TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

sexta-feira, 20 de julho de 2018

20.- POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL PÓS-GOLPE



ANO
 12
Livraria virtual
Www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3361

Esta edição abre com um convite, ou melhor, com um duplo convite.
Nesta terça-feira, 24 de julho, às 19h30min, na reunião da ANPED SUL, que ocorre na Faculdade de Educação da UFRGS, haverá o lançamento do livro POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL PÓS-GOLPE organizado por José Clovis Azevedo e Jonas Tarcísio Reis.
No 38º Encontro de Debates sobre Ensino de Química que ocorrerá na ULBRA, em Canoas, no dia 19 de outubro (segundo dia do evento) às 14h30min haverá um debate acerca do mesmo livro (vale alertar que estaremos então no período entre o 1º e o 2º turno das eleições para Presidente da República e governadores) com os dois organizadores e Guy Barcellos do qual eu farei a mediação. Ainda no mesmo dia às 17h30min haverá mais uma sessão de lançamento do mesmo livro.
Neste livro, fui distinguido pelos dois organizadores para fazer o posfácio. Adito a esta blogada alguns excertos, na tentativa de dizer um pouco da obra, para qual fiz os convites acima.
[...] Os dias que vivemos — descritos na apresentação deste POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL PÓS-GOLPE pelo Jose Clovis e pelo Jonas e também por outros colegas que eles amealharam para tecer este livro — detêm o gosto adstringente de um caqui verde. Estes dias nos fazem, em muitos momentos, intelectualmente estéreis. Eu, por exemplo, recordo o atordoamento intelectual que fiquei naquele macabro 31 de agosto de 2016 na votação do impeachment da Presidente Dilma ou daquele macabro sábado, 07 de abril de 2018, quando o Presidente Lula ‘entregou-se’ a prisão. Em uma e outra situação fiquei mais de uma semana com dificuldades para redigir mais livremente um texto.
Outra marca que esses dias temerosos imprimem em mim: a abstinência de ler ou ouvir notícias. Era viciado em rádio e jornal. Hoje busco jejuar mentiras da imprensa hegemônica. Isso traz consequências. Ficamos desinformados também das boas notícias. [...]
Outra consequência da renúncia a notícias é que nos fazemos alienígenas na nossa pátria. Eu, que me considero instruído, tenho uma imensa dificuldade de entender o sistema judiciário brasileiro. Que não entenda como nos Estados Unidos o candidato mais votado possa não ser o eleito... vá lá. Agora como o Gilmar Mendes solte quem lhe dá na veneta é muito complicado. Assim, quando o Cunha fez tramitar o impeachment da Presidente de Dilma não se afigurou golpe, pois se dizia ser um ‘impeachment constitucional’ logo legal. Assim não cabia manifestação contrária. Ledo equívoco.
Desde 31 de agosto 2016 todas as minhas palestras — e já superam a centena — e nas bancas que participo se iniciam com ’Fora Temer, o ilegítimo e corrupto!’. Agora, adito ‘Lula livre!’ [...]
Tento fazer o posfácio que me foi solicitado. Não vou considerar o Priberam que diz: Posfácio: Advertência colocada no fim de um livro. Desejo ir um pouco além de uma lapidada advertência que podia ser trazida ao final deste livro tal como: Ratifico os organizadores e autores: Este livro mostra como um governo golpista e corrupto pode destruir sonhos e dilacerar políticas educacionais significativas construídas em tempos democráticos. Democracia também faz bem à Educação.
[...] Acredito que a qualquer leitor que chega a este posfácio, depois de ler uma dezena de capítulos precedentes sabe o que lhe cabe enquanto se anuncia que livro terminou. Como o ‘ite missa est’ não encerra a missa, se espera sonhadoramente que os fiéis levem o ‘ensinado’ mundo afora...
Este posfácio não é para manifestar júbilo pelo término de um livro e muito menos para destacar o que ele tem de mais sumarento — isto os organizadores fazem texto preambular — mas com muita esperança, se deseja que este texto catalise ações para sair a semear propostas para pensar que vamos fazer para recuperar o que foi e está sendo demolido pelo golpismo. Mas, como se verá um pouco adiante muitas das sementes a semear foram modificadas e se fez delas sementes estéreis em uma segunda geração, assim como agem gananciosamente as grandes sementeiras apátridas. Aliás, ‘eles’ usam a mesma enganação que a Monsanto (ora se transmutando em Bayer) relendo Organismos Geneticamente Modificados OGMs como Organismos Geneticamente Melhorados.
[...] Os sinos dobrando a finados que faz este POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL PÓS-GOLPE tornar-se um livro muito mais uma narrativa de um passado frutuoso muito próximo e funéreo. Mas há que laborar com utopias. Este livro pode e deve catalisar experiências buscando a emancipação de alunos do ensino médio mesmo que esses fazeres se constitua até em atos de desobediências arrojadas. O livro para o qual se tece este posfácio se constitui, também, em excelente antídoto a uma praga que insiste em proliferar: a Escola sem partido.
[...] O que não podemos fazer é sepultar sonhos por meio de nossas continuadas tentativas de um Ensino Médio Politécnico, em que o principal elemento conceitual beneficiário seja a construção do processo emancipatório dos sujeitos estudantes, procurando entender tal concepção inserida na perspectiva de uma educação integral. Sonhar é preciso. Assim, sonhemos!
Quando muitos sonharem juntos os sonhos se transformarão em realidades.
Attico Chassot,
na Morada dos Afagos,
 ainda condoído pelo 7 de abril de 2018,
 dia da prisão do Presidente Lula,
talvez o dia mais triste da história recente.

13 comentários:

  1. Querido amigo,
    de fato, "há de se laborar com utopias". Nestes tempos de "Escola sem partido" e desmonte sistemático da Educação cumpre robustecer a potência desobediente, a despeito das tristezas que nos acometem. Gostei do texto. Lúcido, porém com a convicção de um futuro sublime, mesmo que tarde em chegar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ​Meu querido Guy,

      acabo​ de receber de uma professora da FURG, do campus de São Lourenço do Sul. a propósito de palestra que farei lá dia 08 de agosto:

      Em primeiro lugar quero dizer que a sua vinda aqui será importante marco de esperança, de luta e resistência, pois na segunda-feira 16/julho a Câmara de vereadores de SLS aprovou o Projeto de Lei Escola sem Partido, desde então estamos em um intenso movimento de pressão para que o prefeito vete o referido projeto. Os professores do município que estavam organizando suas feiras do conhecimento, trabalhando a partir da realidade local, pontuando os problemas socioambientais vividos no âmbito municipal estão com medo da aprovação por parte do Prefeito. Entendemos que este não é um problema pontual de SLS e sim um problema Nacional.

      Não podemos nos entregar

      Excluir
  2. Um abraço solidário do teu camarada e eterno aluno

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu querido amigo Guy,
      primeiro obrigado por aceitares participar do debate no EDEQ ULBRA.
      A sugestão de teu nome foi do Joel.
      Prometemos que vamos dar o nosso melhor

      Excluir
  3. Certamente uma obra para ler, reler e refletir sobre "Ensino, o que ensinar? Ou seria, como aprender?". Sou da turma que sonha um Ensino para a Emancipação dos sujeitos.
    Abraços, caro Mestre!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu caro Vanderlei,
      obrigado pelo teu comentário.
      No meu posfácio sem iluminuras cito o teu livro que prefaciei.
      saudades nestes dias julinos tão opressores,
      afagos no teu trio

      Excluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Prezado professor, precisamos de muitas obras como esta e de muita resistência neste período nefasto!
    Gostaria de adquirir o livro, mas não consigo encontrar em livrarias virtuais ou físicas. Somente após o lançamento na ANPED estará disponível?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estimada Cristina,
      realmente os dias são opressores e nefastos.
      Amanhã à noite me informo e te passo a notícia,
      com estima

      Excluir
    2. Prezada colega Cristina!
      o livro é da editora Metodista. Será preciso localizares no site da mesma teu pedido

      Excluir
    3. Agradeço muito pelas respostas e espero conseguir adquirir o livro.
      Com estima,
      Cristina

      Excluir
  6. Meu tão bom senhor e amigo Áttico! Permita-me dizê-lo desta forma em homenagem a Antonio Conselheiro. Tuas palavras, meu amigo, me trazem à memória as mesmas doloridas sensações de 07 de abril: "(...) é que nos fazemos alienígenas na nossa pátria." O Golpe - maldito seja! - tirou-nos alegria, dignidade e esperança. Sim, matou-nos por dentro, enquanto não conseguirmos extirpar suas consequências de aniquilar a maior parte de nosso povo, já que o Brasil daquela decisão maldita, é pensado para menos da metade da população atual. Compartilho de teus sentires e de toda a dor estendida à nossa gente, de todos os cantos das enormes diferenças e particularidades do gigante e rico Brasil, desejado para poucos que querem exterminar a maioria. Isto nos é tão claro, que às vezes, diante de manifestações que defendem o golpismo, sinto-me tão cansado, a ponto de evitar e sair sem falar. É tamanha minha indignação, que não raro, não tenho forças para me expressar. Confesso também, que esta atitude pode dar a entender que aceito a absurda defesa do Golpe - maldito seja, três vezes seja maldito!!! - mas é o mais puro sentimento de repúdio pela abjeta situação. Nossa, desabafei como nunca agora, não é meu amigo!? Meu abraço pelo contato por e-mail.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu querido amigo Élcio!
      Estamos silentes [por esta (ex)(in)tensa conjunção julina] mas não nos esquecemos.
      Até bradamos céticos e/ou crentes que “Deus nos acuda!” (by Adriana)
      O Canadá foi também uma dolorosa experiência devido a cruel e sórdida politica de Estado, ainda recente, de ‘fazer os indígenas cidadãos’ modelados por igrejas (anglicana, católica, presbiteriana, metodista).
      Isto está no blogue do dia 13, que sei que os tempos de Bienal do Livro te impedem de visitar. Aliás só dá uma espiadela (blogue do dia 20) no livro que será lançado amanhã à noite aqui em Porto Alegre.
      Mas esta mensagem era apenas para te desejar sucesso na Bienal do Livro e a saudade traz assuntos que deveriam ser interditos.
      Uma vez mais que “Deus nos acuda!” e uma Bienal do Livro muito exitosa

      Excluir