ANO
11 |
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
3286
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Nesta Sexta-feira Santa,
que para Gelsa e para mim terá 30 horas, já estamos em viagem de retorno. Deixamos
Agria, rumo à Volos, um pouco depois das 6h. Após, fizemos uma viagem, em
ônibus, de cerca de quatro horas de Volos à Atenas. É no aeroporto da capital
grega, antes da longa viagem de rumo à Paris / Guarulhos / Porto Alegre, redijo
essa blogada. Esse fazer é também um entretimento para mais de 33 horas de
viagem.
Neste cruzar mais uma vez
o Atlântico, a emoção maior desta viagem aconteceu no dia de ontem: fiz a tão
sonhada viagem a Meteora. Se fosse chamado a opinar por alguém que dispõe
apenas um ou dois dias para fazer a viagem de sua vida, eu diria: vá a Meteora.
Claro que, à minha
recomendação faria preceder uma advertência: é preciso estar em boas condições
físicas. Eu já descera 820 degraus em uma visita à mina de sal de Wieliczka, em Cracóvia; vivi uma quase tortura
psicológica em Aschwitz e
Birkenau; fiz escaladas na Muralha da China; caminhei quilômetros em
Petra, na Jordânia. As exigências de ontem superaram a tudo. Em mais de um momento remeti, em pensamento, minha gratidão à Luciana e Márcia, co-responsáveis pelo minha preparação física.
Meteora, mesmo com muitas exigências, valeu a pena, e gostaria de repetir. Se fosse possível, amanhã gostaria de voltar. Afinal, porque estive em apenas dois dos seis mosteiros. Aliás, aceitaria ver os mesmos dois novamente.
Meteora, mesmo com muitas exigências, valeu a pena, e gostaria de repetir. Se fosse possível, amanhã gostaria de voltar. Afinal, porque estive em apenas dois dos seis mosteiros. Aliás, aceitaria ver os mesmos dois novamente.
Trago algumas evocações ajudados
por escritos que estão presentes na Internet. Não saberei fazer muito diferente
daquilo que estudiosos já louvaram. Para mim, Meteora é inenarrável. Pode-se
experimenta-la, para sabe-la um pouco.
Meteora (em grego:
Μετέωρα, "meio do céu") é um dos maiores e mais importantes complexos
de mosteiros do Cristianismo Ortodoxo, superado apenas pelo Monte Atos —[ver box ao final] —. Os seis mosteiros foram construídos sobre pilares de rocha
de arenito, na região noroeste da planície da Tessália, próximo ao rio Peneu e
às montanhas Pindo, na Grécia central. O maior pico em que se localiza um
mosteiro tem 550 metros. O menor, 305 metros.
Apesar de ser desconhecida
a data de fundação de Meteora, crê-se que os primeiros eremitas se
estabeleceram em cavernas no século 11. No final deste e início do século 12,
formou-se um estado monástico rudimentar centrado à volta da Igreja de
Theotókos (mãe de Deus). Os monges eremitas, procurando um refúgio seguro à
ocupação otomana, encontraram nos rochedos inacessíveis de Meteora um refúgio
ideal. Foram construídos mais de 20 mosteiros.
Atualmente existem apenas
6; os seis mosteiros são: Megálos Metéoros (Grande Meteoro ou Mosteiro da
Transfiguração), Varlaam, Ágios Stéphanos (Santo Estêvão), Ágia Tríada
(Santíssima Trindade), São Nicolau Anapausas e Roussanou. Visitei os dois
primeiros apenas. Dos quais o de Santo Estêvão, o único feminino.
O acesso aos mosteiros era
feito por guindastes e apenas em 1920 foram construídas escadas de acesso. Em
1988, este monumento com montes e vales revestidos com florestas foi classificado
Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Talvez, o mais exótico
deste conjunto de edificações é que os mosteiros se aninham ao alto de torres de
rochas cinzas, que estão sendo esculpidas pela erosão há milhares de anos.
Tento uma comparação brasileira. Aquelas formações rochosas que há no Paraná,
próxima a Ponta Grossa, que se parecem cálices moldados pelo capricho dos ventos
milenares poderia ter sobre elas um automóvel. Em Meteora, há torres assemelhadas
que brotam nos planaltos e têm sobre elas várias construções que formam um
mosteiro. Há informações que análises químicas sugerem que as formações
rochosas onde Meteora foi construída apareceram 60 milhões de anos atrás por
meio de erosão fluvial.
Os primeiros Mosteiros de Meteora
foram fundados no século 14, foram construídos a fim de escapar dos turcos e
dos albaneses na época da guerra.
Nossa primeira visita foi
ao Mosteiro Agios Stefanos (Santo Estevão) construído na primeira metade do
século 15 e Santo Filoteos (meio do século 16) são ambos honrados como os
fundadores deste monastério. A pequena igreja de Aghios Stefanos é uma basílica
de ala única, construída em 1350. Ícones do período pós-bizantino, vestes
sacerdotais e telas bordadas a ouro, com finas peças de prata podem ser
admirados quando da visita. O seu imponente Santo Altar é utilizado como um
museu moderno com as mais impressionantes heranças da igreja.
Mosteiro da Transfiguração
ou Grande Meteoro foi a nossa segunda visita. Aqui diferente de São Santo Estevão
há sequência de escadaria exigindo a subida de dezenas de degrau, pois está localizado
em extenso e elevado planalto. Foi criado em 1340 por Aghios Athanassios
Meteoritis (1302-1380). Athanasio, expulso do Monte Athos, com vários seus fiéis
fundou o grande mosteiro de Meteora.
Há a possibilidade de se
visitar o Museu da Arte com ferramentas e aparelhos antigos, em sua maior parte
em madeiras centenárias. O ossuário, a igreja da Transfiguração de Jesus, o
santuário foi construído em 1388 e a igreja principal, em 1545, o Altar central
foi construído em 1557 e hoje em dia, há um bem organizado Museu da Herança da
Igreja e uma cozinha de 1557 formando o Museu do Folclore com peças de cobre
antigo, de barro e utensílios de cozinha e de agricultura, de fiação, moagem e
produção de vinho em madeira.
Há muito mais há narrar. O
texto está grande e há limitação. Preciso registrar meu agradecimento ao
Stamati, referido nas duas edições anteriores, ao seu sogro, que além de ter-se
mostrado na terça-feira em competente cantor e violoncelista é excelente motorista
e a Cristina, a arqueóloga que soube responder às minhas perguntas. Minha
gratidão muito especial às seis colegas do MES9, de seis países diferentes, que
foram excelentes parceiras no fruir de maravilhas que nos fizeram distinguidos
pelas belezas percebidas.
O
Monte Atos (em grego Όρος Άθως) é uma montanha e península na Grécia. É
patrimônio mundial da UNESCO, constituindo-se também como entidade política
autônoma da República Helênica, governada por um Conselho Teocrático da Igreja
Ortodoxa Grega. Na atualidade, os gregos usam a expressão "Montanha
Sagrada" (em grego Άγιον Όρος) para se referir ao Monte Atos. O Monte Atos
abriga vinte mosteiros greco-ortodoxos sob direta jurisdição do patriarca de
Constantinopla. O nome oficial da entidade política é Estado Monástico Autónomo
da Montanha Sagrada. Esta Região, Província ou Território Dependente da Grécia
possui cerca de mil habitantes, todos do sexo masculino, sendo vedado o
ingresso pessoas ou animais do sexo feminino.
Mestre Chassot, imponente e sábio em sua narrativa, vivida e sentida, por nós, meros espectantes distantes e ao mesmo tempo, presentes.
ResponderExcluirMeu incógnito leitor!
ResponderExcluirNão te identificaste!
Levanto hipóteses,
Obrigado pelas palavras prenhes de generosidades. Alegro-me que tenhas aproveitado de meu narrar a inenarrável Meteora.
Muito querida Sarah,
Excluirminha jovem leitora que incógnita honrou-me com um comentário e que por lances de detetive terminei por identificar e que espero reencontrar quando, for a São Jose dos Quatro Marcos, a convite do seu pai Prof. Gedson.
Obrigado pelo comentário e meu orgulho por tê-la como leitora.
Com admiração, achassot
Ao sorver o narrar do mestre sobre parte de sua vivência junto a aspectos da cultura e da história de nossos antepassados ocidentais não posso me furtar da reflexão que me acomete, além da imensa gratidão na partilha de suas experiências: Cultura tem um alto custo social = conhecimento sobre a história. Será este o motivo que o sistema negligencia seu acesso a simples mortais?
ResponderExcluirCom saudades,
Lúcia, Giovana, Luvander e Vanderlei.
Muito queridos Lúcia, Giovana, Luvander e Vanderlei,
ResponderExcluirhá gratidão remota aos gregos por ensinarem ao mundo ocidental a pensar. Há agradecimentos próximos por lições de fraternidades recebidas por pessoas como vocês quatro.
Por tal obrigado Lúcia, Giovana, Luvander e Vanderlei.
Atico, estou sentada numa mesa de restaurante em Atenas lendo para o Ole o seu relato sobre meteora. Estamos encantados com os detalhes.
ResponderExcluirEspero que tenha feito boa viagem de retorno.
Amanhã começamos a nossa volta.
Um abraço do Ole e meu
Muito querida Miriam,
ResponderExcluirsenti-me distinguido ao saber que tu e o Ole leram meu texto em um restaurante em Atenas.
Quase me reconheci como um Homero pós-moderno.
Obrigado pela distinção
achassot
Estimado amigo e Mestre Chassot!
ResponderExcluirQuanta alegria ler sobre Meteora e saber que você e a Gelsa tiveram a oportunidade de desfrutarem momentos especiais nesse lugar mágico/sagrado. Certamente a experiência de conhecer Meteora não cabe no papel. Aliás, algumas coisas precisam ser vividas, pois não há palavras suficientes para se descrever algumas experiências e o sentimento que nos evoca. Visitei Meteora em Janeiro de 2008. Compreendo as emoções vividas por vocês naquele lugar... A sua descrição me fez lembrar o momento que parei para observar o pôr-do-sol lá de cima... estava na frente de um dos Monastérios (achava que eram cinco apenas!), vivenciando um experiência única que me fazia questionar: por que eu? O que fiz nessa vida para receber tamanha recompensa... Abraços afetuoso a você e a Gelsa. Com saudades e estima,
Vinícius.