TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

segunda-feira, 30 de maio de 2011

30. A aula de segunda-feira


Ano 5

Porto Alegre

Edição 1761

Foi um domingo com um sol tímido que espiava, de vez em vez, entre nuvens. Meu filho Bernardo me fez uma visita salvadora. Tenho de novo Skipe tão importante para as sessões de “Diálogos de Aprendentes”. A versão 5.3 que instalara em uma emergência, na quinta-feira em Passo Fundo é incompatível com meu Windows. Outras da série 5. registraram o mesmo problema. Uma da série 4. foi solução.

Começamos mais uma semana já com temperatura junina. Houve temperaturas negativas na Região Sul. Esta semana marcará a despedida de maio e o ingresso no sexto mês do ano. Mais uma vez tinha uma pauta pronta para hoje; protelo. Trago nesta segunda-feira uma blogada em três movimentos.

O primeiro, quase poderia ser uma reedição da NOTA DE MORTE ANUNCIADA da última quinta feira. No segundo movimento, comento uma resposta à pergunta relativa à blogada de sexta-feira. No terceiro tempo, preparo, na noite de domingo, uma aula de segunda-feira.

Mais uma vez do Pará – Estado que lidera as estatísticas de mortes patrocinadas por madeireiras envolvidas em crimes ambientais – vem mais uma notícia de um martírio. Ali, em 2010 foram registradas 18 mortes, mais que a metade do total relativo ao Brasil inteiro.

Neste sábado, 28 de maio, uma das testemunhas-chave para esclarecer a morte do casal de extrativistas foi encontrada morta; Erenilton Pereira dos Santos, 25 anos, integrante do assentamento Praialta-Piranheira, o mesmo onde vivia o casal José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, lamentados aqui na quinta-feira por sua execução na última terça-feira (24), em Nova Ipixuna, sul do Pará. O corpo estava a sete quilômetros do assentamento e a cerca de 100 metros da estrada.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, Erenilton também morreu com um tiro na cabeça e a arma seria do mesmo calibre da utilizada na execução do casal de extrativistas Zé Cláudio e Maria. Assim como eles, outros 28 trabalhadores rurais e ambientalistas integram a lista das pessoas marcadas para morrer no Estado do Pará, segundo documento entregue oficialmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) ao Ministério da Justiça em abril deste ano.

Para o Eranilton e muitos outros mártires hodiernos a afirmação:

“Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio. Mas toda uma vida de lutas.”

SEGUNDO MOVIMENTO Um leitor, escreve-me questionando acerca de algo que postei na edição de sexta-feira: Marie Curie (1867-1934) foi galardoada com dois Prêmios Nobel de Ciência, pois recebeu o Nobel de Física em 1903, juntamente com Pierre Curie e Henri Becquerel (este recebeu a metade do prêmio, enquanto o casal Curie recebeu cada um a quarta parte do valor) e sozinha o Nobel de Química em 1911, pela descoberta do Polônio e do Rádio e pela contribuição no avanço da química. A bi-premiação com um Nobel de Ciências se manteve como feito exclusivo de Marie Curie por 61 anos. E aí está a questão do Paulo, de Joiville: Em 1961, portando depois de 50 anos com a segunda premiação de Linus Pauling (1901-1994), não perde a exclusividade? Não! Porque me referira a dois Nobeis de Ciências: Pauling também teve duas premiações: Prêmio Nobel de Química (1954) e da Paz (1961).

E quem arrebatou a exclusividade de Marie Curie? Em 1972, surge mais um bi-laureado em ciências: o estadunidense John Bardeen (1908-1991) dividiu o Nobel de Física em 1956, pelos estudos dos supercondutores e descoberta do transistor, com seus compatriotas William Bradford Shockley e Walter Houser Brattain, cada um com 1/3 do prêmio para repetir o feito uma vez mais, 16 anos depois em 1972, dividindo então o Nobel de Física mais uma vez, pelos estudos da teoria da supercondutividade, com seus conterrâneos Leon Neil Coopere e John Robert Schrieffer.

Não me ocorre outra bi-premiação com o Nobel além deste três: Marie Curie: Física e Química. Pauling: Química e Paz e John Bardeen: duas vezes Física.

TERCEIRO MOVIMENTO: Recebi neste domingo a seguinte mensagem: Attico Chassot, sou aluna de química do IFET de Barbacena, MG, e tenho sempre visitado seu blog, gostei muito da palestra que fez aqui ano passado. Dessa fez tenho que dar uma aula de 20 minutos pra minha turma de Licenciatura em Química, e estou um pouco perdida, será que o Senhor, teria uma boa sugestão de tema, pra me ajudar, ou algum material diferente e interessante? Obrigada, Abraço.

Usualmente não respondo mensagens que me transferem fazeres escolares. Esta não era a situação desta mensagem. Voltei um pouco a Escola de Barbacena que tanto me encantou no ano passado. Pensei na licencianda, enfrentando seus colegas e se diz um pouco perdida tendo pela frente uma aula de 20 minutos. Claro que não fiz o tema para ela. Respondi: Cynthia, obrigado por tua mensagem [...]. Quanto a tua aula, minha sugestão seria explicares talvez aquela que é a reação química mais importante: a combustão e sua associação com a respiração. Penso que aí está uma boa dica, ac.

Enviada a mensagem, assaltaram-me dúvidas. Porque não expliquei mais o assunto a aluna que estreia no dar uma aula. Lembrei-me de um junho frio, quando durante dois dias dei aulas no ITerra, em Veranópolis, na escola de formação de professoras e professores para acampamentos e assentamentos do MST. Então, centrei quase todas as discussões em torno da reação de combustão e da genialidade de Lavoisier, ao refutar o flogístico e associar a combustão à respiração animal. Discutir após a reação de fotossíntese e a produção pelas plantas de oxigênio a partir do gás carbônico, produzido na respiração é algo muito importante para entender a vida no Planeta. Uma das interrogações mais relevantes, então, foi “porque para apagar uma vela ou avivar uma chama se usa o mesmo procedimento: assoprar”. Ainda se discutiu muito “porque naqueles dias de frio na serra gaúcha era preciso deixar janelas abertas”. É natural que agora, quando amplio minha resposta à Cynthia vejo o quanto afloram postura de generalista em detrimento da de especialista. Acredito que é nesse convencimento que me faço professor.

Aos votos de boa segunda-feira adito um convite para atividade na noite da próxima quinta-feira.

8 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Dos três movimentos, fico com o primeiro, química e prêmios nobéis não são minha área. O Estado brasileiro é refém dessas quadrilhas que, além de desmatarem sem qualquer consideração, desafiam o poder público com as mortes anunciadas. O Pará está bem pior que o oeste americano de antigamente.

    ResponderExcluir
  2. Caro Chassot,

    fico no primeiro movimento: parece-me que a sensação de impunidade do pessoal ligado aos madeireiros do Pará é total. O assunto está na mídia internacional, muita gente se pronunciando na internet, vários blogs denunciando e os crimes continuam no mesmo ritmo. É mais um desafio para que não se cale as denúncias sobre tão horríveis e cruéis crimes.

    Boa segunda-feira!

    Garin

    http://norberto-garin.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. LUIZ OTAVIO FAGUNDES AMARAL de BELO HORIZONTE escreveu

    Querido Chassot,

    Continuo a ler diariamente o blog. Aprendo muito, renovo minha admiração e mantenho-me razoavelmente informado sobre @s Chassot e @s Knijnik.
    Parabéns pelo primeiro movimento da blogada de hoje. Causa revolta e indignação que as mortes anunciadas sejam a rotina que são.
    Quanto ao terceiro movimento, minha conterrânea (?) de Barbacena não poderia ter uma sugestão melhor: combustão/calcinação/respiração/fotossíntese... É encantador ler as intuições de Lavoisier sobre o ciclo do carbono. (É claro que ele não usa essa expressão, mais dos nossos dias. Mas ele tem perfeita noção da importância natural desses processos em que substâncias são produzidas e consumidas, mantendo um estado de homeostase. E dessa compreensão ele passa a fazer sugestões para a ventilação e iluminação da Opéra de Paris, de prisões, hospitais, etc.
    No segundo momento, você foi traído pela memória. Há um quarto nome, com dois Nobéis. Frederick Sanger, inglês, nascido em 1918, ganhou o Nobel de Química em 1958 pelos seus trabalhos na determinação da estrutura de proteínas, especialmente a estrutura da insulina, e, novamente, em 1980, compartilhou outro Nobel de Química, dessa vez pelas contribuições para a determinação do sequenciamento de nucleotídeos na estrutura de ácidos nucléicos.
    Pensando sobre o assunto e lembrando que estamos no Ano Internacional da Química, escolhido para comemorar o centenário do Nobel de Química de Marie Curie, gostaria de instigá-lo a escrever para seus leitores sobre Ava Helen Pauling, mulher de Pauling e sua inspiradora para a luta pelo banimento das armas nucleares. Acho mesmo que ela bem mereceria ter dividido com ele o Prêmio Nobel da Paz. Não acha?
    Lembranças para as tribos Chassot e Knijnik. Abraço amigo e saudoso para você.
    Tavinho

    ResponderExcluir
  4. Meu caro Jair,
    vibro por aderires a dor pelas perdas de humanos e ao repúdio aos que matam para se apoderar das reservas do Planeta~
    Com admiração

    attico chassot

    ResponderExcluir
  5. Muito estimado colega Garin,
    realmente estas crônicas de mortes anunciadas nos deixam doloridas e sofridos com ‘a condição humana’.
    Repito a frase que fiz desagravo pelos mártires hodiernos e que foi a abertura de minha aula na Universidade do Adulto Maior esta tarde:
    “Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio. Mas toda uma vida de lutas.”
    Com admiração pela densa pareceria

    attico chassot

    ResponderExcluir
  6. Muito querido Tavinho,
    que alegria saber que continuas prestigiando este blogue. Obrigado por ratificares o que escrevi para a Cynthia. Teu endosso, pelo que tu representas é ‘um imprimatur’ valioso.
    Obrigado também pelo alerta de um quarto bi-laureado com o Nobel. Não sabia de Frederick Sanger (nascido em 1918, ora com 93 anos). Dos quatro é o único que bi-Química. Li hoje um pouco de sua biografia.
    A propósito, me encantaste com a instigação que propões. Não conhecia nada acerca de Ava Helen Pauling (24/12/1903 –7/12/1981), mulher de Pauling. Li algo de sua vida. Encantei-me e tens toda a razão em propores que se escreva algo sobre ela para este 2011 Ano Internacional da Química. Pelo menos uma blogada ela terá.
    Apresento comovido, meus agradecimentos e manifesto meu orgulho por te ter como leitor.

    attico chassot

    ResponderExcluir
  7. Attico Chassot e prof. Tavinho, muito obrigada pela dica, falarei do carbono, focanndo seu ciclo e as intuições de Lavoisier. Trabalhando também a importância deste para o meio ambiente, a respiração e a fotossintese.
    Obrigada a ambos
    Abraços
    Cynthia

    ResponderExcluir
  8. Estimada Cynthia,
    vibro com tua escolha
    Apareça sempre
    attico chassot

    ResponderExcluir