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domingo, 22 de agosto de 2010

22- Mademoiselle Chambon

Porto Alegre Ano 5 # 1480

Uma blogada dominical é usualmente para cumprir calendário. Tão díspares já foram os assuntos aqui, que não preciso justificar que hoje me limite apenas a marcar passagem, com o objetivo maior de desejar a cada uma e cada um de meus leitores que o domingo seja de gostosas fruições daquilo que aprendemos já nas leituras de nossa cosmogonia judaico-cristã: descansar.

Talvez até por isso que está postagem é publicada quando o domingo já chega quase na metade, ainda com um sol tímido, aqui em Porto Alegre, que não consegue varar a neblina. O domingo quase já começava quando chegávamos de uma fraterna despedida à Profa. Dra. Claudia Glavan, minha ex-aluna no mestrado e doutorado – quando foi orientanda da Gelsa – que hoje se transfere para Florianópolis, para assumir como professora na UFSC. Numa festa surpresa colegas da Facos e de outras tribos se reuniram por algumas horas, para desejar sucessos à colega que polariza distintos grupos de amigas e amigos. Foi um lindo estar juntos.

No fim de tarde fomos depois de muitos meses ao cinema. Lamentamos que os muitos fazeres que se acumulam nos fim de semana sempre posterguem nosso antigo hábito de irmos ao cinema.

Mademoiselle Chambon [Mademoiselle Chambon] Categoria: Filmes Gênero: Drama País / Ano: França / 2009 Duração: 101 minutos. Direção: Stéphane Brizé. Elenco: Vincent Lindon, Sandrine Kiberlain, Aure Atika. Censura: 12 anos

É um filme, segundo comentários de ‘O Estado de São Paulo”, realizado de forma convincente e delicada, o drama francês Mademoiselle Chambon é um filme bastante simples, enxuto nas ideias e conciso na pretensão. O roteiro não aspira a inovar o que já foi visto e repisado nas histórias de amor. Mas, além da empatia provocada pela dupla de protagonistas, a fita explora uma situação capaz de seduzir a plateia — dos jovens aos mais maduros. É com grande transparência de sentimentos que o diretor Stéphane Brizé, de 43 anos, enfoca em seu quarto longametragem o dilema amoroso de Jean (Vincent Lindon). Esse pedreiro quarentão vive um casamento estável com Anne-Marie (Aure Atika) e é pai de um adorável garoto. Feliz em família, de uma hora para a outra ele se pega atraído pela professora do filho. Solitária e carente, a doce Véronique Chambon (Sandrine Kiberlain) deixou Paris para abraçar uma vaga de substituta numa escola do interior. Os desejos de um e de outro não são apenas de ordem sexual. Jean e a mademoiselle (senhorita) do título se entendem, acima de tudo, por diálogos diminutos, por olhares de cumplicidade e pelo gosto comum por melancólicas obras eruditas do compositor inglês Edward Elgar e do pouco conhecido húngaro Franz von Vecsey, tão bem empregadas na narrativa. O que escolher: a compreensiva esposa ou partir para uma nova relação? Não será fácil a decisão de Jean, acompanhada pelo espectador com uma proximidade tocante.

Com Mademoiselle Chambon, o diretor Stéphane Brizé faz um registro preciso da vida da província na França. Sim, é também, e principalmente, um filme de amor, mas que só ganha sentido ao ser desenvolvido no ambiente mais reservado do interior.

Um dos personagens, Jean (Vincent Lindon), é um pacato pedreiro. Casado, ele é bom pai (tem um filho), bom marido e ainda cuida do próprio pai, idoso. Ela é Véronique Chambon (Sandrine Kiberlain), mestra substituta, que passa um ano em uma cidade, depois arruma as malas e é despachada para qualquer outra região da França.

Jean é a estabilidade; Véronique, a itinerância, a mudança permanente de lugar. Ela tem uma janela com defeito em casa e chama Jean para fazer a reforma. Toca violino; Jean gosta da música. Ele é enraizado no interior; ela vem da região parisiense. Todo um jogo de oposições, bem francês no caso, aí se insinua, em particular na dialética Paris versus provence. Na França, o que é a "provence"? Simples: tudo o que não é Paris. Toda uma experiência social se lê nessa dicotomia.

Talvez a melhor síntese eu ouvi à saída da sala de exibição, quando já era noite, de uma senhora já madura em vivência: é um filme francês. E em histórias de amor eles são os tais. Assino junto, desejando bom domingo, uma vez mais.

4 comentários:

  1. Mestre Chassot! A nova etapa da Claudia Galvan me faz tambem realizado, já que aqueles que contribuiram na sua trajetoria sao esses mesmos que me fizeram olhar o mundo sob outra ótica. Boa Semna a voce e a Gelsa. JB

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  2. Muito estimado Jairo,
    obrigado pela carinhosa associação que fazes ao sucesso da Cláudia.
    A Gelsa recebe cópia deste comentário para que tome que saiba de teu reconhecimento.
    Curta este domingo bem acompanhado,
    attico chassot

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  3. Estimado tio Attico, recentemente em uma de minhas idas a para Holambra parei como de costume em Curitiba. Durante conversa com tio Otelo escutei a tia Tile em conversa paralela com sua amiga falar "... na região da provence...", logo percebi que referia a França, pois o nome Bárbara foi pronunciado algumas vezes. Pensamento imediato o que é "provence"?Conversas seguiram, minha viagem seguiu. Hoje durante esta rápida e silênciosa visita, agora nem tão mais silênciosa com este registro, descubro o que é provence, tudo o que não é Paris. Boa semana para voce e para a Gelsa.

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  4. Emerson querido,
    é bom nesse ocaso de domingo receber tua visita aqui. No texto do blogue de hoje há certo exagero. Os parisienses se acham assim em relação ao resto da França. Nós os parisienses da capital e os outros (das províncias). Na verdade a Provence corresponde hoje, em sentido lato, a uma grande parte da região administrativa francesa de Provença-Alpes-Côte d'Azur. A Provença situa-se no sudeste da França e estende-se desde a margem esquerda do Ródano até a margem direita do Var, onde limita com o antigo condado de Nice, na margem esquerda do rio. É banhada pelo Mediterrâneo.
    Esta aulinha de geografia quem me deu foi a Wikipédia.
    Uma semana para nós.

    attico chassot

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