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sexta-feira, 13 de outubro de 2017

13.- Sobre dois suportes de leitura


ANO
 12
LIVRARIA VIRTUAL em
Www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3320

Estou lendo dois livros de um mesmo autor (quase) em paralelo. Um deles, em blogada recente, já foi aqui anunciado lateralmente: é o massudo e instigante Sapiens: uma breve história da humanidade do historiador israelense Yuval Noah Harari. Atualmente é livro de não ficção mais vendido no Brasil. A primeira edição brasileira da LPM é de 2015, a minha de agosto de 2017 é a 24ª. O outro: Homo Deus no qual o professor de História da Universidade Hebraica ensaia o que está no subtítulo: uma breve história do amanhã. Se o título o induziu ser o autor um profeta apocalítico, antecipo que percepção está equivocada.
Do primeiro, falta menos de um terço de suas 459 páginas; do segundo já li cerca de um terço. Se me fosse perguntado qual o melhor dos dois, diria ‘não sei’. Os dois são excelentes. Talvez os dois melhores livros de história dentre os muitos que já li. A minha dúvida na eleição, provavelmente, decorra desta nada usual leitura paralela.
Pois, nesta blogada quero comentar as razões deste esdrúxulo paralelismo. Mas antes trago um breve comentário de um e outro e também do exótico autor dos mesmos.
O primeiro dos livros — Homo sapiens — busca responder interrogação a respeito da qual nunca eu havia pensado: Se há 100 mil anos passados pelo menos seis espécies de humanos habitavam a Terra, porque hoje existe uma única espécie: nós, os Homo sapiens? As respostas são trazidas de maneira fascinante. Endosso o The Times: “Harari sabe escrever [...] de verdade, com gosto, clareza, elegância e um olhar clinico para a metáfora.” O livro é irresumível; há simplesmente, que lê-lo. Ele questiona nossas ideias preconcebidas a respeito do universo. Em 2015, Sapiens foi selecionado por Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, para seu Clube do livro on-line. Mark convidou seus seguidores a ler o que ele descreve como "uma grande narrativa sobre a História da civilização humana
Acerca do Homo Deus, sempre com um olhar no passado e nas nossas origens, Harari “investiga o futuro da humanidade em busca de uma resposta tão difícil quanto essencial: depois de séculos de guerras, fome e pobreza, qual será nosso destino na Terra? A partir de uma visão absolutamente original de nossa história, ele combina pesquisas de ponta e os mais recentes avanços científicos à sua conhecida capacidade de observar o passado de uma maneira inteiramente nova. Assim, descobrir os próximos passos da evolução humana será também redescobrir quem fomos e quais caminhos tomamos para chegar até aqui”. Enfim, história começou quando os homens criaram os deuses (e criaram religiões para a suas latrias) para explicar cosmogonias e terminará quando os homens se tornaram deuses
Feita esta brevíssima apresentação dos dois best-sellers, antes de trazer explicação à minha leitura em paralelo, algo do autor.
Yuval Noah Harari (Haifa, 24 de fevereiro de 1976) leciona no departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém. Especializou-se primeiro em História mediavel e História militar, antes de completar seu doutorado no Jesus College, Oxford, em 2002. Desde então, ele tem publicado numerosos livros e artigos.
Ele agora é especialista em História mundial e processos da macro-história. Sua pesquisa atual se concentra en questões como: Qual a relação entre
a História e a Biologia? Qual a diferença fundamental entre o Homo sapiens e outros animais? Existe justiça na História? A História tem uma direção? Será que as pessoas se tornaram mais felizes com o passar do tempo?
Harari diz que a meditação Vipassana** que ele começou enquanto estava em Oxford em 2000 "transformou minha vida". Ele pratica durante duas horas todos os dias (uma hora no início e no final de seu dia de trabalho, realiza anualmente um retiro de meditação de 30 dias ou mais, em silêncio e sem livros ou mídias sociais. Ele dedicou o Homo Deus a "meu professor, SN Goenka, que me ensinou amorosamente coisas importantes" e disse: "Eu não poderia ter escrito este livro sem o foco, a paz e a visão adquirida com a prática de Vipassana por quinze anos". Ele também considera a meditação como uma maneira de pesquisar.
**[(= VIPASSANA ver as coisas como realmente são), é uma das mais antigas técnicas de meditação da Índia, onde é ensinada há mais de 2500 anos.]
Harari é vegano e vive em um moshav (tipo de comunidade rural, cooperativa, semelhante aos Kibtuzes que combina fazendas geridas privadamente e coletivização de serviços, como a comercialização de produtos e algumas vezes indústria leve). Também consta que ele não tenha smarthfone.
Transcrevo de extensa lista, de mais de três páginas, dentre mais de duas dúzias de agradecimentos, os dois últimos:
"A Chamba, Pengo e Chili que me ofereceram uma perspectiva canina de algumas das principais ideias e teorias deste livro.
E a meu marido e administrador Ytzik, que hoje já funciona como minha internet de todas as coisas."
Comentário acerca de um dito esdrúxulo paralelismo: Quando a Carla, com entusiasmo recomendou-me Sapiens adquiri a versão física do livro. Comprei-o junto com Tio Petrus (assuntado aqui /SET) que li primeiro pois além de ser ‘levinho’ era um romance envolvendo a história a Matemática. Mas Sapiens pelo seu volume, por sua capa seduzia-me. Comecei imediatamente a ler (isso significa que Sapiens furou a fila de pelo menos uma dezena, que aguardam vez em lugar especial em minha sala). Logo me encantei com o texto.
 No dia 11 de setembro ganhei um inesperado presente. A Gelsa deu-me um ‘Kindle paperwithe’ que nem participou da viagem que começava no dia seguinte. Levei o Sapiens.
Dias depois recomendava à minha colega Maria do Carmo (FURG) Sapiens. Ela respondeu-me recomendando Homo Deus. Fiz então uma experiencia lapidar. Melhor seria dizer antilapidar. Comprei o Homo Deus em versão eletrônica para o Kindle. A experiência me seduz.
O meu smartphone pesa 240g e o Kindle, que pode conter centena da livros (como o Sapiens que pesa 800g), pesa 203g. Só isso faz diferença especialmente nestes tempos que as companhias aéreas cobram fortunas para excessos de peso nas bagagens.
A outras vantagens: a eleição do tamanho das letras; qualquer palavras que não sabemos, o Priberam nos explica em apenas um clique; com todas as palavras consultadas é preparado uma listagem para aperfeiçoar o vocabulário; acerca de qualquer nome próprio ou acontecimento referido, se assim desejarmos, a Wikepédia nos atualiza; as notas de fim de volume são acessadas a um clicar no número das mesmas, com retorno ao texto de onde a chamamos; mesmo que estejamos lendo mais de um livro, ao clicar em qualquer um deles, somos remetidos ao ponto onde paramos; como na edição digital, o número de páginas inexiste, pois depende do tamanho das letras, somos continuamente informados sobre o percentual do volume já lido; recebemos também uma previsão de minutos para terminar cada capítulo, estimado em função de nossa velocidade de leitura.
Deve haver outras benesses que ainda não apreendi. Enquanto escrevo este texto tomo conhecimento de um kindle, a prova d’água, para ler na piscina.
Aos que acham que fui cooptado à nova maravilha: Se me fosse oferecida a digitalização dos cerca de 4 mil volumes de minha biblioteca, em troca da massa de papel que os mesmos produziriam, qual seria a minha resposta? “Não, muito obrigado!”
Só não poder mais evocar historias passeando nas lombadas de livros perfilados nas diferentes estantes já me faz triste. Mesmo que me fosse permitido retirar, talvez duas dezenas de exemplares registrado como “raros e/ou preciosos” como um Alcorão dito de 1680, adquirido na Turquia ou exemplar do livrinho vermelho de Mao, que comprei na China ou um devocionário que fora de minha mãe.... mesmo assim, recusaria, por ora a proposta.
Qual pode ser a diferença que pode nos seduzir na comparação de um massudo livro em suporte físico se comparado com um livro digital invisível? Uma situação que me agrada é ver livros. Hoje me encanta ver raras pessoas lendo livros em sala de embarque ou num voo. Isso parece cada vez mais raro. Veja a sedução de um livro que parece abandonado sobre um sofá te chamando para uns minutos de prazer.
Parece válido prognosticar a existência dos dois suportes. Um e outro têm atratividades. Os olhos, as mãos, o esforço físico parecem nos fazer preferir digital. O saboroso convívio com a interação tátil e ocular se traduzem em vantagens para livro físico. Vivas para os dois. 

6 comentários:

  1. Uau, como não se enamorar pela ideia de viajar pelas páginas de um livro? Acerca de livros de história: seria possível viver sem memória e a tentativa de, continuamente, estar reescrevendo os fatos? Ainda penso que "Ler é emancipar-se", mesmo com a sensação de aprisionamento pelo sistema hegemônico...E vamos aos livros. Grande abraço, mestre. Uma blogada repleta de "Alfabetização científica". Encantado.

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    1. Meu colega Vanderlei,
      adiro a tua síntese: Encantado.
      Tu vais dizer isso à leitura do 'Homo deus'

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  2. Meu Caro Chassot...

    Hoje me dediquei a avaliar tia blogada e o assunto que trazes. Também tenho tido a pretensão de ler dois títulos ao mesmo tempo. Não é muito fácil e por vezes confunde. Mas, parece que assim me penitencio da obrigação de estar em dia com as leituras.

    Te afirmo que a tua blogada já me provocou, e certamente uma das indicações vai prá fila das aquisições.

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    1. Meu estimado Jairo,
      a qualquer futurição, provavelmente nos enganaremos.
      Tu como historiador te maravilharás com Harari,
      Saúde

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  3. Chassot, amigo querido e a todos os compartilhantes de tuas blogadas. Ainda que a tecnologia nos traga grandes benefícios - não se pode duvidar ou recusar, é bem verdade! - devo dizer, que em relação ao livro, declino da possibilidade virtual. Só não consigo ficar sem o material físico. Em Angatuba, quando distribuímos "Quase muertos en la biblioteca" para as 180 crianças, foi mais do que recompensador, perceber e sentir, naqueles sorrisos, a alegria do manuseio pelas páginas impressas. Somo-me a outros, pois também não tenho celular. Em meu PC uso o word e acesso à internet. Para a escrita, também declino dos infindáveis recursos que me são oferecidos. Verdadeiramente, não preciso deles. Não o digo com arrogância, longe disso. É, simplesmente, mesmo! Se coisas assim nos aproximam dos ancestrais e da Terra primitiva, então, festejo por tais vínculos. De tudo, expresso minha admiração à tua postura, Chassot, homem que compartilha décadas de vida e que não ignora, nem mesmo, a Tecnologia. Seria este o equilíbrio aristotélico aplicado ao que temos de ponta em produções virtuais? Abraços, desta Sorocaba calorenta!

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    1. Muito querido amigo Élcio,
      mais um ponto que faz se espraiar a admiração que tenho por ti. Es um asmartfone. E ter nisso a companhia de Harari é um destaque.
      Não me perfilo entre os que têm no Smartphone algo demoníaco, mas reconheço que mais desune do que une.
      Ele, no mínimo, aproxima os que estão longe, mas afasta os que estão próximos.
      Laudetur

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