TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

13.- No Reino de Netuno 1



Ano 6 *** Frederico Westphalen *** Edição 1990
Estamos numa sexta-feira, 13, neste bissexto 2012. A quinta-feira foi mais um dia de calor aqui em Frederico Westphalen onde os deuses não ouviram os rogos dos mortais pedindo chuva. Ontem prosseguiram minhas atividades no seminário Teorias do conhecimento e Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da URI. Hoje pela manhã completarei as 36 horas-aulas que foram distribuídas nos meses de novembro, dezembro e janeiro.
À tarde estarei retornado rumo a Porto Alegre, onde devo chegar às 22 horas. Pela primeira vez farei de ônibus de dia a parte inicial da viagem.
Antes de dar voz ao Prof. Guy Barcellos, que hoje apresenta em sua terceira crônica estadunidense, permito-me anunciar para amanhã uma importante resenha: O Cemitério de Praga, de Umberto Eco. Antecipo uma questão: ¿É ético (ou pelo menos aceitável), um dos maiores intelectuais escrever um livro de ficção onde o personagem central assume posturas antissemíticas, antijesuíticas e antimaçônicas durante toda obra?
Agora o prof. Guy — enquanto estamos vivendo aqui um dos verões mais secos e quente — nos leva a um lindo passeio, que parece são faz bálsamo à nossa secura. Nosso guia nos brinda um relato que se faz refrigério.
No Reino de Netuno 1 As profundezas do pélago e seus habitantes sempre enfeitiçaram os seres humanos e aguçaram sua curiosidade. Não deve haver quem não fique maravilhado ao ver a magnífica adaptação das baleias à sua casa aquosa, ou quem não encha as retinas e o espírito com as cores dos recifes de coral.
Por estas razões vemos que muitos querem um pouco desta beleza dentro de suas casas, montam-se aquários e tanques de água doce e salgada. E vemos espalhados pelo mundo incontáveis aquários gigantes e oceanários, para ensinar às nações sobre a biodiversidade que se descortina abaixo da linha d’água. Felizes de nós que vivemos em uma época com tecnologia suficiente para montarmos um aquário que possa reproduzir ecossistemas marinhos onde vivem grandes peixes e cetáceos.
Na crônica de hoje iremos fazer um mergulho, não ao Oceano Índico como fizemos em outra blogada, mas ao Oceano do Georgia Aquarium. O maior aquário do mundo (foto 1). Esta imensa obra, localizada na cidade de Atlanta, foi um presente do empresário Bernie Marcus à comunidade atlantense. No valor de 300 milhões de dólares. ...Sem descontar no imposto de renda. É notável como nos EUA os mais endinheirados têm a cultura de doar o lhes sobra a museus, orquestras, escolas, universidades, bibliotecas, óperas, orfanatos etc. Já que em certos países critica-se tanto os EUA poderiam sim copiar o que eles têm de bom.
Ao contrário dos aquários de Monterrey, Montecarlo, Lisboa e Barcelona, que ficam próximos ao mar o Georgia Aquarium fica a aproximadamente 600km do mar, portanto sua água salgada – modestos 38 milhões de litros – é produzida no próprio aquário. A partir da água doce captada do Lago Lanier, que abastece Atlanta, nela são misturados sais que a fazem ficar idêntica a uma das composições media da água do mar. Na maior piscina, o Ocean Voyager (foto 2), onde vivem dois tubarões baleia e duas arraias manta mais grande elenco/cardume (60 espécies), ficam 23 milhões de litros de água que são filtrados a cada hora (!) em um filtro que é uma planta de estação de tratamento de água urbana, considerada uma das melhores do planeta. A sensação de observar este aquário é a mesma de estar andando de submarino (menos claustrofóbica é claro), falo com conhecimento de causa...
A janela é feita de um acrílico especial de 60cm de espessura. Richelle, a simpática e articulada mediadora desta atração me disse (foto 3) que quando os japoneses que fizeram o acrílico foram lá para instalar as seis placas da janela puseram uma cortina para que ninguém visse o segredo de colá-las...
Vejam só, mais uma vez eu querendo impressionar com os números... No entanto as obras primas da engenharia devem ser sempre vistas com assombro e respeito, pensemos quantos anos e quantos especialistas estiveram envolvidos na construção deste lugar que tanto alegra as pessoas.
Não só alegra como educa: o Georgia Aquarium é um grande centro de educação em Ciências. Possui convênios com escolas, programas de educação ambiental, gera 300 empregos para diversos pesquisadores, tratadores, veterinários, biólogos e oceanólogos e conta com 1500 voluntários, que passam por vários cursos e treinamentos.
Os animais são todos tratados com absoluta dignidade e grande cuidado, veterinários ficam 24h a postos para atender a biodiversidade do aquário, tanto que raramente morrem ou ficam doentes. Já fui ao aquário três vezes, em três anos diferentes e percebi que poucos haviam sido substituídos. As piscinas são réplicas dos ecossistemas onde habitam e livres de parasitas e ameaças que o mar ofereceria. Além disso, serve como um grande centro de pesquisa, envolvendo instituições de todo o Planeta, para uma melhor compreensão da natureza e sua proteção massiva e qualificada.
Apresenta também um recife de coral (foto 4), onde a cada minuto uma onda arrebenta contra os escolhos para manter a água oxigenada tal como na natureza (foto 5). Não há como não se comover diante de toda beleza do balé das anêmonas e dos peixes coloridos. Além dos peixes podemos encontrar piscinas com 14 golfinhos – não poderiam faltar – e outra com quatro belugas, as baleias brancas do ártico, uma delas grávida (foto 6). As maravilhas que a natureza construiu pela evolução, ao longo de milhões de anos, acessíveis ao ser humano e à (sua) Ciência realmente tiram o fôlego!
Este passeio ao Reino de Netuno não termina por aqui, quarta-feira que vem irei mergulhar no aquário, portanto nosso próximo encontro será literalmente submerso.

7 comentários:

  1. Caro Chassot,

    impressionante como conseguem fazer a reprodução do ambiente natural tão loge do mar. Concordo com o Prof. Guy: os capitalistas, que crescem a cada ano no Brasil, tão dedicados a imitar e a exaltar os EEUU, deveriam também imitar seus afortunados cidadãos, doando suas fortunas para fundações desse tipo.

    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir
  2. Caro Attico,

    o relato do professor Guy nos deixa sem fôlego, por tanto nos prender a atenção com os riquíssimo detalhes expostos sobre o aquário e sua biodiversidade.
    Parabéns mais uma vez por nos trazer algo tão interessante.

    Abraços,

    PAULO MARCELO

    ResponderExcluir
  3. Caro Chassot,
    O Guy Barcellos nos proporcionou um mergulho em águas calmas e salgadas a 600 quilômetros do mar, e isso já é inusitado. E ainda permite-nos participar, com uma prosa ágil e escorreita, de suas impressões sobre esse fabuloso aquário. Embora eu conheça outros aquários desse tipo, essa blogada fez-me ganhar o dia. Abraços, JAIR.

    ResponderExcluir
  4. Meu caro Garin,
    estas doações que o Guy destaca e que tu ratificas seriam entre nós particularmente frutuosas para estabelecimentos de ensino.
    Abraços de Frederico Westphalen que esta manhã teve abençoada chuva

    attico chassot

    ResponderExcluir
  5. Meu caro Paulo Marcelo,
    só quem — como eu — já aprendeu contigo acerca dos corais e arrecifes da Praia da Boa Viagem pode imaginar o que foi para ti esta blogada.
    Saudades de tuas aulas

    attico chassot

    ResponderExcluir
  6. Estimado Jair,
    é bom ouvir de um ilhéu e trota-mundo esta avaliação da edição hoje.
    Parabéns para nós que temos um Guya assim

    attico chassot

    ResponderExcluir
  7. Estimados leitores do blog,

    agradeço os comentários!

    Folgo em saber que apreciaram.

    Grande abraço,
    Guy

    ResponderExcluir