ANO
14 |
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EDIÇÃO
3414
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Esta edição do blogue é postada desde Inhumas GO. Há quase um
ano, aditei a minha história mais um outro ponto cardeal: Inhumas. Aqui está um
dos meus Norte.
Entre a jornada paulista, de três dias com seis falas em três Universidades
e a terceira etapa em Macapá AP há uma fala no IIFG, instituto Federal de
Goiás, está a expectativa de reencontrar Danila, pois duas semanas de férias em
julho parecem pertencer a uma quimera distante de tempo quase infinito.
Por estes dias, fui questionado porque não escrevia no blogue
histórias do cotidiano. Acredito que a trazida aqui, com muita frequência de excertos
do meu diário de viajor, cumpre este sugestão.
Minha interlocutora contestou: precisa-se histórias com outros. Depois
disso, ela no Facebook me brindou com um adjetivo qualificativo inédito, portal
parece que merecia ser acatada. Afinal, não se chama qualquer um de inoxidável.
O texto de abertura desta Seleta é uma anedota (numa acepção
menos conhecida: Breve narração de caso
verídico pouco conhecido), presente na minha relação com querido museólogo.
Me aventuro narrar como começou o que hoje é uma grande amizade.
Ao privilegiar os afetos não resisto a contar aqui como conheci,
bem recentemente o Guy. Nosso primeiro encontro se fez anedótico. Era outubro
de 2010 — dou-me conta que em menos de dez anos já vivemos tantas gratificações
intelectuais — eu ministrava um minicurso de História e Filosofia da Ciência na
esteira do 30º Encontro de Debates de ensino de Química na PUC do Rio Grande do
Sul. De passagem citei Leeuwenhoek (Delft, 1632-1723) um comerciante de
tecidos, importante cientista e construtor de microscópios em Delft, nos Países
Baixos. Contara que ele descreveu a estrutura celular dos vegetais, chamando as
células de "glóbulos", utilizando um microscópio feito por ele mesmo
(possuía, talvez a maior coleção de lentes do mundo no século 17, cerca de 250
microscópios), foi o primeiro a observar e descrever fibras musculares,
bactérias, protozoários e o fluxo de sangue nos capilares sanguíneos de peixes.
Comentei que Leeuwenhoek
era amigo de um grande pintor... e, a memória faltou-me, acrescentei que o
imemorado pintor holandês era o autor de
quatro célebre: Moça do brinco de pérola, trazendo
detalhes da obra, acerca da qual havia um livro que se fez filme muito
apreciado... mas eu devia o nome do autor.
Narrei acerca de uma reprodução de ‘A leiteira’ que possuo e não me ocorria o famoso pintor seu autor e
a memória seguia me faltando. Creditava-me, assim, a uma dívida com os
participantes. Um ou dois minutos depois, um deles disse: ‘Vermier, professor!’
Vislumbrava humildade, o Professor Guy não deixou transparecer o polímata que
é. Mostrou um smartphone (à época algo ainda bastante raro), no qual o oráculo
Google lhe viera em ajuda. A dignidade do Guy neste episódio se fez ícone para
mim. Ainda em dezembro daquele ano fui fazer uma palestra no Museu da Natureza,
em Cachoeirinha, dentro dos atos inaugurais do mesmo. Minhas visitas ao Museu e
a amizade com o Guy se adensaram.
Ler seus escritos faz com que mergulhemos num imaginário protegido por uma paz por caracteres. Diria: adentrar no mundo da literatura metamorfoseada pela práxis humana do cotidiano. Faz bem. Saudades...
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