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sábado, 7 de dezembro de 2013

07.- SOBRE LOROTAS PUBLICITÁRIAS


ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2615

Esta postagem entra em circulação alguns minutos depois de chegar de um voo Santos Dumont/Congonhas/Porto Alegre. Mais uma vez a ratificação que é muito bom viajar, mas o melhor mesmo voltar. A viagem foi literalmente estressante. O voo saiu do Rio com atraso de uma hora. Ao chegar em São Paulo o voo para Porto Alegre, mesmo que não houvesse decolado, por desinformações não pude toma-lo. Tive que trocar de companhia. Não sei de um dia já caminhei tanto e tão desinformado em um aeroporto. O sábado começava quando cheguei em casa. Minha maior preocupação seria não estar para as aulas desta manhã no Centro Universitário Metodista do IPA.

Foi muito significativo, após minha fala — que recebeu muitas referências elogiosas — ter participado de todo ENCONTRO BRASILEIRO SOBRE MULHERES NA CIÊNCIA, que reuniu cerca de sessenta pessoas. Ouvi as falas de mais de 10 pesquisadoras de ponta de diversas universidades. Aprendi muito mais que ensinei nesta sexta-feira carioca. 
Nesta blogada sabatina parece que revivi uma palavra que há muito usava. Não encontrei a palavra lorota — que hoje se faz manchete — em nenhuma das milhares páginas que estão nos meus escritos no notebook. Nos últimos anos é a primeira vez que a escrevo.
Vou ao Priberam — que perdeu muito de seu charme pelo adensamento das propagandas — e vejo que está bem posta a palavra que mancheteio: Lorota 1. [Brasil, Popular] Mentira, conversa fiada; gabarolice. 2. História mal contada.
A proposta desta edição é refletir acerca de uma lorota. Nesta semana, li na abertura de um encarte de 4 páginas de uma revenda de automóvel de Porto Alegre, esta mensagem: “VENDEMOS MAIS QUE CARROS. OFERECEMOS CAMINHOS E ESTES REALIZAM SONHOS!” Citado de memória, pois descartara o material, pois não imaginara referi-lo aqui.
Parece que, nos dias atuais, quem vende caros, vende anti-caminhos. Automóveis, hoje, rigorosamente, destroem sonhos. Esta destruição se dá em duas dimensões: individuais e sociais.
Quanto aos primeiros, o automóvel trará desilusão ao comprador de um automóvel. O sonho de flanar por caminhos que o leve, qual tapete mágico, a destinos, muito provavelmente se esboroará em congestionamentos com velocidades menores que os fantásticos ’20 quilômetros por hora’ que maravilhava Rutherford quando relatava para mãe que conhecera em Londres, em 1895, carruagens que não tinham cavalos.
Agora, a dimensão social da destruição dos sonhos: se na virada do 19 para o 20, quando se deixa de usar tração animal, onde um dos problemas ambientais era o estrume produzido pelos cavalos, agora há algo mais grave.
A poluição produzida por veículos automotores — portadores de dezenas de cavalos inúteis e consumidores — é muito mais grave (e cada vez maior) que os dejetos dos animais, deixada, então, no local de trânsito. A poluição hoje é global e aceleração da mesma se faz devastadora.
Parece que há que concordar: dizer algo como “Vendemos mais que carros. Oferecemos caminhos e estes realizam sonhos!” é mesmo uma grande lorota. Resistir aos engodos publicitários é preciso.

5 comentários:

  1. Querido Attico,

    tua análise é uma excelente conjectura. E não adianta abrir mais vias, porque logo elas também serão ocupadas por mais carros. A única solução possível é qualificar o transporte urbano. Por aqui, sempre que posso, utilizo a bicicleta para me deslocar e tenho a certeza de que chegarei antes dos carros (já fiz vérios testes e a bicicleta acabou passando em todos na região do Recife).

    Grande abraço,

    PAULO MARCELO

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  2. Querido Attico,

    tua análise é uma excelente conjectura. E não adianta abrir mais vias, porque logo elas também serão ocupadas por mais carros. A única solução possível é qualificar o transporte urbano. Por aqui, sempre que posso, utilizo a bicicleta para me deslocar e tenho a certeza de que chegarei antes dos carros (já fiz vérios testes e a bicicleta acabou passando em todos na região do Recife).

    Grande abraço,

    PAULO MARCELO

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  3. Ola Mestre! Me gustó mucho la blogada de hoy. Aliás, o mundo publicitário de hoje está repleto de lorotas, como aquelas das telefonicas, que parecem te ligar com o mundo nas promessas feitas, mas vez por outras não consigo falar com um amigo ali de Teutônia durante a semana. Ora bolas! Abraço do JB

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Limerique

    O bicho homem, o que veio do barro
    Com orgulho néscio inventou o carro
    Ao invés de criar movimento
    Fez do mundo estacionamento
    Não existe no Planeta ser mais bizarro.

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