ANO
ANO 14 |
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E abril já passou da metade. Nos últimos 30
dias, lavamos as mãos com sabão mais de 3627 vezes. E um fenômeno nacional: Eis
que de repente alunos, pais, avós, empregadas domésticas e professores brasileiros foram declarados com
expertise em Ensino à Distância.
Dentre
mais de uma dezenas plataformas o WhatsApp se tornou salva-vidas para perguntar
para avó como resolver problema proposto a alunos do 5º ano do Ensino Fundamental:
Há 3 companheiros que pesam 50kg, 80kg e 100kg e precisam chegar a outra margem
de um rio, dispondo de um barco que tem a capacidade máxima de transportar 140kg.
Qual o mínimo de viagens necessárias?
As discussões se estenderam e foi esquecido que
cerca de um terço dos lares brasileiros não tem acesso à internet. Parece que
imagem, da qual não localizei a autoria, traduz um pouco a dificuldade de fazer
os três amigos para chegar a outra margem.
Li comentários tão dispares entre si quanto as
posições do Presidente e do ex-Ministro da Saúde. Uns de dar dó, outros muito
bem postos, marcados por muito bom senso. Destes, trago o do Prof. Dr. Hélio
Messeder Neto, da UFBA, publicado no Facebook em 01/04/2020. Agradeço ao meu
colega e amigo Márlon Soares da UFGO, que me alertou ao texto, que transcrevo
na íntegra, autorizado pelo autor.
Acredito que as sábias considerações de Messeder
Neto possam contemplar o abrandamento de tensões de reclusos domiciliares não
tão expertos em EaD nestes tempos viróticos.
Eu trabalhei numa especialização EaD em que
levamos em média 6 meses para montar um ambiente virtual com auxílio de um
técnico especializado, uma especialista em EaD, dialogo com professor formador,
escrita de material de ambientação na plataforma e apoio institucional do
ambiente virtual da universidade. A especialização durou um ano e meio com
inúmeros e infindáveis ajustes técnicos e de condução pedagógica.
Destaco alguns detalhes:
1- Era uma especialização. As pessoas já tinham
passado pelo menos por uma graduação.
2- Tínhamos todo o apoio técnico necessário. E
pelas nossas milhões de ressalvas com EaD, tentamos, com uma equipe gigante,
transformar o espaço distante o mais próximo possível.
Depois de tudo isso, estávamos exaustos e com a
certeza que por mais potente que tivesse sido o curso, ele, em formato EaD, tem
um limite esvaziador estrutural, principalmente dentro da realidade massacrante
que vivemos.
Escrevo isso para dizer que o que estamos
fazendo com os professores da escola básica nesse período é DESUMANO. Diante da
impossibilidade técnica e dos sucessivos improvisos, o professor precisa se
virar, sem nenhum apoio na maioria dos casos, para enviar arremedos de atividades
para reproduzir a escola. De uma hora para outra obrigam os professores a
fazerem milagres, cantar, dançar, ler historias, fazer experimento, editar vídeo,
pensar roteiro fazendo com que ele trabalhe, algumas vezes, mais do que antes,
com condições precárias e, claro, excluindo os estudantes que não tem acesso à
internet.
Se com todas as condições que tivemos a
experiência EaD foi angustiante, uma experiência que é arremedo de EaD me deixa
DESESPERADO.
De novo, se exige do professor que ele se vire.
E, de novo, por compaixão e responsabilidade por seus alunos e, em alguns
casos, para manter seus empregos, os professores estão se virando. E estão
exaustos
Lembrem-se disso na hora da greve da Educação. Máximo
respeito aos professores.
Expectantes de que continuemos, se possível, a ficar em casa. Só a troca de um ministro não tem a magia de terminar
com uma pandemia. Apenas invocar os deuses não basta.
Querido prof. Chassot!
ResponderExcluirEm mais um domingo de quarentena, ouso fazer um rápido comentário sobre minha experiência com o ensino 0n-line. Nesses últimos 30 dias sem atividades presenciais na escola, meus filhos tem desenvolvido algumas atividades utilizando ferramentas digitais, algo desafiador para família, alunos e professores.
Abruptamente essa realidade foi imposta nos vários níveis de ensino, sem considerar a experiência digital de crianças, jovens e adultos. De repente profissionais da educação começaram uma busca desenfreada por informações a repeito de ferramentas que pudessem auxiliar neste momento de pandemia. De sorte existem algumas, e que dada a experiência com elas, grande parte da sociedade, agora, sabe que nenhuma delas substituirá as aulas presenciais.
Meu filho mais novo (6 anos) não quer mais assistir as aulas on-line, disse "mãe eu não gosto de aula no computador, prefiro que a senhora me ensine". Em uma clara preferência pelo método presencial de ensino, e nesta provocação, sigo com eles até as coisas voltarem a ser como antes, e que depois desta vivência em tempos de pandemia, onde muitos desafios serão superados, voltemos como pessoas e profissionais mais humanos.
Um grande abraço e até breve querido professor!
"De novo, se exige do professor que ele se vire. E, de novo, por compaixão e responsabilidade por seus alunos e, em alguns casos, para manter seus empregos, os professores estão se virando. E estão exaustos
ResponderExcluirLembrem-se disso na hora da greve da Educação. Máximo respeito aos professores."
Uau...!!!
Caro Mestre, para nós, professores, a conjuntura em função da Pandemia é oportuna para um imperativo: De que no processo de ensino-aprendizagem a presença FÍSICA é INDISPENSÁVEL. Nada e nenhum recurso virtual substitui.
Abraços!!!