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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

17.- TRANSPLANTE DE FEZES



ANO
 13
Livraria virtual
Www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3366

 

Nesta dúzia de anos de apetitosos blogueares aqui, muito poucas vezes trouxe assuntos acerca de Medicina. Há duas razões: uma, não é algo de meu cotidiano que me atraia... outra, não quero ser labelado como charlatão.
Mas quando ao lado do Pastor Google, temos também o padre, o arquiteto, o professor, o psicólogo, o médico (também dito: doutor) que parecem esclarecer, por exemplo, os resultados de nossos exames, antes de leva-los ao consultório... aventuro-me em invadir a área mais corporativa dentre um universo profissional.
O assunto é no mínimo curioso ou estranho, mas...
O cocô pode salvar vidas por meio de um transplante de fezes!
Com a ajuda do clicrbs* amplio um pouco a exótica manchete.
Por mais estranho que possa parecer, trata-se de um procedimento que pode representar a solução para diversas doenças. Estamos falando do transplante de microbiota fecal. Sim, é isso mesmo: transplante de fezes.
No sábado, 30 de junho, Porto Alegre sediou o primeiro transplante fecal da América Latina para o tratamento do diabetes. O procedimento foi realizado no Hospital Ernesto Dorneles (HED), sob o comando do médico gastroenterologista Guilherme Becker Sander, chefe do Serviço de Endoscopia do HED, em um paciente que tem especial apreço pelo assunto: o também médico Pedro Schestatsky, diabético e professor de neurologia da Faculdade de Medicina da UFRGS que se dedica ao estudo desse tipo de tratamento para atacar males neurológicos, como Alzheimer, esclerose múltipla, autismo e Parkinson.
O transplante é relativamente simples, não havendo necessidade de internação. O doador precisa ter uma boa microbiota, nome pomposo para o que se conhecia popularmente como flora intestinal. Trata-se de um conjunto de microrganismos — algo em torno de 100 trilhões de bactérias — que faz nosso intestino funcionar sem sobressaltos. São as bactérias do bem que nos habitam.
Observa-se uma gama de fatores no doador, como a presença de bactérias perigosas, como salmonela, e os hábitos gerais de vida. O receptor também passa por uma preparação, semelhante à exigida a quem vai se submeter a um exame de colonoscopia. São dois dias tomando laxativos para “zerar” a microbiota. É como esvaziar o intestino de bactérias ruins para substituí-las pelas boas.
Mas o que o intestino tem a ver com diabetes?
Pesquisas em diferentes áreas têm demonstrado o papel do órgão nas infecções e nas inflamações sistêmicas e em outros quadros de saúde desequilibrados e a gigantesca conexão dele com o cérebro, o que já fez com que fosse chamado de “segundo cérebro”. Acredite: 90% dos neurotransmissores cerebrais, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina – os mesmos que estão contidos nos antidepressivos –, são produzidos no intestino, abrindo a possibilidade para o uso dessa técnica para casos de depressão e ansiedade.
As possibilidades de tratamento via transplante de fezes ampliam-se dia a dia. Tanto é que já existem bancos de fezes. No Brasil, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu o primeiro espaço desse tipo para armazenar o material doado, que fica a uma temperatura de 80°C negativos e precisa ser utilizado em até seis meses. O problema é que para se tornar um doador é preciso aprovação em todos os testes que asseguram a qualidade das fezes e muitos candidatos não conseguem passar nessa seleção.
Entre a maioria dos mortais de vida moderna existe uma grande dificuldade para se manter hábitos saudáveis, mas uma tribo distante da África gaba-se de ser fonte de estudos e pesquisas por conta da diversidade e eficiência do microbioma. O povo hadza é um dos poucos no mundo que mantêm há cerca de 10 mil anos hábitos alimentares baseados no consumo de caça e na coleta de frutos silvestres e tubérculos.
A flora intestinal de seus integrantes é invejável e suscita uma espécie de turismo escatológico e científico sobre o povo. Digamos que eles são os detentores de um dos melhores, senão o melhor, cocô do mundo. A microbiota dessa tribo milenar da Tanzânia é rica em bactérias do bem e está associada a uma melhor imunidade.
PARA SABER MAIS:
*** https://brasilescola.uol.com.br/biologia/transplante-fezes.htm

Um comentário:

  1. Muito boa noite, Chassot e blogadores de todos os cantos! Áttico faz uma apresentação muito bem humorada e esclarecedora sobre o assunto, que não raro, desperta risos e brincadeiras, as famosas "tiradas". Enquanto lia, pensava naquele programa da TV Cultura, salvo melhor juízo, tratava do assunto com uma marchinha ou canto com o refrão: "cocô, cocô, cocô". Creio tratar-se do Castelo Rá-tim-bum, apresentado entre 1994-1997. Essa do intestino ser nosso 2º cérebro, tenho lido a respeito. É algo, beneficamente, espantoso! E então, meu amigo, por onde andas? Abraços!

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