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sexta-feira, 2 de julho de 2021

02JULHO2021.- Saberes indisciplinares – episódio DOIS


ANO
 15

Sugestãode lives

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EDIÇÃO

1375

Ontem, 1º dia do segundo semestre (civil; o acadêmico está ainda desarranjado) o Laboratório Indisciplinar recebeu o Prof. Dr. Ribamar Júnior do IFPA Câmpus Marabá Rural. As palavras iniciais do sociólogo na apresentação da instigante palestra Alternância Pedagógica: Tempos/Espaços de Produção de Conhecimento foi contextualizar seus relatos como ações indisciplinares; isto é em ressonância com trabalhos de dissertações de meus orientandos no LabIn.

 Mesmo que não temamos sair da zona de conforto, é muito bom coabitá-la em prestigiada companhia. Assim se fortalece a proposta feita na última edição (25JUN2021).

Na busca de um assunto para o último blogar junino, se propôs tentar responder uma pergunta recorrente: POR QUE UMA CIÊNCIA INDISCIPLINAR? Ante a extensão do tema, pareceu válido fracionar a resposta à questão fulcral em episódios. Assim convido a nos abeberar do Segundo episódio da série.

Assim, ante o exposto na edição anterior, reconheço o quanto eu fui reducionista ou mesmo simplista em A ciência através dos tempos (Chassot, 1994)*, quando me refiro à revolução copernicana ratificada pela revolução galilaica e encimo o capítulo com um título no mínimo tendencioso: Século 16: nasce a ciência moderna, numa leitura que desconhece o que se fez no mundo não europeu. Reabilito-me, um pouco, em outros textos e especialmente quando, nesse mesmo livro, a partir de sua edição de 2004, apresento um novo capítulo: Uma história da ciência latino-americana determina outro marco zero. Neste, acena-se para possíveis leituras do desenvolvimento em épocas pré-colombianas do que chamamos hoje de arquitetura, engenharia, agronomia, astronomia, hidrologia, matemática, medicina, isto é, a existência de atividades científicas relevantes. Nessa dimensão, indicam-se possibilidades de outras duas leituras: i) a influência da relação da ciência e tecnologia no desenvolvimento de altas culturas na América pré-colombiana; e ii) a (re)valorização desses conhecimentos e técnicas, não apenas para fazer um resgate histórico, mas numa tentativa de mostrar o quanto a recuperação dos conhecimentos (quase) perdidos podem ser importantes para a população latino-americana que vive em situação de pobreza. Talvez, quando soubermos melhor explicar por que no oriente não houve (ou não precisou ter) revolução científica, tenhamos mais convincentes explicações de nossa acerbada visão disciplinar. Isso será facilitado também por leituras aprendidas no budismo ou no hinduísmo e ainda em outras filosofias orientais. A estas, provavelmente consigamos acrescentar também as marcas do islamismo em nossa formação; e nas ciências, o quanto essa vertente é forte. Outra dimensão nos recortes que fazem minhas análises serem ainda empobrecida é a ausência das muito importantes contribuições da matriz africana. Acerca da matriz indígena, como referi no parágrafo anterior, está se buscando contribuições como, por exemplo, Chassot e Camargo (2015)**. É salutar nos desafiarmos para responder a esta pergunta: No oriente, não ocorreu revolução científica por influência de filosofias orientais, pois a maneira de estar no mundo não teve exigências de uma ciência marcada por certezas? ou A ocorrência de revoluções científicas no ocidente pode ser creditada a maneira cristã de estar no mundo? Talvez, uma síntese que poderia ser tema de uma significativa tese doutoral: é a presença de livros sagrados (Torá, Bíblia ou Corão), resguardada por uma ortodoxia religiosa, que fez um fértil substrato para revoluções científicas? Afinal, não é, por exemplo, a matemática do livro que tem mais valor frente à etnomatemática. Como argumento à tese: “é a presença de livros sagrados para cada uma das três religiões abraâmicas, resguardado por uma ortodoxia religiosa, que fez substrato para as revoluções científicas”. Poderíamos recordar que as quatro maiores revoluções científicas tiveram suas certidões de nascimento exaradas por livros que não apenas abalaram o mundo, mas receberam aceitação e garantiram uma disciplinarização marcada por uma ortodoxia como já anunciei quase na abertura deste texto. Mesmo que a proposta aqui seja olhar como nos fizemos sujeitos disciplinares, parece que a tese antes enunciada devesse permear algumas das considerações trazidas neste texto. Olho um bordado. Encantam-me as tramas. Parece uma pintura. Depois, observo o avesso. Não parece crível que aquele emaranhado de fios, que mais parece uma maçaroca, tenha produzido aquele bordado. Portanto, aqui e agora, parece importante que vejamos um pouco do avesso de uma longa e também cruenta trajetória.

*CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, ISBN 85-16-01095-3), 1994

**CHASSOT, Attico Inácio; CAMARGO, Camila Guidini A interculturalidade e as intempéries de Chronos e Kairós: sobre tempos indígenas e não indígenas na universidade Revista Pedagógica (ISSN 1984 – 1566) Programa de Pós-Graduação em Educação (PPG-Educação) da UNOCHAPECÓ, p. 59-74, v.17, n.34, JAN/ABR. 2015

Agora aguarde o terceiro episódio da série POR QUE UMA CIÊNCIA INDISCIPLINAR?

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