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segunda-feira, 20 de julho de 2015

20.- “Quando a boca cala, o corpo fala, e quando a boca fala, o corpo sara”


ANO
 9
EDIÇÃO
 3062

Esta segunda-feira julina é um dia muito significativo no meu fazer acadêmico. Para aquelas e aqueles que se envolvem em atividades docentes em pós-graduação uma defesa de mestrado ou doutorado é um momento muito significativo e usualmente é revestido de muita emoção.
Mesmo que não tenhamos mais nas defesas o ritual pomposo da universidade medieva, onde o doutorando e seu orientador estavam, não sem requintes de teatralidade, em campos opostos ao dos examinadores, ainda hoje, a conclusão de um mestrado ou de um doutorado celebra um muito aguardado momento que traz ao neo-mestre ou ao neo-doutor não apenas o sabor de um título que o faz distinguido, mas representa o término de uma usual jornada de estafantes estudos e intensa produção acadêmica. O orientador, usualmente parceiro mais próximo, vê encerrada uma etapa importante de sua atividade.
Minhas ações como orientador de mestrados e doutorado são tardias, pois só fiz doutorado quando já aposentado no Instituto de Química da UFRGS. Levei a defesa: cinco doutores (4 na Unisinos e 1 na REAMEC) e 30 mestre (1 UFMT, 18 Unisinos, 4 URI-FW e 7 CUM-IPA). Pois esta lista recebe, neste 20 de julho, um acréscimo. Partilho com os leitores deste blogue minhas emoções.
Às 18h, no Centro Universitário Metodista do IPA, a enfermeira Karina Amadori Stroschein Normann, apresenta no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão a dissertação A Terapia Comunitária Integrativa em cursos de graduação de enfermagem como uma das possibilidades práticas para ampliação do cuidado em saúde”. Na banca que avaliará o trabalho da Karina, que nos dois últimos anos tive o privilégio de orientar, estão as Professoras Doutoras Luciane Pons Di Leone e Marlis Morosini Polidori.
A Karina é professora do Curso de Bacharelado em Enfermagem no IPA, no qual fez também sua graduação. Cada um de nossos orientandos deixa-nos lições e trazem marcas muito próprias na tarefa sempre exigente de orientação. Ver a independência na tessitura da dissertação de uma professora dedicada a seus alunos, marcada por encantamento na busca de ações para ampliação dos cuidados em saúde foram não apenas facilitadores de meu trabalho, mas oportunidades de continuados momentos de envolvimentos saborosos em discussões de temas nos quais, muitas vezes, eu era alienígena.
A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é considerada como um artefato cultural na área da saúde destinado à promoção de encontros (interpessoais e comunitários), que possibilita compartilhar vivências e conhecimentos. Resgata-se a valorização das histórias de vida dos participantes das rodas de TCI, bem como se promove o fortalecimento da autoestima e da autoconfiança com o aumento da percepção dos problemas que estão ao seu redor, visualizando possibilidades de solução.
O dito popular “quando a boca cala, o corpo fala, e quando a boca fala, o corpo sara” trazido pelo psiquiatra Adalberto de Paula Barreto, criador da TCI, há 20 anos na Universidade Federal do Ceará, evidencia a necessidade de criar espaços coletivos para promoção da fala e da escuta frente aos sofrimentos particulares e coletivos enfrentados por cada pessoa.
No seu mestrado a Karina buscou analisar a ação da TCI, enquanto uma atividade prática da disciplina de Educação Permanente na formação de bacharéis em enfermagem procurando uma ampliação do cuidado em saúde. A pesquisa foi realizada com os acadêmicos quase ao término da graduação. As vivências de aprendizagem durante o desenvolvimento de roda da terapia, como ferramenta para ampliação do cuidado em saúde na formação em bacharel em enfermagem. A TCI mostrou-se como possibilidade de transformações nos processos de trabalho em saúde e formação e também como uma estratégia para a ampliação do cuidado em saúde.

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