ANO
9 |
Porto Alegre / Guarulhos / Paris /
Berlin
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EDIÇÃO
3004
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Nesta terça-feira a Gelsa e eu estamos partindo para uma viagem
internacional. Vamos mais uma vez cruzar o Atlântico, rumo à Europa, destino
mais usual de nossas viagens. Primeiro vamos a Berlin, aonde a Gelsa tem, por três
dias, compromissos acadêmicos. Depois estaremos em férias, ainda em Berlin e
depois uma semana na Polônia (nossa primeira vez neste país) e a seguir alguns
dias na França. Voltamos em 04 de fevereiro.
Em blogada anterior (07JAN2015) acatei sugestão — mesmo que o
blogue não seja mais diário —, contar um pouco destes dias de viagens, em pelo
menos cinco blogadas. Uma genérica (e preliminar) acerca de viagens — é esta de hoje — e quatro outras, uma de
cada uma das quatro cidades que visitaremos. Assim, as emoções serão
socializadas com excertos do conhecido diário
de um viajor.
Quando em 2012, publiquei Memórias
de um professor: hologramas desde um trem misto, reservei um dos cinquenta
capítulos para falar de minhas viagens internacionais. Hoje, pelos meus
registros começo a minha 30ª viagem internacional. Comecei tardiamente, mas
depois que tomei o gosto, quase a cada ano fiz uma viagem internacional.
Comecei apenas em 1989. Fiz, então, a minha primeira viagem a
Europa. Entusiasmado pela Gelsa, presenteei-me, pelo meu 50º aniversário, com uma
primeira viagem ao exterior. Estou subtraindo
deste computo alguns cruzares de fronteiras, anteriores a 1989, em breves
incursões a quatro países vizinhos (Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia). Se
computadas tais, a rigor, minha primeira viagem internacional, foi — ainda
menino — nos começo dos anos 50s: fui com minha mãe e meu irmão Sirne, de trem
desde Montenegro à Uruguaiana (como filho de ferroviário, quando meu pai estava
de férias tínhamos passe livre nos trens da VFRGS), e então cruzamos a ponte
internacional e fomos a Paso de los Libres, na Argentina. Recordo da conversão
cambial, que exigia multiplicar por 1,80, e eu logo vi a facilidade de
multiplicar por dois e subtrair dois décimos. Compramos alfajores e passas de uva, também farinha de trigo (que se dizia ser
mais pura que nossa) e azeite de oliva.
As narrativas de viagens foram, em priscas eras, instrumentos
para mostrar aos outros aquelas terras conhecidas pelos poucos que se
aventuravam em “arrostar mares nunca
dantes navegados”. Entre estas são famosas as narrativas de Marco Polo,
segundo alguns um personagem ficcional. Há, em muitas culturas, ainda em tempos
hodiernos, o hábito de se valorizar esse gênero literário. Parece que, entre
nós, esse nicho de escrituras de viagens ainda não goza de muita aceitação. Há
alguns títulos publicados que nos levam a devaneios e viajar com o autor.
Eis um informe da 1ª
viagem: jul/ago de 1989: Entre 1º de julho e 7 de agosto fizemos aquilo que
faz um marinheiro de primeira viagem (eu, no caso, pois a Gelsa já havia morado
na Europa): estivemos em nove países viajando de trem. Começamos em Paris,
fomos a Bruxelas, Amsterdam, Berlin (ainda dividida entre a República Federal
da Alemanha e a República Democrática Alemã), Colônia, Munique, Bonn, Heidelberg, Luxembourg, Salzburgo, Viena, Praga (na então, Checoslováquia, antes da separação desta em dois países) Lucerna,
Veneza, Florença, Roma, Vaticano e Paris. Foi maravilhoso ver ‘ao vivo’ muito
do que havia conhecido em minhas leituras e estudos de geografia. A França, que foi ponto de chegada e de partida, festejava
então o Bicentenário da Revolução Francesa. O primeiro contato com Paris se deu
na rue Gay-Lussac, que para um professor de Química era significativo. Foram
dias de emoções muito fortes.
As outras 28 que medeiam
aquela primeira e a 30ª que começa hoje foram muito diversas. Mesmo que a
Europa tenha sido a preferida houve outras memoráveis. Assim na América já
estive doze países: Argentina (várias vezes), Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia,
Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana Inglesa, México (três vezes) e
Estados Unidos. Na Europa já amealho além dos nove países da 1ª viagem outros treze:
Portugal, Espanha, Reino Unido, Grécia, Turquia, Bulgária, Croácia, Eslovênia, Dinamarca,
Suécia e Rússia. Na Ásia estive 8 países: Tailândia, Cingapura, Malásia, China,
Hong Kong (em 1997, ainda não pertencente à China), Israel, Palestina e
Jordânia. Na África, em quatro: Marrocos, África do Sul, Tunísia e Egito.
A Polônia onde devemos estar na próxima semana deverá ser meu 47º
país que visitarei. Sobre esta viagem que começa nesta terça, quero
compartilhar quatro edições nos próximos dias, iniciando com Berlin. Obrigado
pela companhia. Encerro lembrando que o
"Bom viajante não é o que não
sabe para onde vai, mas o que sabe de onde veio!"
Lin Yutang [(1895-1976)
Escritor e filologista chinês nascido em Changzhou. Estudou nas
Universidades de Shanghai, de Harvard e de Leipzig. Foi professor na
Universidade de Beijing. Viveu quase meio século nos Estados Unidos e sua
significativa obra literária significou uma ponte entre vazio cultural
existente entre o Ocidente e o Oriente].
Estaremos juntos, Mestre. Um excelente proveito. Grande abraço...
ResponderExcluirSoneto-acróstico
ResponderExcluirÀ viagem
Um dia nomadismo acode o homem
Manda-lhe a vontade de deixar o solo
Diante daquilo seus entraves somem
Invade-o a síndrome de Marco Polo.
Apenas suas malas arruma então
Deixando seu lar assim como está
Embarca rápido no próximo avião
Partindo para longe, distante, acolá.
Assim munido de vasta curiosidade
Revela-se um observador viajante
Trotando indene de cidade a cidade.
Indo cada vez muito mais adiante
Deleita-se com essa nova liberdade
A cada dia num lugar mais distante.
boa viagem, mestre! Nesse ano que passou, pude fazer, a trabalho, minha primeira incursão fora do país (Libres e Rivera não contam!). A trabalho, fizemos uma girada pela Espanha, vendo sistemas de tratamento de esgoto sanitário que empregam plantas aquáticas (o bom e velho junco, aquele cujas sementes voadoras formam um charuto ao redor do caule). De Madrid a Burgos, passando rapidamente (demais pro meu gosto) por Salamanca, indo a Toledo (linda cidade, referências a Cervantes e El Greco a mil), Sevilla (me emocionei ouvindo "Sons de Carrilhões", de João Pernambuco, obra clássica para violão, tocada em frente à imensa catedral da parte antiga da cidade), várias cidadezinhas pequenas, encerrando em Madrid nas vésperas do jogo da Eurocopa entre os grandões espanhóis, aquele que se realizou em Lisboa. Uma hora vou colocar meu diário de bordo no blogue... Abração e excelente viagem!!!
ResponderExcluirMuito estimado colega e amigo Guto
ExcluirLeio teu saboroso comentário em Berlin, onde estou em evento no Max Planck Instute que precede minhas três semanas de férias na Europa. O Breve relato de tua estância na Espanha me evocou saudades. Destaco a tua passagem na Andalucia, onde vivi em 2002 uma memorável semana santa, Preciso aprender sobre alternativas ecológicas estudadas na Cataluña que referes.
Dá gélida Berlin um abraço a tórrida Porto Alegre.
Boa viajem e boas blogadas!
ResponderExcluirChassot,
ResponderExcluirestou expectante pelas tuas aventuras na Polônia. Abraços em ti e na Gelsa