ANO 17*** 13/01/2023***EDIÇÃO 2066
A primeira semana de 2023 nos sabia à alma lavada com lavanda. Talvez, seja mais eufônico: lavada com alfazemas. No primeiro blogue de 2023, a propósito da morte do Papa Bento, o Sábio, ao se discutir Religião e Ciência, a Sílvia Chaves, UFPA, postou “Nossa live em 2020 demonstra que o diálogo Ciências-Religião não só é possível como pode ser interessante, alegre e fraterno. Ótima blogada!” Ao que comentei: ”Obrigadíssimo, Sílvia querida! dentre a centena de lives na qual embalamos diálogos -- sem saber que viveríamos a dolorosa perda do Licurgo, partícipe conosco de memorável live onde vivemos amorosamente o dialogo entre Religião e Ciências”
Pandemia / Educação a distância / Mestrandos e doutorandos defenderem dissertações e teses sem nos vermos jamais pessoalmente orientando e orientadores / mortes coroadas /…/ e muito mais eram lembranças pálidas. O primeiro dia de janeiro tem apenas um mote: as saborosas evocações da terceira investidura do Lula como presidente do Brasil. Parecia que borrasca cessava.
Assistimos por mais de três horas desde a saida de Lula do hotel, a passagem pela catedral, a chegada na Câmara onde houve protocolos na assunção ao cargo de Presidente e pronunciamento de discurso muito significativo. Depois houve o deslocamento no Rolls Royce para a Esplanada dos Três Poderes. Aqui houve a surpresa decorrente da negação dos ainda Presidente e Vice Presidente se negarem a entregar a faixa: uma representação da nação se fez alternativa: uma catadora, um deficiente, um indigena, um homoafetivo… também o cachorro da primeira da primeira dama, recolhido há epoca da prisão de Curitiba. Ascendido ao parlatório Lula, uma vez mais fez uma fala de cerca de 30 minutos, da qual trago um pequeno mas denso excerto: Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. E esta sera a grande marca do nosso governo (...) E assumo o compromisso de cuidar de todos os brasileiros e brasileiras. sobretudo aqueles que mais nescessitam, e acabar outra vez com a fome neste País.
Os jornais de segunda-feira, dia 2, mostravam imagens da comovente remexida na outorga do símbolo do poder do Presidente saindo de cena sem entregar a faixa: até quem não curtia pets fez a cadela Resistência parecer unanimidade nacional. As vigilias de dias e noites no presídio de Curitiba sob mando do carcereiro Moro pareciam esquecidas. O povo brasileiro se fazendo em uma assamblage da nação Brasil foi um sucesso.
As cenas nas quais havia pessoas estas pareciam formigas tal a imensas quantidades de pessoas que nem nos lembrávamos que ainda pudesse haver questionamentos às urnas eletrônicas. A primeira página de um jornal brasileiro exemplifica meu relato.
Domingo, dia 08 de janeiro, no mesmo local, uma enxurrada de vândalos transforma o festivo primeiro domingo do ano em um cenário de horror e de destruição. O Brasil viveu neste domingo - 8 de janeiro de 2023 - uma página triste e lamentável de sua história, fruto do inconformismo de quem se recusa a aceitar a democracia. Não preciso (até porque não tenho condições) fazer uma minuciosa descrição. As brasileiras e os brasileiros (e também muitos humanos de outros países) acompanharam no segundo domingo do ano, estarrecidos, os atos de vandalismo e terrorismo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Frente a esses atos, houve manifestações no Brasil e no exterior dos mais absolutos repúdios, uma vez que atentam ao estado democrático de direito e ao patrimônio público. As brasileiras e os brasileiros (e também muitos humanos de outros países) acompanharam no último domingo, dia 8 de janeiro, estarrecidos, os atos de vandalismo e terrorismo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A escolha dos locais para a vandalização (Esplanada dos Três Poderes: Congresso Nacional / Palácio da Alvorada / Tribunal Superior de Justiça) não óderia ser mais emblemática.
Ajuda-me, mais uma vez, a edição semanal desta sexta-feira o excelente PONTO Newsletter do qual transcrevo os dois textos que encerram esta segunda blogada deste já machucado 2023..
“” “Lua de fel. “O governo Lula assumiu há poucos dias e estava recém empossando ministros, tomando as primeiras medidas administrativas e esboçando sua política econômica quando foi pego desprevenido numa tarde de domingo. Passado o olho da tormenta, pode-se dizer que o resultado da crise que eclodiu no dia 8 é ambíguo. Por um lado, até as emas do Planalto sabiam que os bolsonaristas estavam a caminho de Brasília e pode-se dizer que a ameaça foi negligenciada. Mas Lula e seus ministros têm a seu favor o álibi de que estavam há poucos dias no poder para ter pleno conhecimento e controle da situação. Mais importante são as consequências políticas. A começar pela imediata mudança da pauta: saíram de cena as políticas que o governo vinha propondo desde as eleições (combate à fome, crescimento econômico, reconstrução das políticas públicas…), assim como o rançoso mantra do mercado contra a política fiscal, e entrou em pauta a repressão ao golpismo e a defesa das instituições. A intervenção no Distrito Federal e o afastamento de Ibaneis Rocha reafirmaram a autoridade de Lula sobre os governadores. E a indiscriminada destruição que atingiu a sede dos três poderes contribuiu para endossar a posição de Lula como chefe de Estado. No geral, pode-se dizer que as instituições saem fortalecidas, ao menos simbolicamente, com a unidade em defesa da democracia e de enfrentamento ao golpismo, assim como os que ocupam os postos de comando no momento: o presidente da República, os presidentes da Câmara, do Senado, do STF e, em especial, o presidente do TSE Alexandre de Moraes. E, para provar que a política brasileira não é para amadores, a gravidade do momento inverteu até o posicionamento sobre o crime de terrorismo. A proposta que sempre foi defendida pela direita agora é mobilizada pela esquerda para enquadrar os bolsonaristas. O risco, no entanto, é que o governo se torne um permanente refém da agenda golpista.”
“A resposta dura de Lula na reunião com os governadores - fazendo menção a dois temas que causam arrepios por baixo das fardas: a responsabilidade pelas tortura e pela ditadura militar e depois mandando às favas a balela de que as forças armadas são o poder moderador - é sinal de que a paciência acabou e que o governo sabe que precisa tomar as rédeas do aparato armado de uma vez. Por hora, Múcio e os militares se sustentam em cordas bambas. Menos sorte tiveram as faces públicas da intentona: Ibaneis Rocha e Anderson Torres. A ressaca do dia seguinte foi suficiente ainda para respingar no guarda costas de Bolsonaro, Augusto Aras, na candidatura do ex-ministro bolsonarista Rogério Marinho para a presidência do Senado e para deputados e filiados do PL, PP, PSD, Podemos, Republicanos e Cidadania. E tudo indica que a hora de Bolsonaro está para chegar depois que a PF encontrou na casa de Anderson Torres um plano golpista impresso e auditável, enquanto os dados revelados de gastos do cartão corporativo indicam o financiamento público das motociatas e da doce vida de Carluxo e irmãos.
O título desta edição é um saudosismo do professor de Química que se fez Professor de Ciências. "antípoda" adjetivo de dois gêneros e substantivo de dois gêneros 3. Diz-se de ou o que se encontra em lugar diametralmente oposto a outro. 4. Que ou o que constitui o oposto de algo. = CONTRÁRIO (Priberam).
Nenhum comentário:
Postar um comentário