ANO
9 |
EDIÇÃO
3057
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Na semana que está
terminando, por dever de ofício, li cerca de meia grosa (para quem já esqueceu:
uma grosa = doze dúzia) de resenhas acerca do texto: A Ciência é masculina? É, sim senhora! produzidos por alunas e alunos
de duas turmas da Licenciatura em Música do Centro Universitário Metodista do IPA.
Este era um dos quatro textos que produziram na disciplina de Teorias do
Desenvolvimento Humano, neste semestre.
Quase todos evidenciaram
dois indicadores para justificar a hipótese, que depois de busca de explicações
em nossos DNA se faz comprovoda: 1) a pesquisa do cientista estadunidense
Michael Hart: “Quais os nomes mais
significativos, em todos os tempos e em todas as geografias na história da
humanidade? que apresenta
como resposta uma lista de 100 nomes, dos quais apenas duas mulheres. 2) a contabilização da outorga dos Prêmios Nobel de Ciências em mais de um século, com menos de três
por cento de mulheres laureadas em um universo de 575 premiados com os Nobel de
Física, Química e Medicina ou Fisiologia.
Mesmo que conhecesse
que desde 1901 já foram distribuídos 104 Prêmios Nobel de Literatura, dos quais
apenas treze foram para mulheres, encontrei outro indicador significativo.
Em edição de junho
do blogue de Nicola Griffith (Yorkshire, 1960; escritora, editora e ensaísta britânica
de ficção científica) há informações significativas. Ela fez um levantamento dos
livros de ficção premiados com os principais prêmios literários (Pulitzer, Man
Booker Prize, National Book Award, National Book Critics, Hugo e Newbery), nos últimos
15 anos e chegou a conclusão de que — com exceção do Newbery, que se destina a
premiar literatura infantil e juvenil — são mínimas as chances de um livro
escrito por uma mulher e/ou com uma mulher como protagonista, ser premiado.
Em média, os livros
premiados são, em sua maioria, escritos por homens com protagonistas homens. O
predomínio masculino aumenta quanto mais prestigiado é o prêmio. Outro detalhe,
quando mulheres são as vencedoras, seus livros, na maioria das vezes, têm
homens, como protagonistas.
Em http://nicolagriffith.com/blog/page/2/
se pode encontrar gráficos de cada um dos prêmios e análises bem mais extensas das
que eu trago. Ilustro com os dados de um dos prêmios mais prestigiados: o
Pulitzer, nos últimos cinco anos. Agradeço a Carlos André Moreira, que fez o alerta em Zero Hora.
Confirma-se, uma vez
mais, que não apenas a Ciência é masculina, mas a maior parte da produção
humana, ainda, é
masculina.
Soneto-acróstico
ResponderExcluirÀs evas
Não há estigma qualquer que as defina
Ou que nos diga que diferentes elas são
São seres cuja cabeça o mundo ilumina
Seja na ciência, na literatura, no condão.
A mulher, nosso bom senso nos ensina
Sapiente, engajada e eivada de emoção
Madurece melhor que nós desde menina
Ubérrima de ideias que para frente estão.
Logo, é incompreensível que na ciência
Haja essa espécie de tola discriminação
E da literatura não devem ter ausência.
Receio que o homem seja um fanfarrão
Esquecido que a mulher é em essência,
Seguramente dos problemas a solução.