ANO
10 |
A G E N D A em www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
3090
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É no esteirar de dois fatos que se faz esta edição. No dia 30 de
agosto, fiz uma blogada na qual entristecido narrava a morte de Olivier Sacks.
No dia seguinte, por várias razões, a morte ecoou na aula da Universidade do
Adulto Maior (UAM). A notícia, mesmo esperada, comoveu a muitos. Este evento
catalisa trazer algo que há muito merece registro.
Minhas alunas e meus alunos, dos diferentes níveis: UAM,
mestrado e graduação têm uma característica que me encanta. De maneira usual
trazem livros, revistas, recortes de jornais, DVDs etc. que julgam que eu
mereça conhecer e oferecem-me por empréstimo. Claro que, muitas vezes, constranjo-me,
pois não tenho a disponibilidade para fruir o material em tempo hábil para a
devolução e também dizer do significado da oferta. Na semana passada, Maria
Rita Bortolon, aluna da UAM, trouxe-me uma preciosidade: o livro de memórias de
Sacks. Li o denso livro no último fim de semana. Encantei–me. Comovi-me.
Aprendi muito.
Assim a repercussão de uma morte de alguém que nos assemelhava
muito próximo e a generosidade de alunos pensando em obsequiar oportunidades de
ilustração a seu professor, fazem a tessitura desta blogada que inaugura um
feriadão. Talvez, possa até estar fazendo uma sugestão de leitura para estes
dias.
SACKS, Olivier. Sempre em movimento: uma vida. [On the movies: a life. (Tradução: Denise Bottmann)] São Paulo: Companhia das Letras,
2015. ISBN 978-85-359-2613-2
Não tenho listado quantos eu li, da mais de uma dúzia de livros
de Olivier Sacks que a Companhia das Letras publicou. Mas, fiquei muito
desejoso de ler aqueles que não li e, inclusive, reler alguns que a leitura de
suas memórias me instigou. Um dos mais emocionantes foi Tempo de despertar, do qual o filme homônimo é dos mais
emocionantes. Também destaco A ilha dos
daltônicos, O homem que confundiu sua mulher com um chapéu e Tio Tungstênio, este narração de sua infância
química.
Livros de memórias com este que comento aqui, ou Tio tungstênio, se constituem em um dos gêneros literários
que mais me encanta. Biografias, e especialmente autobiografias, é um gênero literário
me encanta. Quando estas são de coetâneos há sabores especiais, pois podemos
acompanhar com nossas histórias paralelas. Recordo o sabor de ler as memórias
de Amós Oz (De amor e trevas) que
nasceu no mesmo ano que eu. Quando ele contava algo imaginava que o narrado
acontecia quando eu tinha a mesma idade do escritor.
Complemento este comentário, que deseja ser um entusiasmado convite
à leitura das memórias de um neurocientista e escritor mais prolífico
contemporâneo com a transcrição das orelhas do livro.
“Quando Oliver Sacks tinha doze anos, um professor bastante
sagaz escreveu numa avaliação: "Sacks vai longe, se não for longe
demais". Hoje está absolutamente claro que Sacks jamais parou de ir. Desde
as primeiras páginas, onde ele relata sua paixão de juventude pelas motos e
pela velocidade, Sempre em movimento parece estar carregado dessa energia.
Conforme fala de sua experiência como jovem neurologista no início dos anos
1960 - primeiro na Califórnia, onde lutou contra o vício em drogas, e depois em
Nova York, onde descobriu uma doença esquecida nos fundos de um hospital -,
vemos como sua relação com os pacientes veio a definir sua vida.
Com a honestidade e humor que lhe são característicos, Sacks nos
mostra como a mesma energia que motiva suas paixões "físicas" -
levantamento de peso e natação - alimenta suas paixões cerebrais. Sacks escreve
sobre seus casos de amor, tanto os românticos quanto os intelectuais, sobre a culpa
de abandonar a família para vir aos Estados Unidos, sua ligação com o irmão
esquizofrênico e sobre os escritores e cientistas - Thom Gunn, A. R. Luria, W.
H. Auden, Gerald M. Edelman, Francis Crick - que o influenciaram. Sempre em
movimento é a história de um pensador brilhante e nada convencional, o homem
que iluminou as muitas formas com que o cérebro nos faz humanos”.
Não conheço nada do referido autor. No entanto fiquei pensando no título da obra. Quão intensa é a vida para, muitas vezes, restringir-la ao consumo de coisas, ou não? Penso no mestre e a intensidade do seu cotidiano com suas viagens, palestras e caminhadas...Isto é viver em movimento. Que exemplo!
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