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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Se esquentar muito, o clima pode endoidar

Edições de 30JUL2006 a 30NOV2009 em achassot.blog.uol.com.br/

Porto Alegre Ano 4 # 1226

Uma postagem quase em trânsito pela Morada dos Afagos. Passava das 17h quando cheguei de Santa Maria e antes das 7h desta manhã devo estar no aeroporto para viajar à Florianópolis, donde retorno na noite de amanhã. Hoje e amanhã tenho atividades com professoras e professores do Instituto Federal de Santa Catarina – IF-SC.

Ontem minha palestra em Santa Maria foi muito boa. Foi daquelas que ‘eu me gostei’; Também recebi manifestações (aplausos, perguntas, comentários) dos organizadores e participantes do 2º Simpósio de Biodiversidade. Acredito que, com propriedade, trouxe contribuições para a segunda, das três dimensões do simpósio: “Biodiversidade, Ensino e Evolução”. Na foto pode-se ver que troquei a gravata que usara na véspera e ‘vesti a camiseta do evento’. Esta me foi presenteada junto com uma caneca com o logo que estampei na blogada de ontem.

Depois de minha fala assisti parte da mesa-redonda: Biodiversidade e conservação do Bioma Pampa. Aprendi algo nas falas da Sonia Zanini Cechin, coordenadora do PPG em Biodiversidade Animal, da UFSM; de Ilse Boldrini. do Departamento de Botânica da UFRGS; e de Raúl Eduardo Maneyro Landó, da Universidad de la República, Uruguai.

Durante a parte final da mesa-redonda retirei-me para almoçar. Fiz em companhia doutorando Alcemar, com quem me encantou a conversação sobre su tese com moluscos, religião e outras amenidades. Quando às 12h40min despedi-me e tomei o ônibus em Camobi, parecia que me despedia de velho amigo.

A viagem não foi muito confortável e permitiu apenas esmirrados cochilos. Todavia, a bordo, conectei-me e postei um comentário no blogue de hoje. Depois de ver passar as longas 4 horas para percorrer quase 300 km, o ônibus gastou mais de 40 minutos para fazer cerca de 5 km na BR-116, na altura de Canoas.

Mantendo a proposta que é transcendental nesses dias, nessa blogada trago um texto publicado no domingo, no caderno Mais da Folha de S. Paulo. O autor é Marcelo Leite que escreveu "Darwin" (série Folha Explica, Publifolha, 2009) e "Ciência - Use com Cuidado" (Editora da Unicamp, 2008). Blog: Ciência em Dia (cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br) Esse texto se alinha com a proposta deste blog que fazer alfabetização científica.

Na véspera da conferência sobre mudança do clima em Copenhague, nada mais apropriado do que falar de sua estrela, o carbono. É o apelido genérico dos gases do efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).

Esses compostos contribuem para aquecer o planeta retendo radiação solar junto da superfície. Se esquentar muito, o clima pode endoidar. Para prevenir essa mudança, que poria em polvorosa a agricultura e as populações litorâneas, é preciso reduzir a emissão de GEE.

Como ninguém quer voltar para a Idade da Pedra, muito menos em países pobres como Brasil, Índia e China, o crescimento econômico não pode parar. Produzir mais e emitir menos implica "descarbonizar" a economia, reduzir sua "intensidade carbônica".
Isso só pode ser conseguido diminuindo a participação de combustíveis fósseis na matriz energética de cada país. Gasolina, diesel, gás natural e carvão, quando queimados, lançam na atmosfera carbono que ficou estocado por milhões de anos sob a terra. A alternativa são fontes renováveis de energia: hidrelétricas (os rios continuam a correr e encher reservatórios), biocombustíveis (a cada safra as plantas reabsorvem CO2 emitido na combustão), energia eólica (afinal, os ventos sopram sempre, com maior ou menor força) e solar.
O Brasil apresenta um perfil peculiar, no mundo, nesse quesito. Se computada toda a energia consumida no país, da eletricidade aos combustíveis dos transportes, 46% têm origem renovável, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética, estatal). A média mundial é 13%, e a dos países desenvolvidos, ainda mais modesta, 7%.
Se considerada só a geração de eletricidade, o desempenho brasileiro melhora consideravelmente: 87% de fonte renovável. No mundo, só 18%. O problema é que essa matriz está "se sujando", com aumento da participação de combustíveis fósseis. Está lá no "Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017" da EPE: termelétricas a óleo combustível passarão a responder por 5,7% da eletricidade gerada, contra 1,3% atuais. As hidrelétricas cairiam para 71%.
Em outras palavras, a tendência brasileira, no momento, é "carbonizar" sua matriz exemplar. A não ser que aumente significativamente a eficiência energética (quantidade de energia gasta para produzir uma unidade de PIB), emitirá mais carbono para cada uma dessas unidades. Caminhamos, portanto, na contramão de países como Índia e China, que conseguem crescer -e muito- diminuindo a intensidade carbônica.
Tanto é que se disseram dispostos a cortá-la em até 25% e 45%, respectivamente, em dez anos. De todo modo, a posição do Brasil ainda é invejável no grupo Bric. A intensidade carbônica da economia indiana é 20% maior que a brasileira. A russa, 80%. A chinesa, 100% (só de geração por termelétricas a carvão, pior fonte de carbono, a China agregará até 2030 o equivalente a quatro vezes o que o Brasil produz hoje).
"É um desafio evitar que esse indicador cresça sem que o setor se torne um gargalo e sem impedir que a população consuma mais energia no Brasil", afirma Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE. Tolmasquim informa que o próximo plano decenal vai incorporar o conceito de intensidade energética com vistas a diminuir emissões. Os dados em preparação, segundo ele, já foram utilizados no cálculo da contribuição do setor energético para as metas de redução anunciadas no dia 13. A ficha de Copenhague, parece, começou mesmo a cair.

Desejo que a sexta-feira seja a melhor. Amanhã nos leremos desde a bela ilha onde está a capital de Santa Catarina. Até então.

2 comentários:

  1. Mestre Chassot, parece que o tema "aquecimento global" será algo que permeará todas as blogadas emquanto estiver se realizando a tão aguardada COP-15. Isso é bom para deixar-nos mais instruídos sobre o assunto, e podermos analisá-lo com maior criticidade.
    Espero que tudo corra bem na capital catarinense.
    Ótimo dia.

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  2. Estimado Marcos,
    mesmo que as blogadas pareçam ser recorrentes, é importante ter a COP-15 como catalisador de alfabetização científica neste blogue.A dica de leitura – tua criação– será sobre ética ambiental.
    Florianópolis é bela. Pela primeira vez dei uma palestra olhando uma linda baia. Espero mostrar isso, palidamente, no blogue de amanhã
    Um bom shabath
    attico chassot

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