Porto Alegre Ano 4 # 1243 |
Neste 25 de dezembro – que ontem foi anteontem, mas que hoje já parece distante – duas marcas natalinas determinam o assunto desta blogada de uma segunda-feira muito atípica.
Uma, quando se iniciava o dia de Natal, como contei então, pela primeira vez, já 70tinha, me travesti de Papai Noel. Dizem que soube me impor com sucesso às crianças e também ensejei aos adultos a posar com um papai-noel emocionado. Ver crianças tremerem e adultos se perfilarem respeitosos é algo importante para verificarmos a força dos adestramentos míticos. É fácil entender a força que têm os ministros religiosos sobre as consciências dos homens e mulheres e especialmente das crianças. Recebi então as mais sinceras e atemorizadas promessas de crianças ante a minha proibição: “Não podes mais chupar dedo!” Lembrei-me muito de histórias ouvidas em minhas remotas aulas de catecismo como: “... era um menino muito bom, mas um domingo, aceitou o convite de colega e tomar banho no rio ao invés de ir à missa. Afogou-se e foi para inferno por toda eternidade”.
Outro assunto que me impressionou no dia de Natal foi um necrológio na Folha de S. Paulo, do qual transcrevo excertos: “Ele insistia em dizer que não era invenção: Papai Noel existia sim. Nicolau Dinamarco Spinelli, professor e empresário da educação em Ribeirão Preto (SP), foi um alucinado pelo Natal. Sabia, inclusive, toda a história do bom velhinho, desde os primórdios como são Nicolau. Há alguns anos, chegou a demitir uma professora de uma de suas escolas porque ela frustrou um aluno de 15 anos ao revelar que o personagem era fictício. [...] O empresário "sonhador", dono do Centro Universitário Barão de Mauá, colégio Carlos Chagas Filho e Liceu Albert Sabin, morreu segunda-feira, aos 70 anos, devido a um câncer de pulmão. Teve cinco filhos e 12 netos.

Assim ajudado pela produção do ‘Palavra do dia’ – www.umacoisaeoutra.com.br – algo mais sobre essa figura encarnada [uma cor de minha infância de nominação quase esquecida: Vermelho como carne viva] que encarnei.
O velhinho de roupa vermelha e barba branca que vemos na véspera do Natal nos centros comerciais de todo o mundo converteu-se em ícone cultural da sociedade de consumo do terceiro milênio. O mito do sorridente personagem que encanta as crianças foi forjado ao longo dos últimos dezessete séculos, baseado na história de um bispo que viveu no século IV.
A cidade de Mira, no antigo reino de Licia, atual território da Turquia, teve um prelado chamado Nicolau, célebre pela generosidade que mostrou para com as crianças e os pobres, e que foi perseguido e encarcerado pelo imperador Diocleciano. Com a chegada de Constantino ao trono de Bizâncio – cidade que, com ele, se chamou Constantinopla – Nicolau ganhou a liberdade e pôde participar do Concilio de Nicea (325). Em sua morte, foi canonizado pela Igreja católica com o nome de São Nicolau.
Surgiram então inúmeras lendas sobre milagres realizados pelo santo em benefício dos pobres e dos desamparados. Durante os primeiros séculos depois de sua morte, São Nicolau tornou-se patrono da Rússia e da Grécia, assim como de incontáveis sociedades beneficentes e, também, das crianças, das jovens solteiras, dos marinheiros, dos mercadores e dos prestamistas.
Já desde o século VI vinham-se erigindo inúmeras igrejas dedicadas ao santo, mas essa tendência foi interrompida com a Reforma, quando o culto a São Nicolau desapareceu de toda a Europa protestante, exceto na Holanda, onde se chamava Sinterklaas (uma forma de São Nicolau em neerlandês).
Na Holanda, a lenda de Sinterklaas fundiu-se com antigas histórias nórdicas sobre um mítico mago que andava em um trenó puxado por renas, que premiava com presentes os bons meninos e castigava os que se comportavam mal.

No século XI, mercadores italianos que passavam por Mira roubaram relíquias de São Nicolau e levaram-nas para Bari, com o que essa cidade italiana, onde o santo nunca havia posto os pés, converteu-se em centro de devoção e peregrinação, a ponto de hoje o santo ser conhecido como São Nicolau de Bari.
No século XVII, emigrantes holandeses levaram a tradição de Sinterklaas para os Estados Unidos, cujos habitantes anglófonos adaptaram o nome para Santa Claus, para eles mais fácil de pronunciar, e criaram uma nova lenda, que acabou de cristalizar-se no século XIX, sobre um ancião alegre e bonachão que no Natal percorre o mundo em seu trenó distribuindo presentes.
Nos Estados Unidos, Santa Claus co nverteu-se rapidamente no símbolo do Natal, estimulando as fantasias infantis, sobretudo como ícone do comércio de presentes natalinos, que anualmente mobiliza bilhões de dólares.
Esta tradição não demorou a cruzar novamente o Atlântico, agora rejuvenescida e estendendo-se por vários países europeus, em alguns dos quais Santa Claus mudou de nome. No Reino Unido, chamou-se Father Christmas (papai Natal); na França, foi traduzido para Pere Noël (com o mesmo significado), nome que foi traduzido somente pela metade em espanhol para Papá Noel e em português para Papai Noel.
Depois dessa ajuda de Celso Japiassu, produtor ‘Palavra do dia’ uma colaboração final da Wikipédia: É amplamente divulgado pela internet e por outros meios que a Coca-Cola seria a responsável pelo atual visual do Papai Noel ou Pai Natal (roupas vermelhas com detalhes em branco e cinto preto), mas é historicamente comprovado que o responsável por sua roupagem vermelha foi o cartunista americano Thomas Nast, em 1886 na revista Harper’s Weeklys.

Com desejos que esta blogada tenha evocado recordações de infância auguro que as emoções da expectativa de 2010 se adensem numa muito apetitosa segunda-feira. Até amanhã.
Professor Chassot.
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de parabenizá-lo pela postagem referente ao Papai Noel, realmente temos muitas controvérsias.
Segundo, quero convidá-lo para visitar meu humilde espaço, o meu blog, Cabana do Lui.
http://cabanadolui.blogspot.com
Abraços e um 2010 iluminado.
Muito estimado colega Luis,
ResponderExcluirobrigado por teu comentário acerca de minha postagem ‘noelina’
Atendi teu convite e fui aquerenciar na Cabana do Lui. Encantei-me com as fotos, especialmente aquelas que penso ter identificado como Ipês amarelo.
Aproveito para desejar, a ti e aos teus, muitas alegrias nos dias de festas que vivemos e que 2010 seja pleno de realizações, às quais associemos juntos redobrados cuidados com o Planeta,
attico chassot
Mestre Chassot, ouvi hoje, pelo rádio, uma informação curiosa: em 90% dos shoppings brasileiros, pode-se encontrar uma imagem do Papai Noel, mas não encontra-se um presépio.
ResponderExcluirParece uma informação irrelevante, mas, se analisarmos com cuidado, veremos que o Natal nãoé mais a celebração do nascimento do nazareno, mas sim a celebração de um novo deus: o consumo.
Ótimo dia.
Muito caro Marcos,
ResponderExcluirmuito relevante teu dado, Se houvesse presépio, no lugar do Menino chamado de Deus o adequado seria colocar o Deu$ Cifrão.
Uma boa noite, quando já é quase terça-feira
attico chassot
Caro Mestre Chassot. É simplesmente deliciosa a leitura do que temos por aqui. Obrigada! Compartilhei a história do Papai Noel com meu pequeno André, que ficou muito interessado. A observação do menino foi tudo: "o importante é que ele foi um bom homem, né mãe?"
ResponderExcluirAproveito para desejar um 2010 repleto de harmonia.
Estimada Jenny,
ResponderExcluirque bom que minhas evocações de Papai-Noel te agradaram. Obrigado por seguires este blogue, Muitas alegrias em 2010 para ti e para o teu querido André.
Um afago do
attico chassot