i09/02/2024 Depois de uma celebrada última edição — Bons e maus exemplos: na hora da tormenta, a gente descobre quem é quem — quando então quebramos uma abstinência de seis edições, voltamos a mais edição deste fevereiro canicular. O reflexivo texto de nossa última fora publicado em 20/01/2024, por Juliana Bublitz, Editora do Informe Especial de Zero Hora. Hoje se atende a pedidos de leitores e se faz central aqui, pela segunda vez consecutiva, um texto da mesma articulista: A noite que ninguém dormiu, acenado na última blogada aqui fora publicado em Zero Hora em 17/01/2024.
POR FAVOR: imagine girado 90 graus
Antes de trazer o texto já anunciado é significativo referir a solidariedade de colegas e amigos. Na região onde eu moro (Rio Branco) a passagem da tempestade arrancou jacarandás da altura de edifícios de sete andares. Tenho num sétimo piso uma horta-jardim onde tenho amoreira, pitangueira, araçazeiro; jabuticabeiras butiazeiro, videiras, palmeiras… todas resistiram impávidas. Tenho dois conjuntos de mandacarus alguns com cerca de cinco metros. Destes de cada conjunto perdi um dos menores.
Não foi sem razão que minha amiga Ivone Conceição Fossa,escreveu: Mestre, na noite do temporal, eu não estava em Porto Alegre!! Fiquei muito preocupada com todos meus amigos!! Este blog é a essência do Mestre!!
Depois deste preâmbulo, envolvidos votos de paz e saúde nestes dias momescos, ofereço a meus leitores o anunciado texto: A noite em que ninguém dormiu!
Veio com tudo. E foi assustador. A fúria do clima recaiu sobre o Rio Grande do Sul na noite deste 16 de janeiro de 2024, derrubando árvores, destelhando casas, paralisando cidades, levando ao menos uma vida. Em Porto Alegre, revivemos o pavor da tempestade de 2016. Foi uma madrugada insone e tensa.
Pela janela do prédio, vi os jacarandás da altura do edifício, no bairro Menino Deus, onde moro, sacudindo como se não fossem de madeira. O vento era tão forte que os troncos vergavam. Pareciam feitos de papel, frágeis e instáveis, fazendo lembrar que somos nada diante da força da natureza e dos eventos extremos de um clima em mutação.
Pedras de gelo despencaram sobre a urbe. A chuva vinha de todos os lados. A luz foi-se em minutos (até eu conseguir chegar à redação de GZH, às 7h desta quarta-feira (17), não havia perspectiva de retorno). Ruas e avenidas viraram rios barrentos. Ao lado de casa, uma árvore de quase 10 metros foi arrancada pela raiz e cobriu toda a via.
Algo aconteceu no telhado. A água começou a gotejar no quarto, no corredor, no apartamento dos vizinhos. Baldes, panos. Rápido. Acabou a bateria do celular. Restou o rádio, com as informações atualizadas pela Gaúcha. Menos mal. Na rua, vizinhos tentavam chegar, alguns com água pela cintura. Outros saíam para ajudar. A solidariedade que vimos em 2016, veja só, parecia estar de volta.
- Está tudo bem?- Vamos puxar aquele galho? Será que posso passar aqui? - Cuidado, melhor fazer o retorno, a água bate na porta do carro! Nessas horas, a gente passa a acreditar que a humanidade ainda tem jeito, até que a vida volte ao normal.
Algo aconteceu no telhado. A água começou a gotejar no quarto, no corredor, no apartamento dos vizinhos. Baldes, panos. Rápido. Acabou a bateria do celular. Restou o rádio, com as informações atualizadas pela Gaúcha. Menos mal.
Na rua, vizinhos tentavam chegar, alguns com água pela cintura. Outros saíam para ajudar. A solidariedade que vimos em 2016, veja só, parecia estar de volta. - Está tudo bem?- Vamos puxar aquele galho?- Será que posso passar aqui?- Cuidado, melhor fazer o retorno, a água bate na porta do carro! Nessas horas, a gente passa a acreditar que a humanidade ainda tem jeito, até que a vida volte ao normal outra vez. Aí, seguimos sem olhar para o lado, sem dar atenção àquela noite insone e assustadora que, um dia, será apenas uma lembrança ruim.
Que sufoco, mas como dissestes, nessas horas podemos ver e sentir o humano ser humano. Abaços Mestre
ResponderExcluirDe fato foi uma noite terrível, gera desconforto imaginar que tem grandes chances de se repetir. São os "novos tempos".
ResponderExcluirFoi muito assustador. Mesmo não estando em Porto Alegre, senti, solidariamente, com todas as pessoas amigas, o horror de viver a enorme fúria da tempestade! Forte abraço, caro Mestre!
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