ANO
12 |
Livraria
virtual
Www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
3361
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Esta edição abre com um convite, ou melhor, com um duplo
convite.
Nesta terça-feira, 24 de julho, às 19h30min,
na reunião da ANPED SUL, que ocorre na Faculdade de Educação da UFRGS, haverá o
lançamento do livro POLÍTICAS
EDUCACIONAIS NO BRASIL PÓS-GOLPE organizado por José Clovis
Azevedo e Jonas Tarcísio Reis.
No 38º Encontro de Debates sobre Ensino de Química que ocorrerá
na ULBRA, em Canoas, no dia 19 de outubro (segundo dia do evento) às 14h30min haverá
um debate acerca do mesmo livro (vale alertar que estaremos então no período entre
o 1º e o 2º turno das eleições para Presidente da República e governadores) com
os dois organizadores e Guy Barcellos do qual eu farei a mediação. Ainda no mesmo
dia às 17h30min haverá mais uma sessão de lançamento do mesmo livro.
Neste livro, fui distinguido pelos dois organizadores para fazer
o posfácio. Adito a esta blogada
alguns excertos, na tentativa de dizer um pouco da obra, para qual fiz os
convites acima.
[...] Os dias que
vivemos — descritos na apresentação deste POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL
PÓS-GOLPE pelo Jose Clovis e pelo Jonas e também por outros colegas que eles
amealharam para tecer este livro — detêm o gosto adstringente de um caqui
verde. Estes dias nos fazem, em muitos momentos, intelectualmente estéreis. Eu,
por exemplo, recordo o atordoamento intelectual que fiquei naquele macabro 31
de agosto de 2016 na votação do impeachment da Presidente Dilma ou daquele
macabro sábado, 07 de abril de 2018, quando o Presidente Lula ‘entregou-se’ a
prisão. Em uma e outra situação fiquei mais de uma semana com dificuldades para
redigir mais livremente um texto.
Outra marca que esses
dias temerosos imprimem em mim: a abstinência de ler ou ouvir notícias. Era
viciado em rádio e jornal. Hoje busco jejuar mentiras da imprensa hegemônica.
Isso traz consequências. Ficamos desinformados também das boas notícias. [...]
Outra consequência da
renúncia a notícias é que nos fazemos alienígenas na nossa pátria. Eu, que me
considero instruído, tenho uma imensa dificuldade de entender o sistema
judiciário brasileiro. Que não entenda como nos Estados Unidos o candidato mais
votado possa não ser o eleito... vá lá. Agora como o Gilmar Mendes solte quem
lhe dá na veneta é muito complicado. Assim, quando o Cunha fez tramitar o
impeachment da Presidente de Dilma não se afigurou golpe, pois se dizia ser um
‘impeachment constitucional’ logo legal. Assim não cabia manifestação
contrária. Ledo equívoco.
Desde 31 de agosto
2016 todas as minhas palestras — e já superam a centena — e nas bancas que
participo se iniciam com ’Fora Temer, o
ilegítimo e corrupto!’. Agora, adito
‘Lula livre!’ [...]
Tento fazer o
posfácio que me foi solicitado. Não vou considerar o Priberam que diz: Posfácio:
Advertência colocada no fim de um livro.
Desejo ir um pouco além de uma lapidada advertência que podia ser trazida ao
final deste livro tal como: Ratifico os organizadores e
autores: Este livro mostra como um governo golpista e corrupto pode destruir
sonhos e dilacerar políticas educacionais significativas construídas em tempos
democráticos. Democracia também faz bem à Educação.
[...] Acredito que a
qualquer leitor que chega a este posfácio, depois de ler uma dezena de
capítulos precedentes sabe o que lhe cabe enquanto se anuncia que livro terminou. Como o ‘ite missa est’ não encerra a missa, se
espera sonhadoramente que os fiéis levem o ‘ensinado’ mundo afora...
Este posfácio não é
para manifestar júbilo pelo término de um livro e muito menos para destacar o
que ele tem de mais sumarento — isto os organizadores fazem texto preambular —
mas com muita esperança, se deseja que este texto catalise ações para sair a
semear propostas para pensar que vamos fazer para recuperar o que foi e está
sendo demolido pelo golpismo. Mas, como se verá um pouco adiante muitas das
sementes a semear foram modificadas e se fez delas sementes estéreis em uma
segunda geração, assim como agem gananciosamente as grandes sementeiras
apátridas. Aliás, ‘eles’ usam a mesma enganação que a Monsanto (ora se
transmutando em Bayer) relendo Organismos
Geneticamente Modificados OGMs como Organismos
Geneticamente Melhorados.
[...] Os sinos
dobrando a finados que faz este POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL PÓS-GOLPE tornar-se
um livro muito mais uma narrativa de um passado frutuoso muito próximo e
funéreo. Mas há que laborar com utopias. Este livro pode e deve catalisar
experiências buscando a emancipação de alunos do ensino médio mesmo que esses
fazeres se constitua até em atos de desobediências arrojadas. O livro para o
qual se tece este posfácio se constitui, também, em excelente antídoto a uma
praga que insiste em proliferar: a Escola sem partido.
[...] O que não
podemos fazer é sepultar sonhos por meio de nossas continuadas tentativas de um
Ensino Médio Politécnico, em que o principal elemento conceitual beneficiário seja
a construção do processo emancipatório dos sujeitos estudantes, procurando entender
tal concepção inserida na perspectiva de uma educação integral. Sonhar é
preciso. Assim, sonhemos!
Quando muitos
sonharem juntos os sonhos se transformarão em realidades.
Attico Chassot,
na Morada dos Afagos,
ainda condoído pelo 7 de abril de 2018,
dia da prisão do Presidente Lula,
talvez o dia mais triste da história recente.
Querido amigo,
ResponderExcluirde fato, "há de se laborar com utopias". Nestes tempos de "Escola sem partido" e desmonte sistemático da Educação cumpre robustecer a potência desobediente, a despeito das tristezas que nos acometem. Gostei do texto. Lúcido, porém com a convicção de um futuro sublime, mesmo que tarde em chegar.
Meu querido Guy,
Excluiracabo de receber de uma professora da FURG, do campus de São Lourenço do Sul. a propósito de palestra que farei lá dia 08 de agosto:
Em primeiro lugar quero dizer que a sua vinda aqui será importante marco de esperança, de luta e resistência, pois na segunda-feira 16/julho a Câmara de vereadores de SLS aprovou o Projeto de Lei Escola sem Partido, desde então estamos em um intenso movimento de pressão para que o prefeito vete o referido projeto. Os professores do município que estavam organizando suas feiras do conhecimento, trabalhando a partir da realidade local, pontuando os problemas socioambientais vividos no âmbito municipal estão com medo da aprovação por parte do Prefeito. Entendemos que este não é um problema pontual de SLS e sim um problema Nacional.
Não podemos nos entregar
Um abraço solidário do teu camarada e eterno aluno
ResponderExcluirMeu querido amigo Guy,
Excluirprimeiro obrigado por aceitares participar do debate no EDEQ ULBRA.
A sugestão de teu nome foi do Joel.
Prometemos que vamos dar o nosso melhor
Certamente uma obra para ler, reler e refletir sobre "Ensino, o que ensinar? Ou seria, como aprender?". Sou da turma que sonha um Ensino para a Emancipação dos sujeitos.
ResponderExcluirAbraços, caro Mestre!!!
Meu caro Vanderlei,
Excluirobrigado pelo teu comentário.
No meu posfácio sem iluminuras cito o teu livro que prefaciei.
saudades nestes dias julinos tão opressores,
afagos no teu trio
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrezado professor, precisamos de muitas obras como esta e de muita resistência neste período nefasto!
ResponderExcluirGostaria de adquirir o livro, mas não consigo encontrar em livrarias virtuais ou físicas. Somente após o lançamento na ANPED estará disponível?
Estimada Cristina,
Excluirrealmente os dias são opressores e nefastos.
Amanhã à noite me informo e te passo a notícia,
com estima
Prezada colega Cristina!
Excluiro livro é da editora Metodista. Será preciso localizares no site da mesma teu pedido
Agradeço muito pelas respostas e espero conseguir adquirir o livro.
ExcluirCom estima,
Cristina
Meu tão bom senhor e amigo Áttico! Permita-me dizê-lo desta forma em homenagem a Antonio Conselheiro. Tuas palavras, meu amigo, me trazem à memória as mesmas doloridas sensações de 07 de abril: "(...) é que nos fazemos alienígenas na nossa pátria." O Golpe - maldito seja! - tirou-nos alegria, dignidade e esperança. Sim, matou-nos por dentro, enquanto não conseguirmos extirpar suas consequências de aniquilar a maior parte de nosso povo, já que o Brasil daquela decisão maldita, é pensado para menos da metade da população atual. Compartilho de teus sentires e de toda a dor estendida à nossa gente, de todos os cantos das enormes diferenças e particularidades do gigante e rico Brasil, desejado para poucos que querem exterminar a maioria. Isto nos é tão claro, que às vezes, diante de manifestações que defendem o golpismo, sinto-me tão cansado, a ponto de evitar e sair sem falar. É tamanha minha indignação, que não raro, não tenho forças para me expressar. Confesso também, que esta atitude pode dar a entender que aceito a absurda defesa do Golpe - maldito seja, três vezes seja maldito!!! - mas é o mais puro sentimento de repúdio pela abjeta situação. Nossa, desabafei como nunca agora, não é meu amigo!? Meu abraço pelo contato por e-mail.
ResponderExcluirMeu querido amigo Élcio!
ExcluirEstamos silentes [por esta (ex)(in)tensa conjunção julina] mas não nos esquecemos.
Até bradamos céticos e/ou crentes que “Deus nos acuda!” (by Adriana)
O Canadá foi também uma dolorosa experiência devido a cruel e sórdida politica de Estado, ainda recente, de ‘fazer os indígenas cidadãos’ modelados por igrejas (anglicana, católica, presbiteriana, metodista).
Isto está no blogue do dia 13, que sei que os tempos de Bienal do Livro te impedem de visitar. Aliás só dá uma espiadela (blogue do dia 20) no livro que será lançado amanhã à noite aqui em Porto Alegre.
Mas esta mensagem era apenas para te desejar sucesso na Bienal do Livro e a saudade traz assuntos que deveriam ser interditos.
Uma vez mais que “Deus nos acuda!” e uma Bienal do Livro muito exitosa