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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

KINDER versus AVENIDA BRASIL

 

SEGUNDA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO DE 2012

KINDER versus AVENIDA BRASIL

Por diversas conjugações  — quase inexplicáveis  — estou ofertando a meus leitores, na íntegra, uma edição do blogue que circulou há exatos 11 anos. Faço apenas três minúsculos comentários 2023. 

O primeiro: nessas quinta e sexta feiras vindouras estarei participando do 42o EDEQ no prédio, bonitamente restaurado, onde fora o Instituto de Química da UFRGS e eu fui professor das disciplinas teórica (QUI101) e experimental (QUI107) e diretor.

O segundo: o bizarro comentário do “The Guardian” destacando o fato de a presidente Dilma Rousseff ter adiado o comício por conta da novela (o evento aconteceria no mesmo horário, às 21h). O assunto ainda rendeu um dos nove comentários à blogada ora reeditada. Por ora, isso não mais seria assuntado, pois podcasts permitem assistir em qualquer horários noticiosos, novelas, eventos esportivos…

O terceiro: não fossem alguns mentefatos como blogues, diários, fotografias… eu jamais escreveria livros como o Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto, com mais de 500 páginas. Quando reli a edição, logo a seguir transcrita, tudo parecia inédito para mim… e mais não me reconhecia autor do texto. Os fatos se esvaem… as palavras ficam!


De repente, na noite da última sexta-feira, especialmente, quando me deslocava do encerramento do 32º EDEQ no Planetário da UFRGS para atividade acadêmica no Centro Universitário Metodista do IPA, me senti um alienígena. 

Noticiava-se (já ouvira, algo nos noticiosos ao desjejum) que o Brasil ia parar, devido ao imprevisível final de uma novela. Falava-se que o país teria colapsação de energia. E eu não sabia nada do assunto. Sinto uma sensação de excluído quando não entendo de uma notícia.

Era informado que naquela noite terminaria uma novela. Soube então o título da mesma. Será que teria ver aquela desgrenhada e quilométrica avenida que se serpenteia lentamente quando se chega ao Galeão, ou melhor, ao ‘Aeroporto Maestro Antônio Carlos Jobim’ na Cidade Maravilhosa, que no percurso da Avenida Brasil não assim tão maravilhosa.

Quando se dizia que o Brasil inteiro parava, professores e mestrandos ouvíamos de dois muito competentes profissionais, durante aula no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão apresentar a “Kinder”.

Não sei das emoções que teve o encerramento da novela, mas para mim jamais me impactariam como ao saber, pelos depoimentos de Carla Rejane Crixel Fernandes e Guilherme Barnasque Duarte, que desde 1988, há em Porto Alegre uma instituição presta atendimento interdisciplinar a bebês, crianças e adolescentes portadores de deficiências múltiplas, sem condições financeiras. Ela é a única no gênero que oferece educação especial para deficientes múltiplos com comprometimento grave, integrando a reabilitação e habilitação.

A Kinder acredita no potencial de aprendizagem do ser humano, independente do grau de lesão física, sensorial ou mental, propiciando a estas crianças e jovens o direito de ir à escola (www.kindernet.org.br).

Parece não haver dúvidas que pelo menos uma fração de brasileiros na noite teve uma programação muito mais relevante. Mas ontem minha leitura de jornais me atualizou um pouco.

Os noticiosos contaram que o último capítulo de Avenida Brasil, exibido nesta sexta-feira pela Globo, teve muitas emoções. Carminha confessou ter matado Max, foi presa, saiu da cadeia três anos depois e foi recebida por Lucinda no lixão. Se reconciliou com Nina e Jorginho. Cadinho acabou casando oficialmente com suas três mulheres, que largaram Jimmy após uma discussão – elas queriam só dinheiro e ele sexo. Realmente ‘emocionante’. Mas li mais: a novela 'Avenida Brasil' ganhou destaque na mídia internacional.

Rendeu assunto também para a mídia internacional. O site do jornal britânico “The Guardian” destacou o fato de a presidente Dilma Rousseff ter adiado o comício que faria com Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura de São Paulo, para não perder quórum por conta da novela (o evento aconteceria no mesmo horário, às 21h). O assunto ainda rendeu reportagens no site da BBC da América Latina e Caribe.

O jornal francês “Le Figaro” creditou a popularidade da novela ao “inovador” retrato da ascensão social dos brasileiros. “O Brasil está apaixonado por uma novela”, defendeu a publicação logo no título.

Realmente, há que por reserva a manchetes consagradas como estas: “O Brasil inteiro pulou carnaval durante três dias” (nos jornais de quarta-feira de cinza); “O país inteiro parou para assistir o jogo do Brasil” (recorrente durante a Copa do Mundo); “Nesta sexta-feira todo o Brasil aguarda emocionado para saber quem...” (nos noticiosos de 19OUT2012).

O Kinder, passados os anos que este blogue viveu esquecimentos, continua facilitando a vida de muitos.

2 comentários:

  1. Muita verdade, "o Brasil iria parar" , eu já pensaria em greve geral algo realmente relevante. Mas é assim mesmo Mestre, desde Roma com o Coliseu, enquanto " o povo se diverte" atrocidades passam às escusas tirando daquele próprio povo. É triste, mas seguimos na luta pela consciência e educação que libertará!.

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