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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

03.- UM TOUR COM ARTE PELA BIG APPLE



Ano 6 ***  Porto Alegre  *** Edição 2011
Uma muito breve preliminar. Há sumarentos comentários na edição de ontem aditados por leitores à blogada acerca do sincretismo 2 de fevereiro. Vale conferir.
Mais uma vez, uma edição muito especial. Nesta sexta-feira, como nas cinco anteriores, desde 30 de dezembro, a produção é do Prof. Guy Barros Barcellos. Ele é biólogo e fundador do Museu da Natureza – Unidade de Ensino São Mateus / ULBRA que já foi assunto deste blogue. Atualmente o Guy, que no próximo mês estará defendendo sua dissertação de mestrado acerca de Museus de Ciências como recurso para alfabetização cientifica no ensino fundamental no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática – PUCRS, está em férias nos Estados Unidos. Atenciosamente brinda, a cada semana, suas impressões muito atentas aos leitores deste blogue. Hoje, como anunciei ontem, vamos a Nova Iorque para fruirmos o Metropolitan Museum, um musical da Broadway "Mary Poppins", missa coral na St. Thomas Church e a ópera "Anna Bolena" de Donizetti em estreia histórica no Metropolitan Opera House.
Hoje faremos mais uma exploração pela Big Apple, com algumas sugestões de atrações nesta metrópole repleta de diversidade e riqueza cultural. Uma boa pedida é o musical “Mary Poppins”. O filme musical, lançado pela Disney em 1964 foi/é / será uma obra de arte. Foi o primeiro filme a misturar desenhos animados com seres humanos, com efeitos especiais revolucionários para época, teve como estrela ninguém menos que Dame Julie Andrews, com sua belíssima voz e excelente atuação ganhou o Oscar de melhor atriz. Nesta nova produção do musical, para a Broadway, a partitura dos irmãos Sherman é mantida com pequenas alterações, um competente elenco de cantores e bailarinos nos fazem sentir como se estivéssemos no próprio filme, com direito a sapateado no teto do palco e Mary voando de guarda-chuva pela plateia. Impossível não se sentir criança neste belo espetáculo (foto 1).
Quem aprecia canto coral irá se refestelar em NYC. Na 5a Avenida há dois lugares para isto: Saint Patrick Cathedral todos os dias, em diversos horários, tem missas com coral e órgão de tubos, como comentara em crônica anterior: “quem não acredita acreditará”. Na mesma rua a Saint Thomas Episcopal Church, uma graciosa edificação gótica (foto 2), menos opulenta que a St. Patrick, mas muito agradável também oferece missas com coral de homens e meninos. Nesta ocasião cantaram obras dos ingleses Thomas Tallis e Edward Elgar. Quem se interessar poderá encontrar informações nos sites:
Não pude deixar de visitar o Louvre das Américas, o Metropolitan Museum of Art (foto 3). Lá encontro alimento para minha sede estética que não se sacia com os acervos do MoMA (Museum of Modern Art) e o Guggenhein Museum, já dizia o pintor que: na arte o que vale é o início, o fim já é o fim. Para confirmar isto fui direto à grandiosa coleção de arte egípcia. É realmente imensa, mas vale falar especialmente sobre Hatshepsut, uma das poucas mulheres que ocuparam o posto de faraó, junto com Cleópatra e Nitocris. 
Apesar de ser menos conhecida que a amante de Marco Antônio, Hatshepsut foi uma das mais importantes reinantes do Egito, há 15 séculos A.C.  ou 36 séculos A.P. (Antes do Presente). Sua época é considerada um dos pináculos da arte e da cultura egípcia. Com a morte de seu marido, o faraó Tutmés II, Hatshepsut teria um reinado de regência, pela pequena idade de seu filho, entretanto esta mulher decidiu vestir-se com as roupas de faraó e assumiu a dignidade de seu cargo, dizendo-se a filha do deus Hórus. Apelidamos Hatshepsut de “faraôua” (na foto 4, eu e a faraôua), uma mulher corajosa que enfrentou os preconceitos e a própria lei de seu Império, reinou com prosperidade e ajudou a expandir o Egito.
O Met Museum também apresenta uma sala gigantesca onde fica o Templo de Dendur (foto 5). Em 1962 um rio iria submergir todo o complexo, ao saber disso o presidente JFK pediu recursos ao Congresso para ajudar o governo egípcio a salvar este patrimônio da humanidade, obtendo sucesso. Em 1978 o governo egípcio doou o Templo de Dendur ao presidente Johnson, que encaminhou ao Met Museum para ficar permanentemente exposto à quem quiser ver, protegido de erosões da natureza e das instabilidades do Egito. Não fosse a intervenção estadunidense o Templo de Dendur seria visitado só por peixes e crocodilos.
Uma das exposições temporárias do Met Museum é “The Renaissance Portrait: From Donatello to Bellini” (foto 6). Mostrando obras dos maiores gênios da Renascença, que retratavam pessoas influentes e importantes com seus pincéis mágicos. O que mais me chamou atenção foram as obras: Retrato de Simonetta Vespucci, de Botticelli e o Retrato do Velho com o menino, provavelmente do avô com seu neto favorito. O olhar enternecido do ancião sendo tocado candidamente pelo infante é emocionante (foto 7), uma obra de Ghirlandaio. Quem quiser conferir esta exposição poderá ver todas as obras sem sair de casa no: http://www.metmuseum.org/exhibitions/listings/2011/the-renaissance-portrait-from-donatello-to-bellini.
Para encerrar esta crônica um pouco de ópera. O Metropolitan Opera House (foto 8) apresentou pela primeira vez o grande sucesso de Donizetti “Anna Bolena” (1830) com a belíssima e competente cantora Anna Netrebko (foto 9) no papel principal. O libreto trata sobre os últimos momentos da amante de Henrique VIII Tudor, causadora do cisma entre a Inglaterra e a Igreja Romana, tornou-se rainha ao casar-se com Henrique. Não podendo dar-lhe um filho homem, logo deixou de ser o foco das afeições do caprichoso rei, caiu em desgraça sendo acusada de traição e incesto, e foi condenada, (ao menos na ópera) injustamente, por seus crimes. A ópera é romântica, altamente dramática, com belíssimas e ricas melodias de alta dificuldade técnica para os intérpretes.
 Termina com a loucura da Rainha Bolena ante ao cadafalso dizendo que não teme a lança do carrasco. Arrebatadora partitura, história intensa, grandiosa montagem do Met Opera e bela performance dos cantores. Bravi tutti!


Imaginando quanto cada uma e cada um evocou saudades ou fez sonhos a capital multicultural do Planeta, convido para amanhã conhecer, em uma resenha dolorosamente impactante, o livro Los secretos del imperio Karadima: la investigatión definitiva sobre el escándalo que remecio a la iglesia chilena.

7 comentários:

  1. Meu amigo,

    mais uma vez a diagramação ficou irretocável.
    Obrigado pela oportunidade.

    Grande abraço,
    Guy.

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  2. Errata: Hatshepsut foi reinante do Egito há 36 séculos, 15 A.C. Enganei-me na digitação. Mea culpa maxima.
    Abraços, Guy.

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  3. ERRATA 2: O erro foi deste editor. Hatshepsut reinou há 36 séculos, ou como colocastes 15 séculos A.C ou 36 séculos A.P.
    Já corrigi na edição em circulação.
    Com pedido de escusas aos leitores e a ti.

    attico chassot

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  4. Caro Chassot,

    impressionante o tour do prof. Guy. Particularmente chamou minha atenção para a exposição do Templo de Dendur acolhido pelo governo estadunidense e agora disponível para a visitação pública. Fico imaginando quanta obra, que custou o suor da humanidade, foi soterrada por barragens, conflitos civis e guerras, perdidas para sempre.

    Um abraço,

    Garin

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    1. Prezado Norberto,

      alegro-me que tenhas lido e apreciado o texto.
      O Templo é realmente muito bonito e emocionante.

      Grande abraço,
      Guy.

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  5. LUIS OTÁVIO AMARAL escreveu de Belo Horizonte
    Querido Chassot,

    Paz e bem!

    Como sempre muito saboroso o texto do Guy. Ele escreve muito bem, de uma forma sempre cativante.

    Eu tive dificuldade para postar um comentário à contribuição da última sexta-feira. Então vai agora. Gostei muito das informações e especialmente do entusiasmo do Guy sobre as belugas. Fui tocado pelas fotos. Às vezes dois, às vezes três mamíferos muito alegres. Não tenho tanta certeza sobre o mamífero marinho. Eles sempre parecem ter um lindo sorriso. Essa é a minha impressão desde a minha primeira beluga, retratada no inesquecível livro "Mamíferos", editado pelo MEC.

    Agradeço ao Guy pelos endereços da exposição do Met e do canto da Anna Netrebko. Vou visitá-los.

    Desta vez ele nos brinda com duas lindas mulheres. A Simonetta Vespucci foi casada com um primo distante do "nosso" Américo Vespúcio. Deixou fama de ser a mais linda mulher de Florença, enlouquecendo desde os Medici a Botticelli.

    A Anna Netrebko é uma bela moça e uma estrela (ou seria A
    estrela?) da ópera hoje.

    Apresso-me em dizer que a "faraoa" também se achava linda, a mais linda de todas. Mas as estátuas com seu estilo convencional não mostram isso. Nem ela se dignou a dar um sorriso de agradecimento pela visita do Guy.

    Complementando a informação do Guy, a doação do templo de Dendur aos Estados Unidos foi a retribuição à ajuda que o país deu - como diversos outros - para a salvação dos monumentos mais significativos ameaçados pela construção da barragem de Assuan (ou Aswan). A contrapartida do Egito foi na forma de doação de outras preciosidades aos países que se envolveram na operação de salvamento. Há outras maravilhas que emigraram na mesma época. E certamente muitíssimas outras que, como diz o Guy, somente podem ser vistas por peixes e crocodilos.

    Abraços e votos de uma boa tarde de sexta-feira.
    Tavinho

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    1. Estimado Luís Otávio,

      agradeço teu comentário tão gentil.
      Gostei muito das informações adicionais que trouxeste.
      Respondendo à tua pergunta, apesar da ópera ser uma constelação hoje em dia, a Netrebko é a de maior brilho. Pelo talento, empatia com a platéia, belo timbre da voz e imenso volume.

      Com admiração, meu abraço,
      Guy.

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