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sábado, 17 de fevereiro de 2018

17.- Uma volta difícil à ditadura vergastada.


ANO
 12
FÉRIAS 2018
Www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3341



Esta é a quinta e última edição da série ‘Férias em Lisboa 2018’ que circula sábado, dia 17 de fevereiro, quando a posto no aeroporto Humberto Delgado (ou aeroporto da Portela).  A rua de Sol ao Rato,24 deixa de ser a ‘nossa casa’. Devemos partir às 11h [hora local (09h no horário de Brasília)] para chegar, em voo direto, (e isso é o melhor da viagem!) em Porto Alegre, em torno das 20h30min.
Dos nove dias, que desde a sexta-feira a Gelsa e eu fruímos na capital portuguesa, nesta edição conto algo dos dois últimos: a quinta-feira, dia 15, e sexta-feira, dia 16, os outros sete dias comentei nas edições anteriores.
A
palavra-chave de nossa quinta-feira foi ‘Oceanário’. Antes de falar do Oceanário de Lisboa, com seus 8 mil organismos vivos de 500 espécies diferentes, quero afirmar que o preâmbulo a seguir não quer em nenhum momento desestimular a sua visitação. Ao contrário: vale a pena conhece o Oceanário e recomento enfaticamente.
Nós estivemos no Oceanário de Lisboa em 2000, então tido como a joia da coroa que tinha sido construído como o cartão de visita para a Exposição de 1998 — a badalada última exposição internacional do segundo milênio. Nestes 18 anos fantasiamos (e fizemos crescer em nosso imaginário o que tínhamos visto então). Na quinta-feira vimos que havia exageros em nossas imaginações. A visita foi decepcionante: primeiro, nos pareceu que não houve significativas inovações; não encontrarmos, nas mais de três horas de nossa visita, algum pessoal técnico para responder perguntas que eram um pouco menos triviais do que ‘por que os tubarões não predam outros peixes?’; nos pareceu difícil compartirlhar a visita com centenas de crianças que pareciam não terem sido preparadas para fruir um tão valioso museu (e não nos referimos a estar em um momento em elevador com talvez duas dezenas de lindas crianças de dois anos de idade, em vista ao Oceanário); e, nos sentirmos  ‘enganados’ na aquisição de ingressos para a exposição temporária ‘florestas submersas’ que na verdade eram lindos jardins submersos, em grandes aquários, que  em muito pouco remetiam a florestas.
Repito: estas três críticas não tiram o valor de uma visita ao Oceanário de Lisboa.
Eu, em muitas situações, sou surpreendido com aquilo que denomino como ‘o mistério dos encontros’. Não raro surpreendo-me com estar sentado ao lado de outro passageiro, em um ônibus ou avião, e desencadear uma conversão que parece indicar que nos conhecemos por toda vida, que faz a viagem parecer curta. Claro que há situações que o diálogo não passa de um quase sumido ‘bom dia’.
Não é sem propósito esta trazida aqui. Na outra sexta-feira, quando chegamos de nossa viagem transatlântica, nossos anfitriões, Teresa e Joe, nos apresentaram Maria Viegas, uma amiga portuguesa que conheceram em Moçambique. Conversamos um pouco com ela em meio ao reencontro com nossos anfitriões. Maria disse que nos telefonaria para talvez fazermos algo em nossa programação turística.
Na quarta-feira, ela nos convidou para no dia seguinte jantarmos juntos. Proposta aceita. Na noite de quinta-feira, veio buscar-nos com o seu esposo Albano. Eles nos convidaram para atravessarmos o Tejo, pela ponte Vasco da Gama e conhecer uma pequena aldeia de pescadores. Depois de 35 km, (5 dos quais na moderna ponte) estávamos na simpática Alcochete. Saboreamos no restaurante um gostoso peixe regado a excelente conversa sobre as ditaduras em Brasil e Portugal e os assombros que nos atemorizam com o Brasil de hoje. Após a janta caminhamos pelo cais olhando os barcos de pescadores e conversando como velhos amigos. Concretizava-se o mistério dos encontros.
A sexta-feira surge com uma marca: curtir o último dia. As alternativas eram muitas. Optamos pelo Museu Nacional de Arte Antiga. Vimos pinturas, esculturas e artes decorativas portuguesas e europeias desde a Idade Média até o Século 19 incluindo um significativo número de obras como ‘tesouros nacionais’. Instalado no Palácio dos Condes de Alvor às Janelas Verdes, o MNAA e o seu jardim (com restante e esplanadas) gozam de um excepcional vista sobre o Rio Tejo e o porto de Lisboa.
Fomos mais uma vez almoçar no Mercado da Ribeira onde agora, conhecendo melhor a proposta de popularizar produções dos melhores chefes lisboetas em um mercado, soubemos fazer melhores escolhas gastronômicas.
Agora, voltar. Depois de viver estes oito dias em um país onde todas as pessoas com quem falamos, especialmente quase uma dezena de taxistas, referem o que significa viver em uma democracia onde o povo está melhor porque o presidente e o primeiro ministro governam bem, é complicado voltar ao Brasil, que mesmo com o alerta feito por uma escola de samba como a Paraíso da Tuiutí, o presidente corrupto e ilegítimo faz intervenção em unidade federativa e planeja criar um ministério da segurança nacional para vergastar ainda mais a democracia.

2 comentários:

  1. Caro Mestre, és um privilegiado em poder estar num lugar em que se respeita a cidadania. Quando lanço olhar panorâmico nestas terras brasileiras reflito com a seguinte questão: Será que estamos assim (contexto social) porque há abundância de riquezas, absolutamente concentradas???
    Saudades.

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  2. Chassot, meu amigo! Enquanto lia tua blogada deste 17/2, pensava na famosa fala: a grama parece mais verde do lado de lá. Outro dia desses lia uma matéria comentando as coisas desencontradas de pontos turísticos pelo mundo e as orientações para a preparação do visitante: nem tudo é o que se pensa! Bem, continuando na leitura, vejo que a tal volta por cima é tua companhia, até para encontrar as melhores coisas nas frustrantes experiências. Gostei muito da narração sobre as crianças de 2 anos. Se os olhos adultos se cansam de ver, aqueles olhos dos pequenos devem ficar tão impressionados que não se cansam. De tudo, importa é quem lá esteve e pode contar do que viu e do que gostaria de ver, de ouvir e ser ouvido. Boa volta para o nosso tumultuado Brasil, porque nossa lágrima é verdadeira! Élcio

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