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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Uma homenagem aos 75 anos da (minha) UFRGS


Edições de 30JUL2006 a 30NOV2009 em achassot.blog.uol.com.br/

Porto Alegre Ano 4 # 1219

Há poucos dias (24 de novembro) falei nas datas de nossas histórias que ferreteadas por saudades. Então me referia ao aniversário do meu irmão Sirne. Vivo, neste dia de Santa Bárbara – que evoca minha avó materna, falecida aos 99 anos – mais uma data que é fortemente na minha história familiar. Hoje meu irmão José Maria faria 61 anos, mas ele já se foi há 13 anos com 48 anos. Aliás, é difícil imaginá-lo sessentinha, pois ela era o exemplo da jovialidade, sempre alegre e sempre fazendo brincadeiras com a vida, que muitas vezes lhe foi amarga, faltando-lhe muito precocemente. Não poderia abrir diferente essa blogada de hoje, senão dizendo ao José Maria de minhas continuadas saudades. Há um ano publiquei aqui ‘Um réquiem em (r) maior’ em que evocava minha saudade. José Maria ela continua e as vezes parece aumentar com o passar dos anos.

Estamos na uma semana em que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul festeja o seus 75º aniversário. Fundada em 28 de novembro de 1934 como Universidade de Porto Alegre, a partir da demanda da sociedade gaúcha pela expansão e modernização do ensino superior no estado, a UFRGS resultou da fusão da Universidade Técnica, com seus cursos de Engenharia, Agronomia, Veterinária, Física e Química; da Faculdade de Medicina, que incluía as Escolas de Farmácia e Odontologia; da Faculdade de Direito, com sua Escola de Comércio; da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; e do Instituto de Belas Artes.

Em 1947, passou a encargo do estado e, em dezembro de 1950, foi federalizada. Universidade sem fronteiras, ocupa posição de destaque no cenário nacional e internacional, sem abandonar sua vocação de universidade dos porto-alegrenses e dos gaúchos, profundamente enraizada e inserida neste estado tão importante para a vida republicana do país.

Seu reitor atual Reitor Prof. Dr. Carlos Alexandre Neto, meu ex-aluno, diz na sessão de ‘Opinião’ do número de novembro do ‘Jornal da Universidade’ que “sua história vem sendo escrita a partir dos desafios enfrentados, das conquistas alcançadas e da qualidade crescente de seus docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes. Oferecendo mais de 80 cursos de graduação e de pós-graduação, com uma comunidade de 40 mil pessoas e executando o terceiro orçamento do estado, nossa instituição é também uma das maiores universidades públicas do país. A produção e a democratização do conhecimento, integrados às atividades de ensino, pesquisa e extensão, levaram ao reconhecimento nacional e internacional em todas as áreas do saber”.

Trago nesta blogada a minha homenagem a UFRGS. Tive/tenho com ela uma ligação muito intensa, que extrapola em muito ser ‘aposentado na instituição’. Presumo que minha relação com/na UFRGS tem situações pelo menos originais. Dou-me conta que esta é bem maior (temporalmente falando) que mais de dois terços de minha vida, pois já é maior que 50 dos meus 70 anos.

Mesmo tendo ingressado, em 1961, como aluno no Curso de Química da Faculdade de Filosofia, antes tive com Universidade uma relação muito especial. Em 1959/60, durante o dia trabalhava no Restaurante da Reitoria (da URGS). Há muitos (principalmente entre os jovens) que não sabem que, onde hoje está hoje a Biblioteca Central (e onde antes foi o DECORDI), funcionava um dos mais amplos e concorridos restaurantes da Porto Alegre dos anos cinquenta e sessenta. Nestes dois anos, eu ainda não era da UFRGS (aliás, ela também ainda não era UFRGS e sim URGS, como continuamos sempre chamá-la e a Editora soube, por um tempo, conservar esta sigla). Eu era aluno do noturno do Julinho, onde fazia o 2º e o 3º científico.

Restaurante era, também, apoio para os Bailes da Reitoria, que ocorriam no pavimento superior e quando eram muito concorridos se ampliavam para a sala em frente (em cima da atual Secretaria do COCEP), carinhosamente chamada de Boite do Reitor ou Boite do Paglioli. A referência é a Eliseu Paglioli (Caxias do Sul, 1898 - Porto Alegre, 1986), além de Reitor da UFRGS (1952-64) foi Prefeito de Porto Alegre e Ministro da Saúde, no governo Parlamentarista de João Goulart (1962).

Minhas evocações acerca destes dois anos estão em CHASSOT, Attico. "Restaurante da Reitoria: um recorte à margem da história oficial" in GUEDES, Paulo Coimbra & SANGUINETTI, Yvone (Organizadores) UFRGS Identidade e Memórias: 1934-1994. p. 94-98. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1994. Elas serão ampliadas em um capítulo do livro que preparo para evocar meus 50 anos de professor, em 13 de março de 2011.

Na UFRGS fui aluno de graduação (1962/65), de especialização (1972) mestrado (1974/76) e de doutorado (1991/94). Fui professor (1967/91), com passagem nos quatro níveis da carreira docente: Auxiliar de Ensino (1967/74); Assistente por concurso público (1974/83); Adjunto (1983/84); e Titular por concurso público (1984/91). Como professor fui vice-diretor e diretor pró-tempore do Instituto de Química e coordenador de comissão de carreira de Química, cargos que me ensejaram participar, durante muitos anos, em dois dos três Conselhos Superiores da Universidade (o que me garantiria assunto para muitas evocações).

Fui ainda Diretor do DECORDI, – algo como secretário geral da Universidade –, no final dos anos setenta e começo dos oitenta. Mesmo com minha aposentadoria em dezembro de 1991, continuo vinculado a UFRGS como participante do Grupo Interdisciplinar de História e Filosofia da Ciência, onde fui um dos fundadores e primeiro editor da Revista Episteme.

Sobre esses cinquenta anos tenho muitas reminiscências (e é com esta palavra, que se adensa na vida da gente com o passar do tempo, que me propus preparar o livro que antes referi para fazer tessituras de diferentes histórias).

Assim nesta blogada associo-me as comemorações jubilares da decana das universidades sul-riograndenses, instituição pública a serviço da sociedade e comprometida com o futuro e a consciência crítica, contribuiu para a criação das universidades federais de Pelotas, Santa Maria, Rio Grande e do Pampa. Ao festejar seus 75 anos de intensa atividade acadêmica e de geração de conhecimento e saber, a UFRGS continua reafirmando seu compromisso com a expansão e modernização do ensino superior e segue cumprindo sua missão de promotora do desenvolvimento da sociedade gaúcha e do país.


Minha homenagem se consubstancia na reprodução do quadro As profissões que está na sala dos Conselhos e que muitas vezes me deleitou em horas passadas em reuniões. Tenho dele uma reprodução em minha biblioteca. É um dos painéis mais significativos de Aldo Locatelli (Bérgamo, Itália,1915– Porto Alegre,1962), representando a universidade. O Reitor se cerca de professores sendo que, em primeiro plano, em cores apagadas, está Locatelli. À direita, estão simbolizados a Justiça, a Filosofia, a Arquitetura, a Engenharia e a Arte; à esquerda, encontram-se a Medicina, a Física, a Química, e as áreas Agrícola e Veterinária; ao fundo, estão a Indústria e a cidade. A figura do Saber delineia-se sobre todas as especializações destacadas, como que sobrevoando-as.


Com votos de uma muito boa sexta-feira, neste Advento do fim de semana. Que esse seja curtido em meio à azáfama natalina e de fim de ano escolar.

8 comentários:

  1. Às leitoras e aos leitores,
    esta nova formatação do blogue tem, em relação às edições no Uol, uma maior dificuldade de postagem de comentários.
    Parece que a melhor solução é ter uma conta no GMAIL, que é gratuita e pode ser feita em poucos minutos no Google.
    Feita uma vez, essa senha pode ser usada neste e nos demais BLOGSPOT e ainda em muitas páginas do Google que tem acesso restrito.
    Muito obrigado pela compreensão.

    attico chassot

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  2. Muy querido Mestre Chassot (desde ahora el vocativo también cambia), su blogada de hoy es muy nostálgica, llena de recuerdos, de "continuadas saudades" (¡qué linda expresión!). La nostalgia por su hermano José María lleva la marca de todo aquello que no alcanzó a vivir, la comprendo bien porque perdí una hermana muy joven.
    Por otro lado, qué precioso cuadro ese de As profissões y gracias por su empático homenaje por el triunfo de Liga, quien perdiendo ganó.
    Que tenga un lindo fin de semana, ¿cuál será la dica de lectura para mañana?

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  3. Muy querido Mestre Chassot (desde ahora el vocativo también cambia),
    Su blogada de hoy es nostálgica, llena de recuerdos, de "continuadas saudades" (¡linda expresión!). La nostalgia por José María tiene la marca de aquello que no vivió, la comprendo bien porque perdí una hermana muy joven.
    Por otro lado, el cuadro de As profissões es precioso y gracias por su empático homenaje por el triunfo de la Liga, quien perdiendo ganó.
    Que tenga un lindo fin de semana, ¿cuál será la dica de lectura de mañana?

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  4. Estimada Matilde,
    muchas gracias por tu tan preciosos comentarios. Vi que tienes empatía con mi continuada saudade pues también has perdido una hermana aunque joven. Ha sido muy agradable hablar un poco de este mural de Aldo Locatelli, sobre o cual tengo muchas horas de contemplación~. La homenaje a LDU ha sido una homenaje a tu querido Ecuador. Cuanto as dicas de lecturas, una sorpresa, mañana,
    Hasta el sábado

    attico chassot

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  5. Caríssimo, te informo que o teu blog está entre os nossos prediletos, inclusive na aba à direita do MaryJoe está entre os restritos que recomendamos. Desejamos que este ano esteja encerrando um ciclo de bons acontecimentos e excelente convívio com todos aqueles que te amam e admiram e seja o prenúncio de um próximo ano de todas as coisas boas que mereces!

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  6. Estimada Juscelita,
    em minha visita ao teu maryjoequartz.blogspot.com encantaram-me as sugestões de um natal marcado pela diminuição do consumismo.
    Obrigado pelo prestígio que ofereces ao meu blogar e também por teu comentário no advento de novo formato do mesmo.
    Desejo que alguns dos teus sonhos (onde se incluem o cuidado com o Planeta) se consubstanciem em frutuosas realidade.
    Com continuada admiração
    attico chassot

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  7. Mestre Chassot, concordo com a Matilde quando ela se refere a gostosa nostalgia da blogada de hoje. Parece que a UFRGS teve o privilégio de tê-lo como discente e docente por muito tempo, e que bom que agora, nós, do Centro Universitário Metodista IPA, temos esse privilégio, mesmo que há tão pouco tempo.
    Um parabéns a UFRGS pelos seus 75 anos, e, como sempre, meus votos de um ótimo dia.

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  8. Muito estimado Marcos,
    tu, como a Matilde, movidos pelo feeling de historiadores se encantam (ou pelo menos prestigiam) minhas blogadas em que evoco o passado. A mim elas também são saborosas, mesmo que mais exigentes.
    Tenho orgulho de ter sido da UFRGS e agora, pós FAPA, PUC, ULBRA e UNISINOS, estar agora no Centro Universitário Metodista - IPA.
    São validos teus cumprimentos à UFRGS.
    Um bom shabath
    attico chassot

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