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sábado, 10 de julho de 2010

10.- Mulheres da África


Porto Alegre Ano 4 # 1437

Uma manhã que anuncia um sábado de clima agradável. Um fim de semana marcado pelo retorno ontem da Gelsa de Salvador, onde foi painelista do X ENEM. Há sabores de uma amostrinha de férias de julho.

Está manhã participamos da outorga à Ana Lúcia pela Associação Brasileira de Odontologia do título de especialista em Odontopediatria. Durante 2,5 anos ela fez o curso e ontem apresentou a monografia Prevalência e distribuição de traumatismos na dentição decídua em pré-escolares de 3 a 5 anos no município de Estrela- RS. A Ana Lúcia, cirurgiã-dentista e mestre em Clínica odontólogica materiais dentários, tem consultório em Estrela, junto com seu esposo Eduardo Schorr. Ela, para muito orgulho de seu pai, é também professora na Faculdade de Odontologia da UNISC em Santa Cruz do Sul. Esta manhã, após a cerimônia na ABO-RS, vamos ao restaurante Panorâmico da PUCRS para confraternização que as novas especialistas – Ana Lucia, Camila, Estela e Roberta – oferecem aos professores e familiares. Na foto a mãe do Guilherme, na gostosa expectativa do Felipe, para quando setembro vier.

Um sábado que a África ainda está muito em nós. Um bom saldo dessa Copa – que para ela é uma dívida bilionária – seria que nós não a esquecêssemos. Nesta blogada sabatina onde se traz dicas leituras, sigo o que fiz nos de mais sábados copeiros. Falo de livros escritos por africanas, que nos trazem outras leituras desse mundo mítico onde estão também nossas origens. Hoje remexo no baú que contém resenhas do tempo que escrevia para o Leia Livro. Li o livro e escrevi esta resenha em 2004. Requento um pouco.

Espero que curtam Amêndoa: um relato erótico ou como no original francês um relato intimista. Este livro é considerado pela autora um brinde à saúde das mulheres árabes. Nedjama, que é uma delas, diz que retoma a palavra que há muito foi / é confiscada sobre o corpo.

Amêndoa: um relato erótico. NEDJMA. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. 207p. [Tradução do francês: L’amande: Récit intime por Adalgisa Campos da Silva] ISBN 85-7302-636-7

Nedjama é o pseudônimo de mulher que tem cerca de 40 anos, da qual, em uma das orelhas do livro, se informa viver em um país do norte da África, que se pode depreender, da ambientação de Amêndoa, possa ser Marrocos. O livro vendeu na França, em poucos meses, mais de 20 mil exemplares e logo teve vendido os direitos de tradução para outros 13 países. A edição brasileira é uma esmerada produção da Editora Objetiva.

Amêndoa é a história das diferentes etapas da vida de uma mulher muçulmana, desvendando suas aspirações e seus segredos mais íntimos. Talvez a mais adequada metáfora para descrever esse livro é que Nedjama retira os muitos véus e as muitas vestes que cobrem o corpo das mulheres islâmicas, corpo que deve permanecer invisível ao mundo exterior, para permitir a nós leitores, espiarmos pela janela que se abre à intimidade e à sensualidade destas mulheres que são apagadas pela dominação.

Este desvelar-se é feito pela voz de Badra, uma mulher de 50 anos que nos conta uma história sensual e pungente, que começa na infância, quando vivia despreocupada em sua aldeia, seguida do casamento imposto com homem muito mais velho, o qual rejeita, fugindo para a cidade grande. Surge então a libertação de Badra, especialmente quando descobre Driss, médico da alta sociedade de Tanger, que se torna, gradativamente, um possessivo amante. Ambos nutrem uma relação amorosa intensa, com generosas reciprocidades, mas prenhe de conflitos e tensões.

É um livro ardente e contundente, erotismo forte. Muito interessante para se conhecer o que realmente existe no universo feminino árabe protegido por véus e burcas. Eis um trecho do Livro : "Felicidade? Felicidade é fazer amor por amor. É o coração quase explodindo de tanto palpitar quando um olhar único pousa em sua boca, quando uma mão deixa um pouco de seu suor atrás de seu joelho esquerdo. É a saliva do ser amado que lhe escorre na garganta, doce, transparente. É o pescoço que se alonga, desfaz seus nós e seus cansaços, vira o infinito porque uma língua o percorre em toda a sua extensão. É o lóbulo da orelha que pulsa como um quadril. São as costas que deliram e inventam sons e arrepios para dizer ‘eu te amo’".

A marca maior de Amêndoa está no fato de pela primeira vez uma mulher muçulmana - e por isso a obra ainda é publicada sob pseudônimo - se exprimir com liberdade sobre sua vida mais íntima, através de um romance cheio de volúpia, marcado pela reapropriação, feita pelas mulheres árabes, da palavra e do corpo. Só isso já seria um bom motivo para saborear Amêndoa.

Com votos de boas leituras e um muito bom sábado a cada uma e cada um. Amanhã, há expectativa de estarmos aqui.

6 comentários:

  1. Bom dia Professor!
    Minhas expectativas não foram em vão!
    Realmente uma delícia de livro!
    É estranho tentar entender as diferenças de costumes que existe entre ocidente e oriente, entre um país e outro,mas ao mesmo tempo é fascinante perceber que essas diferenças, muitas vezes são 'fachadas', ao menos é o que pude perceber através do pequeno trecho do livro deixado pelo senhor hoje, não que Amêndoa seja fachada, o contrário!Percebe-se o mesmo tipo de mulher de qualquer parte do mundo!Por isso a necessidade da fachada, o pseudônimo.
    Muitíssimo interessante e profundo!
    Mais um que anexarei em minha lista de leituras!
    =]
    Um ótimo e abençoado sábado ao senhor e aos seus!

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  2. Muito querida colega Thaiza,
    realmente foi gostoso para e para mim ter posto o aperitivo de amêndoas ontem. Tão logo postei, trazes um primeiro relato de leitura. Isto é muito bom. Definiste com propriedade: é uma delícia de livro.
    Ele nos leva para um mundo do qual pouco imaginamos: os mistérios das mulheres (árabes).
    Agradeço tua postagem e mais agradeço e retribuo teus votos de um sábio pleno de Paz.
    Com admiração um afago do
    attico chassot

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  3. Muy querido Profesor Chassot,
    Como siempre, una excelente dica de lectura. ¡Ojalá que pueda conseguir este libro acá!
    Como usted suele decir, parte de mi ADN árabe-libanés vibra con la curiosidad de escuchar la voz de Amendoa.
    Que tenga un lindo fin de semana,

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  4. Buenas, Professor.
    Agora após um semestre muito turbulento, com estágios e muitas atividades acadêmicas, estou voltando com mais calma para saborear as leituras diárias de seu blog.
    Realmente a copa está terminando, e o que me deixa em estado de estranhamento é o fato de não sentir nenhuma saudade desta copa. Acho que a mídia estragou a Copa. A explicação seria longa, mas é essa a minha opinião.
    Concordo com o professor, quando diz que precisamos olhar para essa Copa e aprender com a situação africana.
    Quanto ao livro, estou aqui visitando a biblioteca pública da cidade, para ver se encontro um exemplar. Uma obra 'exótica'. Ao ler o comentária da colega Thaíza e a pequena resenha do professor, a minha curiosidade está a flor da pele para poder ler este livro.
    Desejo de um ótimo final de semana.
    Abraços.

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  5. y atenta lectora Matilde,
    gracias por más uno tan significativo comentario en ese blogue. Tu por DNA árabe-libanés tuyo, muchos de nosotros – entre los cuales me incluyo – por ancestralidad de los esclavos negros y/o de judíos sefaradíes, y la humanidad entera tiene raíces en África, Así esas lecturas nos tocan profundamente. Deseo que tenca oportunidad de encontrar el libro en Ecuador; el merece la pena.
    Tenga el mejor fin de semana con los tuyos,
    attico chassot

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  6. Meu caro colega Luís,
    primeiro saúdo o retorno do comentarista que sempre trás contribuições tão preciosas. Será bom, no sonhado pós-copa (... também pós-maratona de final de semestre), tê-lo de novo aqui com mais presença.
    Faço cópia para a colega Thaiza por ter sido queridamente referida)
    Desejo que encontres o livro. É uma leitura que nos ajuda a entender o mundo das mulheres (africanas)
    Um bom fim de semana para ti e para os teus
    attico chassot

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