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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Em O debate uma assemblage

 01 0UTUBRO 2021


ANO 16     *************   EDIÇÃO 2017    

E de repente estamos em outubro. Os ventos primaveris, de vez em vez inclementes, esparzem aromas de floradas diversas. O avizinhar das festas de fim de ano, com a pandemia aparentando debandada, anunciam tímida, mas prazerosamente, que podemos embalar sonhos que abraços e beijos estarão de volta.

Neste blogar vou ignorar o Pinóquio. Ele já anunciou: nada está tão ruim, que amanhã não possa ser pior! Vou falar de algo que é prato cheio para um bibliófilo: livro.

No Roda Viva -- quase minha missa semanal -- da semana anterior, fugindo do design mais usual do programa que faz 35 anos, os entrevistados eram dois: o pernambucano Guel Arraes (1953) e o gaúcho Jorge Furtado (1959, diretor e roteirista do memorável Ilha das Flores; evoquei familiarmente o filho do Jorge e da Darci, na imediação da Praça Arariboia, em Porto Alegre).

Há muito, os dois produzem juntos. Agora atiçam curiosidades com a anunciada adaptação para o cinema de Grande Sertões: Veredas, de João Guimarães Rosa. A pandemia ora procrastina esta produção. Para o blogar que inaugura outubro, assuntei outro filme da dupla. 

Parece oportuno substituir o artefato cultural filme por obra cinematográfica, pois, a rigor, não existe mais produção de obras para o cinema em suporte fílmico. A atração que refiro, por ora, existe para o público como livro suporte papel. O texto é formatado em linguagem teatral.

Agora, comento algo do livro de 80 paginas O debate, editado em julho de 2021, pela editora carioca Cobogó, com o ISBN 978-65-5691-036-9 no selo coleção dramaturgia.

O debate ocorre em outubro de 2022, às vésperas do segundo turno da eleição em que concorrem Lula e Bolsonaro. No roteiro da produção só há dois atores no fumódromo de uma emissora de televisão: Marcos (60 anos) jornalista, editor do telejornal da noite e Paula (42 anos) jornalista, apresentadora do mesmo telejornal. Os dois, recém separados de um casamento de 20 anos, se encontram, como profissionais, antes, durante e depois do debate.

Fugando de cometer spoiler, apenas adianto que não são necessários mais que os primeiros diálogos entre os dois personagens para nos identificarmos (e torcer) por Paula ou por Marcos. Omito qualquer outra informação acerca das significativas discussões dos dois no fazer jornalismo em tempos de manipulação da informação. 

Enquanto aguardamos o filme vale ler o livro e ver quanto uma assemblage de ficção e  realidade, tecida pelos dois roteiristas nos faz mais pensantes. Cada uma das cenas exige reflexões e posicionamentos acerca do público e do privado em nossos cotidianos, em inusuais tempos pandêmicos. Uma sumarenta leitura a cada uma e cada um, seja como livro e/ou no cinema.


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