Ano
11 |
Já circula
Das disciplinas à
indisciplina
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EDIÇÃO
3224
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Primeira mensagem que recebo esta manhã, ainda madrugada: “Depois desta
tramp(e)ada, só falta o Bolsonaro suceder ao Temer e Le Pen ser eleito
presidente da França!” Engulo, qual purgante nauseante. Sem
comentários.
Escrevo esta postagem desde Barreiras, no oeste da Bahia. É a primeira
vez que estou neste agreste baiano de solo inóspito. Cheguei, nesta terça-feira,
8, no meio da tarde, depois de estada de cinco horas em Confins. Fui recebido no
aeroporto pelos professores Sérgio, Neto e Jonatas. Tempo depois estávamos à
margem do subafluente do São Francisco, rio das Ondas saboreando um peixe
ensopado e pirão, junto à advertência de que não alimentássemos os micos.
Estou como convidado da Universidade Federal do Oeste da Bahia para fazer
a abertura e dar um minicurso na III Jornada de Química do Oeste da Bahia. A
palestra de abertura foi ontem ao entardecer e um minicurso: “A arte de escrever Ciência com arte”
será esta tarde e na manhã de amanhã.
A palestra de ontem não teve apenas o exotismo de estar pela primeira vez
em Barreiras. Houve algo muito singular. Estou e não estou na UFOB.
Estou aqui como convidado do curso de Química da UFOB e não vou à
Universidade. Há uma razão: a universidade, como centenas de instituições públicas
de ensino do Brasil está ocupada. Assim, a Jornada ocorre no amplo complexo do
Senai/Sesi de Barreiras. Os participantes do evento e eu somos todos alienígenas
nas magníficas instalações postas a disposição do Curso de Química. A UFOB está
literalmente impenetrável, pois, após ser ocupada a área acadêmica, agora foi
cadeado o acesso à Reitoria.
Este era o clima que encontrei para fazer a abertura do evento. Havia que
me pronunciar, até pela dimensão política do tema que os organizadores do
evento imprimiram a minha conferência. Nossas falas não podem ser anódinas e
assépticas.
Comecei dizendo que lamentava não estar na casa a qual fora convidado e
tinha que falar na casa do vizinho. Disse que não conhecia a pauta local do
movimento, mas sabia que o Oeste Baiano estava em consonância com o movimento
nacional de ocupações de escolas e este eu endossava em suas três dimensões.
1.- A luta pela não aprovação no senado da discriminadora PEC do Teto,
que condena os brasileiros menos aquinhoados a 20 anos de penúria com perda de
muitos ganhos recém havidos no Brasil.
2.- A sustação da reforma do ensino médio, que quer fazer da Educação Básica
uma oficina para formar mão de obra para apertar parafusos nas linhas de
montagem para aumentar os lucros do capital e abandonarmos a pretensão de
formarmos cidadãs e cidadãos que conhecendo Filosofia, Sociologia, Artes
poderão ser mais críticos, contribuindo não apenas para as transformações do
Planeta, mas agindo que estas sejam para melhor.
3.- Impedir a tramitação desta excrecência que é a proposta irrealizável
em um regime democrático da “Escola sem Partido”. Disse, por exemplo, que se já
vigisse a mordaça que se deseja colocar em professoras, professores e estudantes,
uma palestra como a proferiria em seguida não poderia acontecer.
A palestra aconteceu e mais de uma centena de ouvintes a aplaudiram. Houve
perguntas acerca de como se pode formar cidadãos mais críticos. Após muitas
fotos e também concorrida sessão de autógrafos, onde se incluía pela primeira
vez o recém dado a lume Das disciplinas à
indisciplina.
Esta tarde ministro o minicurso. Retorno amanhã. Não chego à Porto Alegre
a tempo de tomar o ônibus da noite à Santo Ângelo. Viajo na manhã de sexta,
para à tarde e à noite estar em seminário no Mestrado em Ensino Científico e
Tecnológico - PPGEnCT da URI de Santo Ângelo, a convite de minha querida
parceira na busca de fazer alfabetização científica Prof. Dra. Neusa Scheid.
Lembro-me do Prof. Correa, do IFRO, que estimulava a seguirmos no profetizar.
jardineiros para o "Cuidar do planeta" formam-se com exemplos desses milhares de alunos que tomam o espaço de escolas e universidades, por direito, conscientemente a fim de lutarem contra atos de um golpista governo que pretende diminuir a educação dos trabalhadores. Que o mestre continue na tarefa de alfabetização científica, pois é disto que se precisa para se perceber o que indivíduos como a turma que assaltou o poder está a fazer e pretende com o povo, contribuinte e pagador da conta. Estudo, ciência, esclarecimento faz bem ao ser possibilitando tornar-se sujeito.
ResponderExcluirGrande abraço