TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Presenteísmo é uma conspiração

ANO 16*** 02/06/2022***EDIÇÃO 2050

Hoje já inauguramos os blogues juninos 2022. Em uma das três turmas semanais que me envolvem neste semestre, doutorandos de mestrandos do IFES -- a cada quinta-feira organizamos um jantar. Assim nas três horas de aula, depois da usual hora da rodinha, há aperitivos, seguidos do prato principal e no segmento final temos a sobremesa. Ontem o prato foi catalisado pelo  capítulo 6 do Alfabetização científica Presenteísmo é uma conspiração contra o passado que ameaça o futuro. 

Trago aos leitores e às leitoras neste blogar alguns excertos do capitulo referido; Obsequeio evocações dos cenários de uma casa de família de um ferroviário. À época a companhia ferroviária gaúcha era representativa, e ser empregado da mesma tinha uma distinção na classe operária. Éramos sete filhos, sendo que as ascendências paternas eram colonos de suíços. Os descendentes maternos estavam entre colonos alemães que chegaram ao Rio Grande do Sul no primeiro quartel do século passado. Meu pai era, na sua família, o primeiro que deixava a agricultura para buscar uma profissionalização no mundo urbano. Minha mãe fora professora na colônia. O casamento é que determinou sua migração do mundo colonial.

Elejo a cozinha, por ser esta muito provavelmente o local de nossas casas que mais modificações sofreu no espaço de uma ou duas gerações. Rubem Alves[1], o educador-poeta, fala em uma cozinha “lenta, erótica, lugar onde a química está mais próxima da vida e do prazer, cozinha velha, quem sabe com alguns picumãs pendurados no teto, testemunhos de que até mesmo as aranhas se sentem bem ali”.

A casa de hoje, se comparada com a casa de nossos bisavós ou até de avós apresenta muitas modificações. Mas, se uma destas nossas ancestrais entrasse em nossas casas hoje, muito provavelmente em nenhuma dependência se acharia mais estranha que em uma de nossas assépticas e inodoras cozinhas hodiernas, na qual o onipresente fogão à lenha foi substituído por discreto forno de microondas.

Visitemos uma cozinha do começo da segunda metade deste século. E vejam o quando meu retroceder temporal é pequeno... Nossa primeira surpresa serão os odores. O fogão à lenha, com um crepitar que começava ainda à madrugada e se estendia, quase ininterruptamente, até noite adentro, quando, terminados os afazeres, a família se reunia junto ao mesmo, para, na evocação do passado, transmitir aos mais jovens a história dos pósteros. Quanto a televisão hoje castra a transmissão das histórias orais (e das escritas)!

Só o fogão determinava uma série de fazeres domésticos que hoje inexistem. Uma das últimas tarefas da noite era arrumar o fogo para o dia seguinte. Havia rituais. Duas achas de lenha em cada lado da pequena fornalha, no meio destas maravalhas e sobre estas lenha fina. Nesta simples descrição há alguns trabalhos. A lenha era adquirida em pedaços de cerca de um metro e era serrada, em casa, em achas menores. Cada pedaço originava quatro achas. As maravalhas eram requisitos preciosos. Eu era filho de marceneiro, logo tínhamos produção própria. Outros havia que precisavam buscar em alguma marcenaria. Um sucedâneo era o papel, mas é preciso recordar que a assinatura de jornais era bastante incomum, e, assim, jornais ou mesmo papéis velhos sempre eram aproveitados para outros fins e menos usados como combustíveis. É preciso dizer que o papel higiênico era substituído por jornais e revistas sendo bem aproveitados.  O preparo da lenha fina era um outro trabalho que tinha suas exigências. Na região colonial a lenha fina era substituída por gravetos ou sabugos provenientes de espigas das quais fora removido o milho, mas na cidade algumas achas de lenha precisavam ser convertidas em lenha fina. Cada casa tinha entre o ferramental uma machadinha e um cepo para este trabalho. As tarefas aqui descritas eram usualmente trabalhos cometidos aos adolescentes, e nas divisões do trabalho eram preferentemente trabalhos masculinos, ou melhor, classificados como trabalho de guri. Outro trabalho noturno, que acontecia também ao final das lides, era  escolher o feijão. Uma tarefa muito exigente, também destinada aos mais jovens, pois se precisava ter um bom olho, para saber descartar aquilo que era impróprio para cozer. Havia sempre muita terra, restos de vegetais, grãos estragados e sementes estranhas. Estas sempre despertavam minha curiosidade. Mas era desestimulado a plantá-las pois poderiam ser algum inço daninho. A eficiência do escolhedor era medida pela quantidade e variedade de rejeitos que ele apresentava no final da sua faina. O feijão, depois de escolhido, ia para uma bacia, usualmente de barro, onde ficava de molho até a manhã seguinte. Quando o feijão era colocado de molho, vinha mais um teste para verificar a habilidade do catador. Se houvesse materiais sobrenadantes, como grãos chochos ou algum resto foliar, é que a escolha não fora bem feita. Outro trabalho desta hora da noite, conhecida como “depois da janta”, era algo que na minha casa ocorria nas noites de terças e sextas-feiras: o amassar o pão. Esse era um trabalho materno. Era algo que tinha muito ritual. Tínhamos uma grande gamela de madeira, feita pelo meu pai. Nesta eram colocadas as rigorosas medidas de farinha. A estas se adicionavam água, sal, ovos e o ingrediente que para mim era mágico: o fermento. Sua eficiência garantia algo importante: o pão não ficaria embatumado. O crescer da massa era algo bonito. Nas noites frias a gamela precisava ser coberta, para as magias não escaparem. Havia frustrações, nas madrugadas, quando a massa não crescia. Às vezes, acontecia algo imprevisto. A massa crescia demais e transbordava.

Havia, em datas especiais, preparativos diferenciados na padaria doméstica. O pão sovado era apenas para certos dias. O sovar o pão tinha também ares de encantamento. As roscas eram produzidas nos períodos nos quais a colônia oportunizava o polvilho. A qualidade das roscas atestava também a competência do produtor do polvilho. As cucas eram somente para algum aniversário ou festas religiosas. Em função da temporada, as cucas podiam ser de laranja ou de uva. As passas e os adornos solenizavam os acontecimentos.

Nas manhãs de quartas e sábados bem cedo o forno estava em brasas, e depois assistíamos ao ritual de enfornar as diferentes formas com os pães. Esta operação jamais era delegada pela mãe. Havia necessidade de precisão. O forno de barro era algo presente na maioria das casas, mesmo no perímetro urbano das cidades. Havia ainda a alternativa de se usar o “forninho” do fogão à lenha. O pão feito em padaria comercial era algo tão raro, que a eventualidade parecia uma festa, pois sua marca mais característica era não ter a côdea, usualmente mais dura, dos pães caseiros.

Aqui ainda poderia se fazer referência à confecção de bolachas ou biscoitos. Para as festas de Natal ou Páscoa, além de haver a produção de iguarias muito gostosas, estas tinham ainda esmeradas formas e decorações que lembravam as celebrações. Assim, sinos, papais-noeis, anjos, coelhos eram artisticamente coloridos com açúcares e confeitos coloridos. A padaria doméstica era também uma muito competente confeitaria.

Um outro trabalho doméstico que evoco era sazonal. Ocorria nas férias de verão e coincidia com a época da maturação da goiaba, da pêra, da uva... Então se preparava a “schmier” ou “chimia”[2], ou a goiabada, a perada para um ano inteiro. Esta importante produção caseira, que movimentava toda a família exigia, muitos fazeres, que começavam com a aquisição das frutas. Na noite anterior ao cozimento das tachadas a família era envolvida no descascar e moer as frutas. A produção de goiabada era mais exigente pois os frutos, cujos odores ainda estão presentes no meu imaginário, tinham que ser muito selecionados, pois era usual estarem bichados. Havia também a necessidade de a criançada ser contida no comer exagerado de goiabas, não apenas porque o maior consumo diminuiria a produção, mas, principalmente, porque se dizia que as sementes poderiam causar um entupimento que dificultaria depois a evacuação. Uns descascavam e outros moíam as frutas. Para a moagem era usada uma máquina de moer carne manual. Aliás, esta ferramenta era algo presente em qualquer cozinha de então e era usada, além de sua finalidade primeira (a carne), para a moagem de frutas, massas, amendoim. O preparo de derivados da uva tinha outros detalhes, pois não havia a etapa da moagem. A etapa mais trabalhosa começava no dia seguinte muito cedo. Um grande tacho de cobre era colocado sobre um tripé com fogo. Começava então a demorada etapa de mexer a massa durante o cozimento. Mexer a massa com longa colher de pau era uma tarefa que nos envolvia com duas dificuldades: a fumaça que atingia os olhos e os respingos ferventes da massa que era cozida. Para cada um destes dolorosos inconvenientes nos preveníamos com diferentes habilidades, como óculos e proteções para as pernas. Dividíamo-nos em jornadas de trabalho, e muitas vezes o quarto ou plantão de um mexer era negociado com o outro. O momento mais esperado era aquele em que se via o fundo do tacho, o que indicava que a operação chegava próximo de seu sonhado final. Então as etapas de cada um diminuíam de ½ hora ou ¼ de hora para 5 ou 10 minutos. A habilidade dos mexedores era medida pelo fato de não se deixar queimar nada no fundo do tacho. Havia descontentamento entre os mexedores quando uma tachada ou parte desta era destinada a ser cozida por mais tempo para ser endurecida para que tivéssemos depois, em nossas merendas, uma fatia de goiabada ou de perada. Mais açúcar era colocado no tacho e vinha então mais um bom tempo de mexidas com respingos e fumaças.

Ao final havia uma premiação. Podíamos raspar o tacho, e sempre havia uma recomendação muito repetida: fazê-lo rápido, pois o azinhavre ou zinabre[3] que se formava nos materiais de cobre, quando estes estavam úmidos e expostos ao ar, era venenoso.

Um trabalho seguinte, ainda relacionado com este fabrico, era o embalar a produção. A chimia que serviria para ser passada no pão era embalada em latas, que, rotuladas com datas e tipo de frutas, eram armazenadas na despensa. Aquela destinada ao endurecimento para depois ser fatiada era colocada em caixas de madeiras revestidas internamente com papel encerado e que também eram rotuladas antes do armazenamento. É fácil imaginar a provisão que precisava ser feita, em uma grande família, para durar até o próximo verão, quando de novo haveria frutas.

Uma outra tarefa doméstica diária, indiretamente à cozinha era o trato das galinhas e do porco. Mesmo morando no perímetro urbano sempre se tinha um porco, que era adquirido com algumas semanas, logo após o desmame, e era engordado até ser abatido para o fornecimento de carne e de banha. O porco e as galinhas eram alimentados com restos de comida, milho e eventualmente alguma ração. Diariamente devíamos colher, na horta, plantas verdes para oferecer tanto às galinhas como ao porco. Este também recebia a lavagem, que era a primeira água da lavação de pratos e panelas, que continha restos de alimento. Lembro-me de uma planta invasora, que era muito apreciada pelos animais e por nós, pois era abundante e de fácil coleta: a milhã[4].

As galinhas eram criadas para a produção de ovos e para o fornecimento de carne, para almoços especiais ou para uma canja nos pós-partos ou em alguma doença. Os pintos eram resultado da longa espera de 21 dias de choco de uma das galinhas, que eram acompanhados com muita expectativa. Quanto aprendizado de genética havia na seleção do galo e das galinhas destinados a reprodução, dos ovos, e até um processo empírico para definir a produção de maior número de fêmeas, para se ter depois mais postura, a partir de algumas observações sobre os ovos! Hoje, quando duas ou três transnacionais no mundo controlam as matrizes genéticas das galinhas, e precisamos importar as avós de todos os galináceos que consumimos, pequenos lavores domésticos foram eliminados e fontes de renda e de aprendizado foram excluídas. Aliás isso vale para matrizes de outros animais e também para a maioria das sementes destinadas à produção de alimentos.

Um dos dias mais significativos da produção doméstica de alimentos era aquele em que o porco era carneado. Aqui também havia rituais que envolviam muitos fazeres e aprenderes. As operações para a produção da banha, do torresmo, das carnes defumadas, dos embutidos como linguiças e morcilhas (ou morcelas), eram atividades de que participavam crianças, jovens e adultos. Uma profissão de então era o de abatedor de porcos. Geralmente havia na vizinhança um homem mais hábil, que fazia a operação com mais precisão; este era chamado para várias casas e fazia o serviço, usualmente, em troca de alguma porção de carne.

Outra tarefa doméstica, já menos dependente da cozinha, era a lavação de roupa, com múltiplas atividades e diferentes saberes. O anil ou o índigo era usado para dar ao branco das roupas um tom levemente azulado. Todas as casas dispunham de um quaradouro[5], local onde as roupas brancas eram estendidas e onde os mais jovens tinham a tarefa de não as deixar secar. É preciso referir que o fabrico doméstico do sabão, a partir de gorduras animais, não resultavam num produto de tão boa qualidade como os atuais sabões/                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     Aqui é preciso fazer referência ao quanto o coarar era usado para o alvejamento de sacos vazios de farinha ou de sal que depois eram usados para o fabrico de camisas, calções ou cuecas. Lembro de ter usado cuecas, às quais estava imposto um nacionalismo verde-amarelo, indicando que o tecido que lhe dera origem havia antes embalado um produto da indústria brasileira;

Ainda em relação à lavação de roupa, o fogão da cozinha era usado para ferver paneladas ou tachadas de roupas mais encardidas. Nesta operação havia muitos saberes, especialmente relacionados com a remoção de manchas.

Outra operação doméstica era o tingimento de roupas. Qualquer bom armazém ostentava coleções de tubos de anilina para roupas. Quando havia luto em uma família, as roupas eram tingidas de preto. Então, por melhores que fossem os mordentes, essas cedo se tornavam ruças. A intensidade do desbotar pelo uso podia também indicar a terminação do período de enlutamento.

Recordar os trabalhos de tinturaria caseira, tão pleno de artes para valorizar e tornar permanentes as cores, faz evocar outro tingir: o das cascas de ovos para celebrar a Páscoa. Desde o começo da Quaresma, os conteúdos dos ovos de galinhas eram retirados pelo menor orifício possível e guardados cuidadosamente. Na Semana Santa, havia uma operação usualmente secreta, para depois fazer a surpresa da criançada. Era o tingir, com anilinas multicoloridas ou com papel crepom, o que comporia as lindas embalagens, que depois seriam repletas de amendoins caramelados. Havia ainda cascas de ovos que eram pintadas artisticamente com tintas especiais, criando-se a partir dos motivos pascoais verdadeiras obras de arte. Estes ovos eram colocados em artísticos ninhos, junto com bolachas e biscoitos decorados, como foi referido quando se descreveu a padaria doméstica.

No limite do espaço destinado às reminiscências de trabalhos domésticos de tempos nem tão distantes, mas que chegam a parecer seculares, queria evocar outro fazer de nossas casas, que mesmo não associado tão diretamente à cozinha como aqueles que aqui foram centrais, tinha nela também parte de seu cenário: os trabalhos de costura. A associação destes trabalhos com a cozinha é recorrente pelo costurar manual, que ocorria, especialmente no inverno, nas proximidades do fogão.

Lateralmente, é importante destacar que todas as roupas, masculinas e femininas, das crianças, dos jovens e adultos eram de confecção doméstica. A única exceção era o raro terno ou fatiota masculina.Aqui havia, mais uma vez, muitos rituais. Tirar as medidas eram uma operação que nos punha em contato com trenas, números e operações de cálculos de proporção. Pelas medidas, diligentemente anotadas no caderno de costuras, se podia também acompanhar a evolução física da criançada. Após vinha a elaboração dos moldes, onde régua, esquadro, giz, folhas de papel, carretilha e tesoura criavam modelos. A etapa seguinte era o corte do tecido. Antes do primeiro pique da tesoura, no tecido previamente marcado, sempre ouvíamos uma frase: “In Gottes Name”[6]. O costurar era feito em uma máquina cujo ruído do pedalar ouvíamos, até tarde da noite, a confundir-se com o som da plaina, nos serões que o meu pai fazia em casa. Havia depois a chamada costura à mão, traduzida por palavras que não fogem de meu imaginário, como chulear, alinhavar, casear. O bordado ou até a pintura de tecidos ou a decoração com vidrilhos eram destinados a roupas femininas mais finas, como vestidos ou blusas, ou para toalhas e guardanapos. Recordo, também de ter acompanhado minha mãe na confecção de alfaias para o altar da capela de Estação Jacuí (então distrito de Cachoeira do sul; hoje de restinga Seca) onde nasci.

Aqui também se definiam os chamados labores e pendores femininos. Os guris podiam e deviam ajudar em trabalhos como lavar a louça e a casa ou escolher feijão, mas jamais se poderia imaginá-los envolvidos em trabalhos de agulha ou linha. Havia, assim, explicitamente definidos os trabalhos das gurias e dos guris.

Ao encerrar a contemplação de trabalhos domésticos da primeira década da segunda metade deste século, em que elegi a cozinha como locus destes fazeres, é preciso evocar o quanto estas lides estavam, usualmente, associadas à fantástica transmissão de histórias orais, quando ainda ausente de nosso meio a televisão. Nestes contares a voz dos mais velhos era central. As sagas familiares, as informações sobre cultivares e, principalmente, os diferentes remédios caseiros eram então transmitidos. A evocação da metáfora de que quando um pajé morre é como uma biblioteca que se queima, poderia com adequação ser aplicada a nossos avós. Há, ainda, que resgatar urgentemente muitas destas histórias. Cada leitor e cada leitora têm histórias de trabalho que merecem ser transformadas de histórias orais em documentos escritos. Nesta busca do nosso passado estaremos banindo da nossa geração o presenteísmo - este lúgubre ogro tão presente no nosso mundo de hoje - e, muito provavelmente, estaremos buscando amarras mais sólidas para construir o futuro. Isso é, também, fazer de nossas alunas e nossos alunos mulheres e homens capazes de exercer uma cidadania cada vez mais crítica.

 



[1] Rubem ALVES, Estórias de quem gosta de ensinar. São Paulo : Cortez, 1984. p. 93.

 

[2] “Schmier” ou “chimia”, como se descreve no texto, é uma geléia para passar no pão. No Brasil de influência alemã, a chimia é algo indispensável no café da manhã. A origem da palavra, segundo o Professor Dr. Egídio Francisco Schmitz, SJ, da UNISINOS, é do vocábulo alemão “Schmiere” que significa graxa. A graxa, usada pelos colonos para lubrificar os eixos das carroças se assemelhava do ponto de vista da consistência física ao preparado com frutas que os colonos, produziam. Na língua alemã culta geléia (ou aquilo que aprendemos como chimia) é Gelee ou Marmelade ou Konfitüre.

[3] Azinhavre ou zinabre é a camada verde de bicarbonato de cobre que se forma nos objetos de cobre expostos ao ar e à umidade; azebre, zinabre. Chamávamos inadequadamente de cinabre ou cinábrio, que é um mineral trigonal vermelho, sulfeto de mercúrio, minério de mercúrio, também conhecido como cinabrita, uzífur, uzífuro.

[4] A (ou o) milhã é um delicado capim da família das gramíneas (Digitaria sanguinalis), de colmos decumbentes, folhas longas, verdes ou violáceas, e cujas espigas atingem até 12 cm.

[5] Quaradouro, ou coradouro, ou quarador, ou coradoiro é o lugar [geralmente de grama ou um gradeado de madeira, o estrado coberto com folhas de zinco] onde se põe roupa a corar [branquear em conseqüência de ficar exposta ao sol] ou a coarar.

[6] In Gottes Name ou “Em nome de Deus” -mesmo que falássemos exclusivamente em português - minha mãe, nas suas frequentes orações silenciosas e nas operações aritméticas, falava baixinho em alemão, sua primeira língua, que os filhos não aprenderam por ter sido proibido na época da Segunda Guerra Mundial. O alemão era também o idioma usado pelos pais (e por visitas de familiares) quando o assunto não pertencia ao mundo infantil.


Nenhum comentário:

Postar um comentário