  4. Meu estimado colega Luis,
    realmente o recesso é muito bom, mas voltar é ainda melhor. O livro “Teoria da viagem” de Michel Onfray que resenhei aqui no dia 26 ratifica também isso.
    Obrigado pelos exagerados elogios que fazes ao meu ser professor. Realmente tu e eu temos fazeres profissionais desafiadores, isso é bom.
    Como mestres vivemos muito os desafios de aceitar as diferenças. Entendamos os gansos e os grous!
    Um bom novo ano para nós e uma estada na volta ao teu mundo real e imaginário (daquela linda cabana?)
    attico chassot

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  5. Querido professor Attico, é sempre com grande satisfação que recebo teus afagos junto de mensagens e atualizações de teu Blog. Aproveito o ensejo do blog de hoje, para rearfirmar meu interesse e eterna luta por um melhor convívio com as diferenças, sejam elas quais forem... O preconceito faz parte de nossa (ou poderia dizer "nossas"?) cultura (s) desde sempre, gerando uma intolerância sem limites que tem atravessado os tempos... Penso que deveríamos todos nos policiar mais no que diz respeito a isso, eu mesma me pego fazendo isso o tempo todo... Paremos de julgar os outros sob a luz de nós mesmos, jamais haverão duas pessoas exatamente iguais neste mundo e essa é a riqueza que temos ao nosso dispor, graças à Deus, grande e generoso em toda a diversidade que criou... Saibamos aprender com o que temos de tão rico em nossos convívios! Muito obrigado pela lembrança, professor e que cada vez mais e mais pessoas possam levantar essa bandeira contra qualquer tipo de preconceito! Que 2010 seja realmente um ano de renovação neste e em muitos outros sentidos!

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  6. Muito querida Carina,
    tu sabes que sempre que escrevemos temos nossos ‘leitores ocultos’. Ontem quando preparava essa reflexão sobre o respeito às diferenças desfilaram pessoas que via como lutadoras na defesa das diferenças. Lembrei-me de ti, sempre paladina dessa causa.
    Que valorizemos entre nossos semelhantes os gansos e os grous.
    Um afago com carinho e admiração do
    attico chassot

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  7. Mestre Chassot, a temática de hoje, o respeito pelas diferenças, é algo que enseja uma reflexão sobre uma frase muito comum de ler-se/ouvir-se: "Somos todos iguais, e devemos nos reipeitar como tais." Afinal, o que é melhor - ou "menos pior" -, respeitar a alteridade, ou tentar nivelar com igualdade? Em um mundo onde existem gansos e grous, há problemas em ser um gafanhoto?
    É algo a se pensar.

    Instigado pelo comentário da Matilde, e também por seu incentivo a minha curiosidade, acho que podemos estabelecer alguns pontos que tornam a ambrosia e maçã edênica diferentes, embora elas pareçam símiles.

    O pomo da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal não trazia a imortalidade, apenas permitia o livre arbítrio, pois despertaria quem o comesse para a realidade e para a verdade. É essa a alusão que a serpente faz dizendo que, ao comer daquele fruto, Adão e Eva tornar-se-ião iguais a Deus, já que Ele conhece o Bem e o Mal. A ambrosia, por sua vez, apenas concede a imortalidade, sem oferecer nenhum outro conhecimento. A igualdade com os deuses, nesse ponto, dá-se apenas pelo viver eternamente.
    Porém, é válido fazer uma análise de como os pomos são importantes na mitologia grega. Duas lendas destacam-se contendo pomos:

    1- O pomo da discórdia, lançado por Éris no casamento de Peleu e Tétis, e que disparará o mecanismo que culminará com a Guerra de Tróia;

    2 - Os pomos das hespérides (Ninfas ou Deusas da tarde, depende a versão), que foram apanhados por Héracles (Hércules, em latim) como o último de seus 12 Trabalhos a serviço de Euristeu.

    Espero que minha contribuição tenha valido de alguma forma.

    Ótimo dia.

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  8. Meu caro Marcos,
    realmente ser gafanhoto em um mundo em que gansos e grou não é trivial.
    Realmente sabia que poderias aditar esclarecimentos ao tema trazido pela Matilde. Realmente tuas leituras são elucidativas,
    Há repetição de certos temas em diferentes culturas é algo que merece que pensemos.
    O quanto ~~ por exemplo ~~ o mito do dilúvio é recorrente em tantas culturas ou de uma virgem gerando um Deus.
    O mesmo se relaciona com a eterna dicotomia entre o Bem e o Mal / Yang e o Yang.
    Obrigado por teus aportes mitológicos sempre competentes,
    attico chassot

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