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sexta-feira, 8 de junho de 2012

08.- RELIGIÃO x CIÊNCIA ou FÉ x RAZÃO



Ano 6*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2137
Nos sete primeiros dias de maio o ‘meio ambiente’ foi assunto quase diário. Mesmo que não tenha discutido certa impropriedade na denominação ‘meio ambiente’ pois como alerta, com propriedade, o biólogo Martin Sander em suas sempre preciosas reflexões no Facebook: “não seriam estas duas palavras um pleonasmo ou tautologia? Pois, na realidade o meio também é um ambiente. E até pode dar a ideia de metade. Com outro significado, temos: alimento ecológico; produtos orgânicos e até boi orgânico”. A ideia de metade é aproveitada de uma maneira inteligente em um comercial de ‘tintas ecológicas’ quando um casal diverge acerca da cor de uma sala e surge a solução tida como em defesa da natureza: ‘pintemos meio ambiente azul e meio ambiente amarelo!’
Desejo aproveitar esta edição que se faz em dia que temos manhã com temperaturas negativas no Rio Grande do Sul — inclusive em Porto Alegre —, para alguns, é feriado — ou ponte (nas duas instituições que trabalho é dia não letivo) para comentar algo não usual de duas edições recentes deste blogue. Trago o assunto, para guardar, aqui um registro, pois sei que há pesquisas acerca de repercussões de blogues que se propõem a fazer alfabetização científica. As duas edições são de 06JUN e 30MAI. Uma e outra com dimensões muito distintas.
A primeira, mesmo que tenha circulado, por um empastelamento sem o primeiro parágrafo: “Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente ou é o Dia Internacional do Meio Ambiente. Mesmo que saiba fazer a diferença etimológica das duas adjetivações não sei o porquê das duas diferentes acepções. A Wikipédia não faz verbete a nenhuma das acepções, nem mesmo a Dia do Meio Ambiente” teve uma visitação excepcional (vale assinar que o contador registra apenas uma visita por I.P por dia): 425 visitas, sendo 399 do Brasil e 26 de oito outros países. Assim, neste 6 de junho houve o dobro da média diária, sem que houvesse uma explicação para tal. Essa frequência não se manteve nos dois dias seguinte.
A edição 30.- FOGUEIRA HÁ UM MILHÃO DE ANOS teve outra dimensão em sua repercussão. Foi uma blogada ‘discreta’ que contava acerca de um achado arqueológico que se fez manchete. Pois ela gerou 73 comentários (o usual são 3 ou 4 comentários por dia), com esta distribuição: diferentes leitores cotidianos: 6; Cícero: 29; Mário: 20; Sílvia: 14; e Chassot 4.
Na verdade o cerne foram debates acirrados entre Cícero Ramiro Pereira, que em seu perfil se apresenta como um ‘apologista cristão’ e dois renomados paleontólogos: Sílvia Gobbo e Mario Alberto Cozzuol. Há réplicas e tréplicas de mais de uma lauda. Há debates preciosos.
Há manifestações de fundamentalismo. Há esclarecimentos fundamentados. Usei propositadamente estas duas palavras para procurar mostrar que todos nós — crentes e não crentes — buscamos fundamentos para assentar nossa fé ou nossa razão.
Na manhã desta quarta-feira, fiz uma fala a uma turma de alunas e alunos de uma sexta série do ensino fundamental da Escola São Mateus da Ulbra, todos em idade de uma de minhas netas que nasceu em 1999, onde autografei livros para alunos que orientados pelo Prof. Guy B. Barcellos leem A ciência através dos tempos. Quando parti para esta atividade, já havia mais de uma dezena de postagem entre os três debatedores naquela manhã. 
Isto catalisou, em muito meu entusiasmo, na fala, àquela meninada curiosa. Eis um excerto de discussões daquela manhã.Há diferentes perspectivas para olharmos o mundo natural: podemos fazê-lo com os óculos das religiões, dos mitos, da ciência, do senso comum, do pensamento mágico, dos saberes primevos... Não afirmamos qual desses mentefatos culturais é o melhor e tampouco que haja a necessidade de nos valermos apenas de um deles.
Comparemos perspectivas de olhar o mundo das religiões e a da Ciência. Por que entre os seis óculos, elejo esses dois?
Há pelo menos três justificativas: 1) Religiosos ou não, a religião é onipresente em nossas vidas. 2) Recrudescimento dos fundamentalismos; 3)A marcante presença da ateologia neste século 21
As religiões afirmam a existência de uma verdade global, imanente, eterna, completa, que trata tanto da natureza como do homem. Esta verdade tem uma exigência fulcral para crê-la: a FÉ.
A Ciência não tem a verdade, mas aceita algumas verdades transitórias, provisórias em um cenário parcial onde os humanos não são o centro da natureza, mas elementos da mesma. O entendimento destas verdades – e portanto a não crença nas mesmas –, tem uma exigência: a R A Z Ã O.
Talvez, uma utopia, pois não se prognostica um choque entre o racionalismo científico e a autoridade da fé. Ao contrário: à Ciência estaria reservado o papel de explicar e transformar o mundo; às religiões estaria destinado garantir que essas transformações sejam para melhor.
Todavia as ações da Ciência não são sempre eticamente boas....assim uma Ciência que era dicotomizada como sendo...
… ora uma fada benfazeja, ora uma bruxa malvada.
Depois… ora uma fada benfazeja, ora um ogro maligno.
Agora, a Ciência se parece como um Golen (ou Goilen).
Enfim minha fala foi, como já disse tantas vezes, para mostrar que podemos optar porque óculo queremos usar para ler o mundo. Cada escolhe o que lhe produz mais conforto e bem estar.

9 comentários:

  1. Caro Attico,
    eu sei que você também acha isso, mas é muito importante quebrar esta suposta dicotomia, ou opção, sobre este tema de grande importância para a sociedade toda.

    Sugiro este vídeo, da BBC, que acho muito bom e extremamente claro e equilibrado:
    http://www.youtube.com/watch?v=mEwrkjTbWgU

    Esta em inglês, mas tem ele também som subtítulos, mas em partes, aqui a primeira:
    http://www.youtube.com/watch?v=lXQaDAenY74
    As partes seguintes se encontram na página.

    Uma das coisas mais interessantes é que mostra-se que os dois extremos estão errados e que, embora quera se passar outra impressão, as visões mais fundamentalistas são muito recentes.

    Abraços

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  2. Caro Attico,
    podemos ver o mundo com vários óculos,porém para tal antes precisamos adquiri-los,me refiro aos ciência e até mesmo o da religião,acredito que mulheres e homens precisam alimentar corpo,intelecto e espírito.
    Então cabe a nós escolher o momento de usar cada um deles.

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  3. alo mestre...
    O leitor que aparece como USA possivelmente seja uma feliz vovo que aqui esta a viver a alegria do nascimento da neta Mikeila que nasceu dia 28 de maio..com carinho a leitora diaria
    Elzira

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    1. Muito querida Elzira,
      primeiro, votos de uma boa chegada ao Planeta à Mikeila, que afortunadamente será uma mulher de novos tempos com menos discriminações;
      e,
      depois congratulações a vovó que desde Maravilha chega a USA para curtir a filha e a neta.
      Na alegria de tê-la como minha leitora muito especial,
      a admiração
      attico chassot

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  4. Caro Chassot,
    gostei da tua explanação sobre os óculos para ver a realidade; especialmente gostei da diversidade de lentes; confesso que gosto de olhar a realidade com perspectivas diferentes em momentos diferentes; não sei explicar essa tendência:quem sabe comodismo, quem sabe necessidade... acabo descobrindo 'verdades' distintas e até complementares.

    Um abraço,

    Garin

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  5. Caro mestre, muito me engrandece o espírito as suas palavras, afinal como já disse o sábio dos sábios "a palavra é o refrigério da alma". Atrevo-me a complementar o raciocínio com a introdução de um novo personagem no contexto da questão. Seria o fetiche do acúmulo de vantagens financeiras que norteia o mundo de forma nunca dantes tão presente. Acredito que em nossa realidade a ciência e a religião já são apenas instrumentos da economia, humildes servas fiéis aos propósitos espurios do lucro imediato. Sem um fim financeiro, nada acontece. Ficamos cada vez mais a margem do rumo de nossas vidas, uma vez que elas não mais nos pertencem, pertencemos ao sistema e se não nos inserirmos no contexto somos imediatamente substituídos. Mais uma vez, desculpe a audácia do comentário, um abraço do eterno aprendriz.
    Antonio Jorge

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  6. Caro Chassot,
    Como disse alguém fazendo humor: "Chega de meio ambiente, vamos cuidar do ambiente inteiro". Ironia a parte, devemos continuar a luta sem esmorecer. Abraços, JAIR.

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  7. Prezado Mestre
    Compartilhar o conhecimento com amigos, colegas e até com desconhecidos deve ser prazeroso e não desgastante. Com certeza é uma maneira de repartir e ampliar a visão dos fatos e até do não provado.
    Como seria compartilhar com cidadãos do mundo, sem limites ou fronteiras? Seria fantástico, mas muitos são os limites que impedem esta relação e maiores são os limites na alfabetização científica.
    Inúmeros são os textos, livros, blogs, sites ... além das diferenças de linguagem e isto somente pensando na escrita e falada. Temos ainda os interesses pessoais, coletivos, empreendimentos, política economia...
    mas poder compartilhar já é um grande avanço.

    Para mim estas “blogadas do Chassot”, aqui na nossa casa e na universidade, geralmente provocam grandes discussões. Às vezes, mais quentes que a água do chimarrão e de maneira espontânea leva a leitura e reflexão de inúmeros textos.

    Em parte, nos levam a ficar atentos ao não provado, pois é ele que provoca a inquietude. Atiça-nos em busca de fatos. Alguns afirmam que nada mais é do que ceticismo exagerado. Mas, na verdade devemos também ser céticos com questões científicas.
    Considerar todas as evidências disponíveis antes de concluir, deveria fazer parte não somente do cientista, mas do humano de modo geral.

    Na realidade, de maneira consciente ou inconsciente compartilhamos com todos e com tudo, até com um ancestral primata.
    Somos primatas, na classificação zoológica, mas não somos macacos e nem eles são humanos. Não somos cetáceos, nem minhocas, nem borboletas... mas, compartilhamos algo em comum. Também não somos vegetais ou minerais, mas compartilhamos algo em comum.
    Alguns chamam esta interação ou compartilhamento de hipótese biogeoquímica; Teoria de Gaia ou ecologia profunda.

    Em relação ao conhecimento e em especial a alfabetização científica, é fundamental repartir de várias maneiras o que sabemos e vivemos. Deixar que as inquietudes provoquem a busca de conhecimento, não nos manter na inércia. Lembro também, que não é somente a linguagem a ferramenta única deste compartilhamento. Existem diferentes modos de comunicação, de relação ou de repartir. Por exemplo: dissolver a sacarose na água, e tomar a solução, nos provoca diversas sensações, assim como tomar sol, que favorece o corpo na obtenção da vitamina D.
    São diversas as formas de compartilhar, muitas das quais bem conhecidas e classificadas, outras tantas, ainda desconhecidas.

    A supremacia ou superioridade absoluta, não combina nas interações ambientais ou no diálogo. Não somos mais importantes que uma minhoca ou um macaco. Às vezes até acho que estes são mais importantes do que nós, pois quando vejo que tudo o que sabemos, conhecemos e possuímos, ainda assim, não somos capazes de viver em harmonia com respeito as diferenças. Mesmo o papel do predador, este não é superior ao da presa, ambos fazem parte de uma interação importante na natureza. Assim como nós fazemos, compartilhando ideias, conhecimento, sensações, etc... na alfaberização científica.

    Buscar conhecimento é o resultado da nossa inquietude no passado a milhares de anos. A descoberta do fogo possibilitou ao humano muitas novidades, uma delas a mais singela de se locomover, sair em viagem do desconhecido, uma das grandes viagens: as regiões frias; o fundo dos oceanos e o mais recente, o espaço além da estratosfera, vide a astrobiologia. Tudo isto em parte das respostas sobre o desconhecido.

    Os fatos aí conquistados e acumulados foram e são compartilhados, transformando o humano. Na espécie mais importante? Não!
    Somente deu a ele mais espaço para sobreviver, assim como qualquer organismo vivo.

    Martin Sander

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  8. Ave Mestre,

    sempre é bom receber-te lá na escola. Os alunos e o professor ficaram muito satisfeitos.
    Foi, sem dúvida, tua fala mais inspirada já proferida no Museu da Natureza.

    Este blogue é mais que um site, é tua sala de aula. Deveria ser Ágora do Mestre Chassot.

    Grande abraço,
    Guy.

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