ANO 15 |
Agenda de Lives em página |
EDIÇÃO 3691 |
Esta já
é terceira blogadas das cinco previstas para este outubro incerto/inserto neste
pandêmico 2020. Ela ocorre após o Dia do Professor. Ontem, talvez, por parecer
que sete meses de isolamento já sejam de bom tamanho para encerrar
confinamentos, houve um sabor festivo no 15 de outubro.
Nós não
nos alertarmos para o que ocorre na Europa, com recidiva do Corona vírus, é uma
temeridade. Abaixo da linha do Equador parece que se está imune. Aqui também não se peca quando se substitui o
religioso Círio de Nazaré pela busca pagã de um edredom por 30 reais com direito
a idolatrar uma estátua da liberdade nanica.
O 15 de
outubro teve (merecidas) homenagens a professoras e professores. Dezenas dos
mais diferentes cartões virtuais foram produzidos, alguns de muito bom gosto. Talvez,
o tema mais celebrado ontem foi aquele que destaca Antonieta de Barros (11/07/1901 — 28/03/1952),
a parlamentar negra pioneira na oficialização do Dia do Professor.
Aline Torres jornalista, escritora e criadora da Construtores de Memórias, no El País* apresenta Antonieta de Barros, a parlamentar catarinense, filha de escrava liberta, que lutou contra o analfabetismo. Ela é uma dentre as três primeiras mulheres eleitas no Brasil. A única negra. Foi eleita em 1934 deputada estadual por Santa Catarina, mesmo ano que a médica Carlota Pereira de Queirós foi eleita deputada federal por São Paulo. Sete anos antes, Alzira Soriano havia sido eleita prefeita num pequeno município do Rio Grande do Norte, primeiro estado a permitir disputas femininas.
A
definição do dia para celebrar os professores remonta ao dia 15 de outubro de
1827, quando Dom Pedro I, Imperador do Brasil baixou um Decreto Imperial que
criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto se determinava que “todas as
cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Esse
decreto falava basicamente da descentralização do ensino, do salário dos
professores, das matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até
sobre como os professores deveriam ser contratados.
A
contribuição da primeira Lei acerca da Educação no Brail foi a de determinar,
no seu artigo 1º, que as Escolas de Primeiras Letras (hoje, ensino fundamental)
deveriam ensinar, para os meninos, a leitura, a escrita, as quatro operações de
cálculo e as noções mais gerais de geometria prática. Às meninas, — ferreteadas
por um DNA machista — sem qualquer embasamento pedagógico, estavam excluídas as
noções de geometria. Aprenderiam as prendas (costurar, bordar, cozinhar etc.)
para a economia doméstica.
A escolha
de 15 de outubro para emissão de tão significativa decisão imperial foi por ser
o dia da celebração litúrgica da padroeira da Educação: Santa Teresa de Ávila, a Reformadora do Carmelo. A mística carmelita morreu no dia 4 de
outubro e foi sepultada no dia seguinte, 15 de outubro de 1582. Por ajustes na
transição do calendário juliano para o gregoriano foram surpresos dez dias de
05 a 14 de outubro de 1582.
Vale
recordar que no Século 16 houve diferentes cisões reformistas que determinaram
cisões na hegemonia da Igreja Católica Romana e por tal muitos países não adotaram
o calendário promulgado pelo papa. Havendo então calendários diferentes, com consequências
que se pode estimar facilmente.
Para oportuno
se traz algo mais de Antonieta de Barros. Aline Torres, na mesma referência
antes citada, narra: “Expoente da ideia “anárquica” de que as mulheres deveriam
ter direito ao voto, a bióloga Bertha Lutz trocou inúmeras cartas com Antonieta
na década de 1930. Vale lembrar, Antonieta foi eleita menos de meio século após
a abolição da escravatura e apenas dois do sufrágio — que deu às mulheres
direito ao voto facultativo. Num país fortemente preconceituoso quanto à classe,
cor e gênero tinha orgulho de sua história.
Nasceu
em Desterro, como era chamada Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901. No
registro de batismo, na Cúria Metropolitana, realizado pelo Padre Francisco
Topp, não aparece o nome do pai. A mãe era Catarina Waltrich, escrava liberta.
No imaginário popular, a verdadeira paternidade estaria ligada à família Ramos,
uma das mais tradicionais do Estado.
A
bandeira política de Antonieta era o poder revolucionário e libertador da
educação para todos. O analfabetismo em Santa Catarina, em 1922, época que
começou a lecionar, era de 65%. Isso que o Estado, sobretudo pela presença
alemã, aparecia com um dos índices mais altos de escolarização do país,
seguidos por São Paulo”.
O
decreto imperial sancionado por dom Pedro I, em 15 de outubro em 1827, catalisou
que se fizesse de 15 de outubro uma data para homenagear os Professores. A data
era comemorada informalmente. Então, um projeto de lei de Antonieta criou, no
estado de Santa Catarina, o Dia do Professor e o feriado escolar nessa data
(Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948). A data seria oficializada no país
inteiro somente 15 anos depois, por Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de
1963, sancionado pelo presidente da República, João Goulart. O Decreto definia
a essência e razão do feriado: “Para comemorar condignamente o Dia do
Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se
enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos
e as famílias”.
Uma
sugestão de leitura excelente é se abeberar do texto que está acima referido.
Os excertos trazidos antes se tornaram muito mais aproveitados.
A cada
uma e cada dos leitores deste blogue, votos de uma bom fim de semana seguido de
dias de sumarentos (a)fazeres. É provável nos encontrarmos aqui, na vindoura
sexta-feira, dia23.
A educação é temida pelos dominantes, justamente pelo seu poder libertador! História de uma mulher que merece destaques nosnós livros. Parabéns professor Chassot!
ResponderExcluirA educação é temida pelos dominantes, justamente pelo seu poder libertador! História de uma mulher que merece destaques nosnós livros. Parabéns professor Chassot!
ResponderExcluirA educação é temida pelos dominantes, justamente pelo seu poder libertador! História de uma mulher que merece destaques nosnós livros. Parabéns professor Chassot!
ResponderExcluirCaro Mestre Chassot,
ResponderExcluirMeus parabéns atrasado. Ao senhor que contribui grandiosamente para educação, Feliz dia do Professor!
É sempre uma felicidade ler seus escritos. Apesar de sentir uma certa amargura ao ver os efeitos dos tempos pandêmicos, e o comportamento dos atuais governantes. Mas a felicidade de hoje transcende.
Ler em seus escritos sobre uma mulher negra que foi um marco na história, é esperançoso. Ver que a sociedade têm notado mais a contribuição das mulheres e das mulheres negras.
Por muito tempo esse sistema capitalista, teocrático, eurocêntrico negou parte da história, que vem sendo evidenciada e enaltecida.
Assim, cresce a esperança de que a maioria das pessoas ,agora, não caia tanto no "Perigo da História única", como conta Chimamanda Adichie.
Bom dia, Chassot! Como é importante retomar a História pelas muitas vidas em tantas histórias! É necessário lembrar aos jovens que o Brasil já conheceu períodos sem o ódio de classe com a atual configuração. Não que estávamos em paraísos terrestres e agora está tudo ruim. Os juízos reclamam por análises criteriosas, largas e profundas, como se deve fazer de modo sério, sempre. Se não conseguirmos, crianças e adolescentes acreditarão que, sempre, vivemos desse modo. Também é importante retomarmos a leitura de "A Revolução dos Bichos", de George Orwell para nos lembrarmos que Bola de Neve já fora assassinado, mas continuava alimentando a propaganda do totalitarismo do novo "regime" daqueles que... "E não se sabia quem era porco, quem era homem". Meu bom amigo, desejando-lhe saúde e ar respirável, saudável e ameno em tua Morada dos Afagos, meu abraço!
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