ANO
10 |
EDIÇÃO
3191
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Assunto
não é amigável a um fim de semana. Fujo ao conselho: as amargas, não!
Usualmente, por rádio ou jornal recebemos uma
catadupa de notícias ruins. Nesta quinta-feira demônios estavam em festa por
aqui. Fico apenas no regional: sete homens morrem em um incêndio em um centro
de recuperação na região metropolitana, pois as saídas estavam cadeadas;
acidente de trânsito mata três próximo a Frederico Westphalen; jovem criador de
galinhas, na região colonial tem foto em primeira página, sendo embarcado em avião
pois se comunicara com simpatizantes do Estado Islâmico e poderia estar
associado à ataque terrorista planejado para as Olimpíada; não sei quantos são
assassinados em homicídios, usualmente relacionados à droga. Mas uma notícia me
embarga. É, a meu juízo, a mais fatal.
Vou
ao Priberam — que vejo ser o dicionário da Língua Portuguesa mais consultado na
internet: mais de um milhão de acessos diários, destes eu reivindico ao menos
10 a cada dia — e consulto o substantivo: fatalidade.
1. Força que predispõe os
acontecimentos. 2. Destino inevitável. 3. Qualidade de fatal. 4. [Figurado] Grande
desgraça (que influi em sucessos futuros).
Amplio minha consulta leio também o adjetivo de dois gêneros: fatal
1. Que necessariamente há
de acontecer; que não podia deixar de acontecer. = INELUTÁVEL, INEVITÁVEL,
INFALÍVEL 2. Decidido pelo destino. = FATÍDICO 3. Que causa morte. = LETAL,
MORTAL, MORTÍFERO 4. Que causa danos. = CALAMITOSO, FUNESTO, NEFASTO,
PREJUDICIAL 5. [Direito] Improrrogável, irrevogável.
Mesmo que não creia haver uma força que predisponha
acontecimento que necessariamente há de acontecer convenço-me que a tragédia
que me comove é a mais fatal. A citação de demônios no introito foi um blague.
Foi uma fatalidade que aconteceu a Tatiane Duarte da Silva, 34
anos, mãe de dois meninos de 14 e 4 anos e há 18 casada com um vigilante, ora
despregado. Ela trabalhava há 15 anos em padaria no centro de Porto Alegre.
Como morasse na zona rural, saia de casa pelas 4 horas, pois começava a
trabalhar às 6h. Nesta quinta, saiu do seu local de trabalho para ajudar a uma
amiga da loja ao lado e uma marquise de prédio em reforma cai sobre ela. Morre instantaneamente,
à vista da mãe que trabalha na mesma padaria.
O marido faz sofrido lamento. “Tatiane era meu chão. Sempre me
dizia> ‘Vai a busca do teu sonho que eu seguro as pontas!’ Perdi meu braço
forte. Ela era um anjo.”
Já tinha pré-postado esta edição quando, na noite de ontem
soube, que mais uma senhora, de 59 anos, ferida pela queda da mesma marquise,
faleceu ontem, não resistindo aos ferimentos. Ela viera de Triunfo para visitar
familiar hospitalizado na capital.
Releio as acepções para fatalidade
(e mais uma dezena de sinônimos: fado, tragédia, revés, infortúnio, flagelo, desgraça,catástrofe, calamidade, adversidade, fatalismo) e para fatal. Então
questiono: talvez, demônio existe mesmo? Concluo que anjo da guarda, para quem
muito rezei “Santo Anjo do Senhor, meu
zeloso guardador se a ti me confiou a Piedade divina....” não deva existir.
Caro Mestre: Penso que a maior fatalidade chama-se COMUNICAÇÃO. Com a facilidade e rapidez dos dados é possível reunir muitas "fatalidades" que aconteciam, mas que permaneciam desconhecidas, dada a dificuldade comunicacional. O restante é fruto da aceleração do sistema em que é preciso que a roda do "consumo" gire com rapidez. Infelizmente. Abraços
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