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sexta-feira, 5 de junho de 2020

05JUNHO2020 COMO A PANDEMIA (INTER)FERE NOSSO ESCREVINHAR




 ANO 14
AGENDA 2 0 2 0
EDIÇÃO
3481
Parece significativo inaugurar as edições juninas no Dia Mundial de Meio Ambiente. A rigor, enquanto brasileiros deveríamos dobrar sinos a finados.
Hoje completo uma bi-quarentena (2 x 40 dias). Cumpro a recomendação #fique em casa exorcizada pelo cavaleiro que domingo troteou por Brasília qual Sancho Pança. Parece que cena fanfarrônica realmente condiz ser ‘um cavaleiro de triste figura’.
Na última edição comentei minha estreia no mundo das lives. Narrei então que depois da estreia em Brejo Santo CE em 13 de maio, concluía o mês com quatro realizações. Para este junho há já agendada dez. A série junina se iniciou mais uma vez no Ceará, no dia 1º na UECE em Crateús.
Na manhã desta sexta-feira, quando benéfica chuva fertilizava  a terra, uma vivência me foi obsequiada nestes dias pandêmicos: Desde minha casa dei uma aula para alunos do sétimo ano do Colégio João 23! Duas grandes emoções então: quando comecei a dar aula, em 1961, tinha turmas da primeira e segunda série do ginásio, que equivaleria hoje ao sexto e ao sétimo ano! 
A segunda emoção foi voltar ao colégio onde meus filhos foram alunos.  E eu era pai numa escola fundada em 1964, quando iniciava a ditadura militar. Lembrei de algumas histórias. A Ana Lúcia ontem perguntou se eu ia contar a história das caravelas de Cabral. Eu disse que não; houvia me lembrado mais de uma vez... mas a aula só teria 40 minutos... e não deu para fazer divagações. Mas os alunos e o Prof. Guy Barcelos, meu querido anfitrião, pediram para eu voltar...
Completo esta blogada relatando que nesta semana cumpri um ponto de agenda árduo mas saboroso. Recebera do Prof. Dr. Thiago Henrique Barnabé Corrêa um distinguido convite para redigir um prelúdio para um livro acerca do discussões curriculares para o ensino de Ciências da Natureza que será publicado na Colômbia. Produzi cerca de 10 páginas. Autorizo-me trazer os parágrafos finais aqui. Se tem discutido os atravessamentos que ocorrem nesses dias pandêmicos. Pareceu significativo partilhar, aqui e agora, algo (inter)fere nosso escrevinhar. É o que está a seguir:
Defendo que ao nos aventurarmos no usual sumarento e enriquecedor binômio escrita leitura o cenário (ou o ambiente, ou estado de espirito...), tanto do escritor como do leitor são de influência capital. Não é sem razão que dizemos que cada leitor de um mesmo livro (ou até um mesmo filme) tem a sua leitura (diferenciada dos demais leitores). O mesmo vale para quem escreve, se chegando a fazer das narrativas em diários parceiros de confidências.
Permito-me narrar aqui um fazer intelectual que me encanta: brincar com as palavras. Há não muito trouxe a este texto uma palavra que não pertence ao cotidiano de nossos falares, também é infrequente em nossos escrevinhares. Dizia do difícil produzir intelectualmente em tempos aziagos. Aqueles que cultivam o saudável hábito de escrever recorrendo a dicionários a toda hora, muito provavelmente, já brincaram que com a palavra aziago.
Ante a dificuldade de descrever o cenário em que vivo — estou escrevendo este texto no advento dos primeiros dias juninos deste bissexto 2020 — , permitam-me brincar com a palavra que encontrei para descrever para a minha leitora ou para o meu leitor os tempos em que vivo. Estes podem adjetivados como aziagos (= Que é de azar ou o faz recear/ De mau agouro) parece descrever bastante bem os tempos vividos quando da presente escrituração. São tempos de mofino (do espanhol mohíno). O adjetivo e substantivo mofino (=Que ou quem mostra tristeza ou infelicidade / estava numa prostração mofina / estava infeliz; triste) ou me sinto um mofino. (= infeliz, triste). (As dicionarizações deste parágrafo são do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
É muito confortante, em meio a imensa tristeza que nos abate, fazer a partilha destas emoções: uma imensa tristeza, amofinado, nestes tempos aziagos. Não tenho pejo em dizer o quanto viver nesta república cívico-militar-teocrática me é muito desconfortável. Sofro. Minha mente parece se faz estéril.
Vivemos uma tríplice crise
I)     Uma crise pandêmica que faz a cada uma e a cada um dos habitantes do Planeta Terra, mais ou menos claudicantes. Uns e outros (pobres ou ricos / crentes ou incréus / negros ou brancos) manquitolamos, uns muitos ou outros poucos, nestes tempos viróticos. Talvez, não exista pessoas imune.
II) Uma crise econômica que atinge muito mais os ricos que os pobres. Estes, mesmo que continuem mais pobre com a crise, sabem com mais eficiência viver resilientes; aqueles sofrem muito quando veem seu querido capital se esboroar, vão para as ruas pedir que os pobres possam trabalhar para salvar seu capital.
III)     Uma crise política que é a pior das três. Temos no (de)governo da nação um presidente genocida. (Manchete de uma das edições semanais de meu blogue). Só isto seria suficiente para defenestra-lo do Palácio do Planalto. 
Mas temos muito mais do que um presidente sabido, que mesmo não tendo nenhuma formação acadêmica na área da saúde, sabe mais acerca de pandemia que a Organização Mundial da Saúde. Temos também um ministro das Relações Exteriores que é terraplanista. Temos um ministro da Educação que afirma que não existem povos indígenas. Temos um ministro do Meio Ambiente que alerta que devemos aproveitar que se está envolvido com as notícias da pandemia e ‘abrir as porteiras’ às autorizações a mais queimadas. A litania de tudo que temos no governo que faz o do Brasil uma nação depredadora se estenderia por páginas.
Propus-me uma utopia. Há duas alternativas. Dentre estas só se pode escolher uma e apenas uma:
    1)  Ter na presidência do Brasil alguém modelo da muito competente chanceler alemã Ângela Merkel.
2)  Ter absoluta certeza que eu e todas as pessoas com as quais tenho relações de qualquer natureza sejamos poupados para todo o sempre de todo e qualquer molestar decorrente da pandemia que ora açoita e vitima o Planeta Terra.
Eu, muito provavelmente, escolheria a alternativa 1. Assim, não preciso descrever muito mais acerca do momento histórico que esta protofonia foi gestada.
[...] Mas como se diz: Tudo passa! Acreditemos nisto. Abeberemo-nos no CURRÍCULO EN CIENCIAS NATURALES e façamos, cada uma e cada um, sumarenta leitura que há de nos ensejar tenhamos uma cada vez mais crítica Alfabetização Científica assim ajudarmos para que tenhamos cidadãs e cidadãos que se envolvam com um Planeta melhor e mais justo,

5 comentários:

  1. Meu querido Chassot! Sempre me apraz ter as tuas tessituras para apreciar, principalmente agora em que no nosso arduo conviver pandemico poucas coisas são saudaveis na tarefa das leituras. Quando citas as crises a que estamos submetidos, e ainda mais quando asseveradas por um insano na Presidência, torço para que não tenhamos a Quarta Crise, e que me parece muito próxima. Tudo se encaminha para uma Crise Social também em nosso país, cujo combustível é injetado todos os dias a partir do Palácio do Planalto, já que esta é sua grande expectativa. Tomara tenhamos uma solução iminente que evite esta tragédia. Abraços do JB

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  2. Uau. Bela reflexão, caro Mestre.
    Penso que o atual momento é propício para tecer uma necessária do que, realmente, importa. Não, sem antes, compreender as apontadas crises que vivenciamos. Disso, certamente um alto preço por termos distanciado de uma possível e imprescindível Alfabetização política. Optou-se pelo enamorar-se a todas as benesses, mesmo que apenas vislumbres, da produção material da existência histórica-terrena. Ficamos como adolescentes apaixonados frente à espetacularização do mundo capitalista e nos deixamos abduzir pela falaciosa ideia de progresso, meramente materi al, enquanto nos descuidamos da natureza, inclua-se a humana. Foi-se o cuidar, ficou o vazio das coisas. Veio os aproveitadores, verdadeiros abutres travestidos de esperança messiânica com o mesma retórica de classe média liberal do combate à corrupção: deu nisso.O covid-19 apenas é um mensageiro da mãe-natureza para alertar sobre o adotado materialista modo de vida. E agora? Bueno, laivizar-se para não deprimir-se, mesmo que sintamos a ausência da presença física humana. Então....reflitamos e...quando nos tornaremos HUMANOS?

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  3. Muito bom dia, Chassot, meu amigo! Lendo sua postagem de aula aos alunos do 7º ano EF me fez pensar na querida Escola Estadual "Dr. Fortunato de Camargo", de Angatuba-SP. Lá, fiz o primário (EF, ciclo I) entre 1973-1976. Meu sonho era ser diretor da escola, mas não deu tempo. Fui da rede estadual, em outras cidades. Então, voltei para trabalhos literários com as crianças e com elas revivi aqueles bons tempos. Parabéns pela oportunidade oferecida e pelo trabalho realizado! Que as emoções pela tua vida e de tua família, juntamente aos estudantes do Colégio João XXIII sejam as mais carregadas de afetos e boas lembranças. Com carinho, desta Sorocaba tomada pela neblina, meu abraço!

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  4. Ilustre Professor Chassot! Cada vez me deleito mais nas tuas palavras, sejam elas na fala ou na escrita. Nestes dias de pandemia tenho visto que o mundo não esperava que eu me tornasse uma acadêmica. Por todo o contexto em que vivo, e nos últimos dias o mundo tem revelado isso. Muitas vezes, para compreender a leitura dos seus textos tenho recorrido a dicionários e buscas pelo Google, o que tem me rendido além de belas leituras, excelentes pesquisas!E é por isso que o agradeço enormemente por isso. Obrigada por alimentar o meu conhecimento e contribuir grandemente para um alfabetização científica! Que o mundo se recusa a aceitar, que uma pessoa pobre, negra e de periferia tenha. Muito obrigada!

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  5. Andressa, muito querida! Primeiro obrigado por com teu comentário aqui me traz a tua Bahia. Que bom que meus texto ie fazem ir adiante. Lembra da afirmação de David Hume: “Se acreditamos que o fogo esquente e água refresca, é por causa uma imensa angústia pensar o contrário!” Por fim: brava mulher negra que chega aonde te parecia negado.

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