ANO 15 |
Agenda de Lives em página |
EDIÇÃO
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Hoje é o Dia do Químico. Dispenso cumprimentos. Não sou/nunca
fui Químico. Nos meus mais de 60 anos de docência, em pelo menos a metade, fui
professor de Química. Mais de uma vez, ouvi de doutos profissionais da área da
Química a depreciativa afirmação: “quem sabe faz, que não sabe ensina!”
Abstenho de contestar.
No ufanismo comemorativo pela data, tenho, nesta sexta-feira,
duas palestras: às 16h no Câmpus da FURG em Santo Antônio da Patrulha RS, buscarei
responder: “O que é Ciência, final?” Às 19h, em Amargosa, na
Universidade Federal do Recôncavo Baiano tento espiar por “Uma Brecha entre
o Passado e o Futuro”.
Esta agenda me obriga a não participar do final da edição de
hoje da apreciada oficina que encanta o nosso sextar: “A arte de escrever
Ciência com arte!” Daniel — o Polímata — com galhardia garante o êxito no
burilar rascunhos para deles fazer textos.
Mais uma vez sou inspirado neste blogar com um texto bíblico
que é homólogo em Lucas, Marcos e Mateus: “Ninguém acende uma candeia e a coloca em lugar onde fique
escondida, nem debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a num local
apropriado, para que os que entram na casa possam ver seu luminar (Lucas, 33).
Robson
Vinicius Cordeiro* comentou, na última edição (11JUN) deste blogue, algo merece
ascender a texto capital — até porque os comentários não são fruídos por um
significativo número de leitores — para que os que entram no blogue possam usufrui-lo.
Por tal transcrevo: Mestre Chassot, a reflexão trazida a luz presente é urgente! Eu, como professor e gestor escolar, tenho acompanhado esse crescente abismo social se alargando por conta de um ensino híbrido que nos foi imposto sem uma preparação adequada. Não o entendo como problemático, mas vejo o problema de fazê-lo sem os debates e condições necessárias para garantir equidade de acesso e de desenvolvimento para todos os alunos.
Sua
posição acerca da Alfabetização Científica como assemblage é algo que eu
já vinha lendo de seus textos (ainda que indiretamente) desde 2014-2015 quando
defendi minha dissertação de mestrado. Nós somos permeados por múltiplas
linguagens e línguas e os processos de aprendizagem dessas línguas se misturam
como a própria realidade que é una-múltipla (quase que a Trindade cristã).
Já
alertava no texto dissertativo, quando eu discutia o controverso tema
"educação/alfabetização plena" presente nos escritos do Pnaic sobre a
complexidade e o emaranhamento do mundo contemporâneo, exigindo uma educação
que afine a relação dos sujeitos com a realidade e aqui não falo apenas como
processo de acumulação de saberes, mas de compreensão e de uso responsável,
crítico e consciente dos mesmos. E tal processo passa pelo desvelar das
barreiras disciplinares da realidade, que é naturalmente indisciplinar. Ou
seja, se hoje, quando pensamos a realidade precisamos trocar lentes com uma
vasta frequência, como se quiséssemos olhar por um caleidoscópio monocromático,
sem apreciar as belas mandalas formadas, devemos perceber o desafio que é
reconhecer o colorido do mundo e suas fascinantes combinações o disciplinares,
em que física, química, história, geografia, biologia, antropologia, arte,
filosofia, entre tantas outras lentes são o mesmo caleidoscópio.
Traz para
nós sua observação perspicaz acerca dessa alfabetização digital que hoje
aparenta ser pré-requisitada e, de fato, estamos vivendo um conflito geracional
cada vez mais marcado o que é extremamente desafiador. Que tenhamos a energia e
sensibilidade necessárias para assumir a árdua tarefa, como professores e
professoras, de construir pontes onde há abismos e portas onde há apenas muros.
* Robson
Vinicius Cordeiro é Licenciado em Filosofia e Pedagogia, especialista em
Arte-Educação, mestre em Educação em Ciência e Matemática e doutorando pelo
Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto
Federal do Espírito Santo (EDUCIMAT/IFES). Investiga práticas pedagógicas que
contribuam para alfabetização científica e linguística dos alunos ingressos no
ensino fundamental, em diálogo com a história e filosofia das ciências. É
professor de Filosofia e alfabetizador na Rede Municipal de Cariacica-ES e
atualmente atua como Diretor na Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria
Paiva. É também artista visual autodidata, especializado em aquarelas, com foco
na representação iconográfica de paisagens e fenômenos históricos, culturais e
sociais do Espírito Santo, buscando a valorização do "ser capixaba".
Amigo sempre lúcido em suas colocações. Não tenho como não lhe admirar e aprender a cada lida, a cada encontro. Obrigado.
ResponderExcluirExcelente!! 💙👏👏👏
ResponderExcluirEssa parceria Mestre Chassot e Robson, coorientador e orientando, já deu certo!👏👏👏👏👏👏👏👏👏 Doutorando do Educimat nos dando orgulho! Mestre nos dando esse privilégio de dialogar com um grande referêncial teórico da Educação Brasileira!
ResponderExcluir🥰 Parceria que nos orgulha!!!
ResponderExcluirExcelente reflexão Robson. Agradecemos ao mestre Chassot pelo espaço. 🥰
ResponderExcluirO ensino se faz mais complexo a cada dia, no entanto, a opressão ao educador público parece ultrapassar em velocidade...como se valorização profissional não está no cardápio de uma Ensino atual e de qualidade. Será que teremos de colocar os números, digo valores, na comparação a outras profissões tão importantes quanto? Viva estes governos, destruidores da educação, do serviço público e ...... parece desabafo....também. Alfabetização científica, uma necessidade, inclusive para tal percepção.
ResponderExcluirMestre Chassot, que honra encontrar meu comentário destacado na edição de 18/06/21 do blogue! E reitero minha compreensão acerca desse desafio educacional presente: fazer alfabetização científica está para além dos limites disciplinares impostos pela organização da escola e do currículo tradicional. É um exercício contínuo de reflexão e aprendizagem acerca do nosso mundo e seus seres e das nossas relações com ele e com eles!
ResponderExcluirSaiba que, fazendo memória à edição de 11/06/2021, a regra da escuta profética na sua própria nação as vezes encontra exceções. E fico feliz em ser uma exceção!
Texto que nos remete a muitas reflexões desafiadoras!
ResponderExcluirComo de costume, muito bem colocado. E a seção de comentários deste blogue invariavalmente é também bastante qualificada. Um respiro de alívio!
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