TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

sábado, 4 de outubro de 2014

04.- UM ANTI-VOTO


ANO
 9
Livraria virtual em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2916

Na edição dominical, que circulará à meia-noite, faço uma breve reflexão a cerca deste domingo, 5 de outubro, buscando adjetivá-lo. Concluo: ele é mesmo solene.
Já retornado dos dois dias muito produtivos na UNISC em Santa Cruz do Sul. Os educadores gaúchos que se envolvem no fazer alfabetização científica usando a Química, como uma das áreas da Ciência de estudo, encerraram um muito produtivo evento. A politecnia e o seminário de pesquisa no ensino médio foram os pontos destacados.
O título da postagem, desta véspera de eleições onde exerceremos cinco escolhas, poderá levar a inferir que esteja propondo um sexto voto. Não sou tão pretensioso que pensasse em reforma eleitoral. Mas, gostaria de ter um anti-voto.
Como no último dia 24, abri aqui meu voto, lastreado em um gráfico que mostra a significativa alteração dos estratos sociais, no Brasil, nos últimos 12 anos, com os excluídos diminuindo significativamente, hoje anuncio que meu anti-voto seria para uma figura abjeta. O meu anti-voto seria para uma figura abjeta. Votaria no senhor José Levy Fidelix da Cruz (Mutum, 27 de dezembro de 1951), político brasileiro e fundador do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). Este político não é candidato a vereador em Mutum e sim a presidente da Republica do Brasil. Acho que a ficha limpa poderia incluir atestado de idoneidade moral.
No debate entre presidenciáveis transmitido pela TV Record último domingo (28), o candidato do PRTB disse que o crescimento dos casamentos gays pode reduzir o tamanho da população brasileira e sugeriu que homossexuais precisam de "ajuda psicológica". "Luciana [Genro, candidata do PSOL], você já imaginou que o Brasil tem 200 milhões de habitantes? Se começarmos a estimular isso aí [casamentos entre homossexuais], daqui a pouquinho vai reduzir pra 100. [...] Então, gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria [gays]. Vamos enfrentar, não ter medo de dizer que sou pai, mamãe, vovô. E o mais importante é que esses, que têm esses problemas, realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo mas bem longe da gente, bem longe mesmo por aqui não dá", disse Levy Fidelix. Levy arrancou risadas ao dizer que a pergunta era jogo pesado, e engrossou o tom, dizendo que "aparelho excretor não reproduz" e dispensando votos de homossexuais.
Muitos responderam ao inidôneo candidato. Destaco aquela que escreveu meu colega e amigo Guto, também esposo da Karina, minha orientanda de mestrado:
Senhor Fidelix,
Primeiramente, gostaria de me apresentar. Meu nome é Carlos Augusto Borba Meyer Normann, sou biólogo, graduado pela UFRGS, tenho mestrado pela UNICAMP e atualmente sou graduando em Música pela Metodista do Sul - IPA e exerço o cargo e função de Biólogo na SEMAM de Novo Hamburgo, no vale do Rio dos Sinos, perto de Porto Alegre.
Para os devidos fins, vi sua resposta à candidata Luciana Genro (PSOL). Tive a alegria de ser professor do filho da candidata, sr. Levy. É um garoto alegre, que, na época, cursava Educação Física na Metodista de Porto Alegre, no IPA. Era um promissor atacante, que se enveredou por uma outra opção acadêmica. Um garoto inteligente, filho de uma grande mulher.
Pois o senhor, quando foi questionado sobre sua opinião a respeito do casamento homoafetivo, foi bastante enfático dizendo: "pelo que eu vi na vida, dois iguais não fazem filho. Aparelho excretor não reproduz", o senhor continuou.
Primeiramente, afora sua carga de ódio pelos homossexuais e homoafetivos, que não se explica em pleno século XXI, o senhor deveria ter cuidado antes de falar sandices. Afora sua abjeta homofobia, fica clara sua desinformação absoluta sobre um tema o qual o senhor pretende discutir, algo no mínimo desinteligente! Sim, pois o aparelho excretor do homem "faz filho", ao contrário do que o senhor, de forma tosca, vociferou no ar. Tem uma partezinha do aparelho reprodutor masculino que é comum ao excretor. Sim, caso o senhor não saiba, o aparelho excretor é formado pelos rins, ureteres, bexiga urinária, uretra e um tal de pênis, no homem. Ele é estrutura comum aos dois aparelhos. Caso o senhor não tenha permitido que caia a ficha, parece que o homem precisa do seu aparelho excretor para reproduzir... Excretor e digestório não são a mesma coisa. O cólon, o reto e o ânus estão associados ao aparelho digestório.
Outra coisa: o aparelho excretor feminino está intimamente ligado ao aparelho reprodutor. Na mulher, há glândulas especiais, as glândulas de Skeene, ligadas à uretra. É a análoga da próstata do homem, sr. Levy (aliás, o senhor já conferiu a quantas anda a sua próstata?). Logo, por se tratar de uma estrutura ligada ao intercurso, podemos afirmar que há participação de estruturas excretoras no ato de reproduzir, de forma direta ou indireta.
Sr Levy: além de ser fortemente homofóbico e reacionário, o senhor é, no mínimo, desinformado, para não dizer outras expressões que não me cabem nesse momento. Uma pessoa que almeja a cadeira presidencial falar desinteligências e não buscar informação verdadeiramente científica, despida de fundamentalismos, é algo pelo menos absurdo, sr. Levy.
Um conselho: leia. Mas leia sem vendas, sem antolhos. Leia aquelas obras restrições ao conhecimento científico também? Pelo seu discurso, nunca se sabe.
Boa sorte domingo!

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. JLF

      Pois é, uma democracia é isso,
      Santa tolerância entre opostos.
      Pessoas da elite ou do cortiço
      Tem seus semblantes expostos.

      Até energúmenos por aí vêm
      Excretando merda pela boca,
      Eles têm seguidores também,
      Pois a sociedade é “cosa loca”.

      E esse apedeuta terá votação
      Em todo o território nacional
      Trata-se de gente sem noção
      Que de eleição faz carnaval.

      Mesmo se eleito será babacão
      Levy Fidelix tem cérebro asnal.

      Excluir
  2. Entendo que isto só mostra a fragilidade em que se encontra nosso sistema político. Pois aceitar um "ser" destes é, no mínimo, falha no sistema. Algo está errado. É a escola "bolsonaro".
    Não costumo empunhar bandeira em público. Porém, embora reconheça que se poderia ter avançado muito mais, ousado defender algumas bandeiras que se defendia com mais veemência, é visível o avanço social pela inclusão. Há menos miséria. O ensino superior cresceu. Precisa-se visualizar mais qualidade na educação como um todo. Precisa-se desatar o nó do ensino básico. Penso que seja possível com o modelo político vigente, desde que as reformas (política e...) aconteçam logo. Não perdi a esperança, nem a utopia. Principalmente onde ainda há líderes que transparcem confiança (Um político que abre mão do seu salário vitalício por direito não o faz por recusar dinheiro. Demonstra noções sobre ética, coerência) e zelo pelo que é público.

    ResponderExcluir
  3. Antigamente, durante o processo de canonização pela Igreja Católica, havia um Promotor da Fé (Latim Promotor Fidei), designado pela própria Igreja, cuja função era encarar com ceticismo o candidato à canonização, procurando lacunas e falhas no processo (por exemplo, inconsistência nas provas dos supostos milagres, etc). Por exercer essa função, o Promotor Fidei era popularmente conhecido como "Advogado do Diabo" (Latim advocatus diaboli).(fonte wikipédia) .
    Hoje farei o papel do advogado do Diabo. A maioria de nós , das gerações mais antigas, não acompanham com tanta complacência as rápidas mudanças que a sociedade apresenta. A transformação dos costumes, a quebra de antigos tabus, encontram uma uma resistência natural inerente a raça humana. Por mais que empunhemos bandeiras, entoemos discursos, lá em nosso íntimo ainda permanece latente uma repulsa àquela ideia contraria aos nossos costumes de então. O acontecido com nosso infeliz candidato nada mais foi do que um homem velho que não soube segurar sua língua e abusou da sinceridade. Não defendo a homofobia, sempre digo e repito que existe uma linha tênue entre o radicalismo e o racional. Somos seres plurais, e aceitar as mudanças na sociedade é conviver com a evolução, porém não sejamos hipócritas ao apontar o dedo em riste acusando o desafortunado candidato de único que não aceita evolução. Há de se respeitar o livre direito de manifestação, com isso acredito que o mesmo também pagou o preço de perder os eventuais votos que teria.
    Um bom domingo a todos com um voto consciente, sugerindo que cada um olhe bem em volta examinando a sua realidade para mensurar suas escolhas.

    ResponderExcluir
  4. Meu Caro Chassot
    O candidato Levy Fidelix representa uma grande porcentagem do que temos no Congresso Nacional. Muitos estão ali preocupados tão somente com o próprio umbigo e defendendo interesses pessoais. Tomara consigamos por muitos anos exercer a cidadania e a democracia para aprender a votar corretamente, de forma a não mais parir no seio da classe política energúmenos como o Sr. Fidelix.
    Um abraço embora a indignação de tudo que se ouviu neste últimos dias nos debates dos presidenciáveis.

    ResponderExcluir