ANO
13 |
Livraria
virtual
Www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
3366
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Nesta dúzia de anos de
apetitosos blogueares aqui, muito poucas vezes trouxe assuntos acerca de
Medicina. Há duas razões: uma, não é algo de meu cotidiano que me atraia...
outra, não quero ser labelado como charlatão.
Mas quando ao lado
do Pastor Google, temos também o padre, o arquiteto, o professor, o psicólogo,
o médico (também dito: doutor) que parecem esclarecer, por exemplo, os
resultados de nossos exames, antes de leva-los ao consultório... aventuro-me em
invadir a área mais corporativa dentre um universo profissional.
O assunto é no mínimo
curioso ou estranho, mas...
O cocô pode salvar vidas por meio
de um transplante de fezes!
Com a ajuda do
clicrbs* amplio um pouco a exótica manchete.
Por mais estranho
que possa parecer, trata-se de um procedimento que pode representar a solução
para diversas doenças. Estamos falando do transplante de microbiota fecal. Sim,
é isso mesmo: transplante de fezes.
No sábado, 30 de
junho, Porto Alegre sediou o primeiro transplante fecal da América Latina para
o tratamento do diabetes. O procedimento foi realizado no Hospital Ernesto
Dorneles (HED), sob o comando do médico gastroenterologista Guilherme Becker
Sander, chefe do Serviço de Endoscopia do HED, em um paciente que tem especial
apreço pelo assunto: o também médico Pedro Schestatsky, diabético e professor
de neurologia da Faculdade de Medicina da UFRGS que se dedica ao estudo desse
tipo de tratamento para atacar males neurológicos, como Alzheimer, esclerose
múltipla, autismo e Parkinson.
O transplante é
relativamente simples, não havendo necessidade de internação. O doador precisa
ter uma boa microbiota, nome pomposo para o que se conhecia popularmente
como flora intestinal. Trata-se de um conjunto de microrganismos — algo
em torno de 100 trilhões de bactérias — que faz nosso intestino funcionar sem
sobressaltos. São as bactérias do bem que nos habitam.
Observa-se uma gama
de fatores no doador, como a presença de bactérias perigosas, como salmonela, e
os hábitos gerais de vida. O receptor também passa por uma preparação,
semelhante à exigida a quem vai se submeter a um exame de colonoscopia. São
dois dias tomando laxativos para “zerar” a microbiota. É como esvaziar o
intestino de bactérias ruins para substituí-las pelas boas.
Mas o que o
intestino tem a ver com diabetes?
Pesquisas em
diferentes áreas têm demonstrado o papel do órgão nas infecções e nas
inflamações sistêmicas e em outros quadros de saúde desequilibrados e a
gigantesca conexão dele com o cérebro, o que já fez com que fosse chamado de “segundo cérebro”. Acredite: 90% dos
neurotransmissores cerebrais, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina –
os mesmos que estão contidos nos antidepressivos –, são produzidos no
intestino, abrindo a possibilidade para o uso dessa técnica para casos de
depressão e ansiedade.
As possibilidades de
tratamento via transplante de fezes ampliam-se dia a dia. Tanto é que já
existem bancos de fezes. No Brasil, o Hospital de Clínicas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu o primeiro espaço desse tipo para
armazenar o material doado, que fica a uma temperatura de 80°C negativos e
precisa ser utilizado em até seis meses. O problema é que para se tornar um
doador é preciso aprovação em todos os testes que asseguram a qualidade das
fezes e muitos candidatos não conseguem passar nessa seleção.
Entre a maioria dos
mortais de vida moderna existe uma grande dificuldade para se manter hábitos
saudáveis, mas uma tribo distante da África gaba-se de ser fonte de estudos e
pesquisas por conta da diversidade e eficiência do microbioma. O povo hadza é
um dos poucos no mundo que mantêm há cerca de 10 mil anos hábitos alimentares
baseados no consumo de caça e na coleta de frutos silvestres e tubérculos.
A flora intestinal
de seus integrantes é invejável e suscita uma espécie de turismo escatológico e
científico sobre o povo. Digamos que eles são os detentores de um dos melhores,
senão o melhor, cocô do mundo. A microbiota dessa tribo milenar da Tanzânia é
rica em bactérias do bem e está associada a uma melhor imunidade.
PARA SABER MAIS:
*** https://brasilescola.uol.com.br/biologia/transplante-fezes.htm
Muito boa noite, Chassot e blogadores de todos os cantos! Áttico faz uma apresentação muito bem humorada e esclarecedora sobre o assunto, que não raro, desperta risos e brincadeiras, as famosas "tiradas". Enquanto lia, pensava naquele programa da TV Cultura, salvo melhor juízo, tratava do assunto com uma marchinha ou canto com o refrão: "cocô, cocô, cocô". Creio tratar-se do Castelo Rá-tim-bum, apresentado entre 1994-1997. Essa do intestino ser nosso 2º cérebro, tenho lido a respeito. É algo, beneficamente, espantoso! E então, meu amigo, por onde andas? Abraços!
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