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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

10.- A Paz é feminina

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1894

Depois do peregrinar -- agradeço ao professor Garin este batismo a minhas viagens – por Ponta Grossa e Viçosa, esta edição inaugura uma semana, que por ter um feriado, na qual não há viagens. O destaque da mesma é na quinta e sexta feiras ter a qualificação de três mestrandos.

Quando já registrei aqui tantos dissabores com voos, onde talvez o ícone seja um de dezembro de 2008, quando de uma viagem a Belém, fiquei literalmente sentado no chão do aeroporto de Brasília mais de 12 horas, trago uma situação antípoda. Ontem, à noite cheguei a Porto Alegre três horas antes do previsto, por um lance de sorte associado a boa vontade (e bom senso) do Tiago, funcionário da Gol.

O feito merece detalhes. Deixei Viçosa, conduzido pelo senhor José Maria, motorista a serviço da UFV, às 12h30min. Depois de quatro horas de muita contemplação de queimadas, inclusive em áreas de preservação ambiental, na BR-040, estava no aeroporto de Confins. Meus voos previstos tinham partidas e chegadas assim: Confins/Congonhas: 18:07/19:19 e Congonhas/Porto Alegre: 20:50/22:16. Quando estou, sem pressa nenhuma fazendo o check-in, ouço um aviso de encerramento de um voo para Porto Alegre. Eis que consigo embarcar, sem muitas negociações, em um voo direto a Porto Alegre, que partiu às 17h e chegou às 19h20min. Isto foi o máximo: 20 minutos depois de chegar ao aeroporto já estava a bordo para voar sem escala. Concordam que merece ser registrada esta proeza. Dou-me conta que uso, aqui e agora, uma palavra muito usada por meu pai, quando queria reprimir alguma narrativa exagerada: “Deixa de fazer proeza, guri!”

Na manhã de domingo em Viçosa, por duas horas ministrei a segunda parte do minicurso “A História e a Filosofia da Ciência: Catalisando Propostas Transdisciplinares” que teve elogiada avaliação da Professora Dra. Maria de Fátima Paixão, de Portugal e de vários outros participantes. Em seguida muita tietagem com fotos e autógrafos, imersa em manifestações de carinho.

Tive que me retirar com antecipação da palestra do professor Murilo para almoçar com a professora Aparecida Fatima, coordenadora do I Simpósio Mineiro de Educação Química. Depois disto, às 12h30min o Professor Vinicius Catão de Souza, alma-mater do evento desejava-me boa viagem no hotel da UFV. E como vimos ela foi muito boa.

Encerro esta edição, referindo que na palestra A Ciência é masculina? É, sim senhora! proferida na manhã de sábado, algumas poucas horas depois de se tomar conhecimento da divulgação, homenageei às três mulheres, que numa situação inédita, foram laureadas como Premio Nobel da Paz 2011: a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a militante Leymah Gbowee, também liberiana, e a jornalista e ativista iemenita Tawakkul Karman.

Até sexta-feira o Nobel da Paz fora concedido a doze mulheres entre 95 pessoas e 30 organizações. Agora, são 15 as mulheres entre 98 pessoas e 30 organizações. É algo que merece que nos rejubilemos: a Paz é feminina, também!

Ellen Johnson-Sirleaf (Monróvia, Libéria, 29 de outubro de 1938) é a presidente da Libéria, que venceu as eleições presidenciais de 8 de Novembro de 2005, nas quais derrotou o outro principal candidato, o ex-jogador de futebol George Weah.

Líder do Partido da Unidade (Unity Party), foi a primeira mulher eleita chefe de estado de um país africano. Johnson-Sirleaf estudou na Universidade de Harvard, e participou pela primeira vez no governo liberiano durante o mandato do presidente William Tolbert, quando desempenhou o cargo de ministra das finanças (desde 1970). Em 1985, sendo candidata para ocupar um assento no Senado, criticou publicamente o regime militar, o que lhe valeu uma condenação de dez anos de prisão, embora fosse libertada pouco depois de ser presa. Depois da passagem pela cadeia, viveu no exílio até 1997, quando regressa à Libéria como economista do Banco Mundial e do Citibank em África.

Embora inicialmente Johnson-Sirleaf tenha apoiado a revolta de Charles Taylor contra o general Samuel Doe, posteriormente passou à oposição e participou nas eleições liberianas de 1997, nas quais obteve apenas cerca de 10% dos votos enquanto Charles Taylor teve cerca de 75% (suspeita-se de fraude nas eleições). Este acusou-a de traição ao país, e ela fez campanhas públicas solicitando a saída do poder de Taylor. Johnson-Sirleaf desempenhou um papel activo no governo de transição anterior às eleições presidenciais de 2005, assumindo a liderança do Partido da Unidade depois da saída de Taylor do país.

No primeiro das eleições, a sua candidatura foi a segunda mais votada com 175 520 votos, passando à segunda volta definitiva na qual enfrentou George Weah. Em 11 de Novembro de 2005, com um escrutínio de 97% dos votos, a Comissão Eleitoral Nacional da Libéria declarou Johnson-Sirleaf vencedora das eleições, resultado não aceite por Weah, que apresentou um recurso junto do Supremo Tribunal liberiano pedindo que se suspendesse o escrutínio por supostas irregularidades. Em 23 de Novembro esse pedido foi rejeitado e Johnson-Sirleaf reconfirmada como presidente.

Leymah Roberta Gbowee (Monróvia, 1972) é uma ativista africana encarregada de organizar o movimento de paz que colocou fim à Segunda Guerra Civil da Libéria em 2003. Tal conduziu à eleição de Ellen Johnson-Sirleaf como a primeira mulher presidente de um país africano.

Leymah Gbowee nasceu na zona central da Libéria. Aos 17 anos mudou-se para Monróvia, a capital, quando a Segunda Guerra Civil rebentou. Formou-se como terapeuta durante a guerra civil e trabalhou com crianças que foram meninos-soldados do exército de Charles Taylor. Rodeada pelas imagens de guerra, Gbowee deu-se conta de que "se qualquer mudança tivesse que acontecer na sociedade, isso teria que ser feito pelas mães". Gbowee tem seis filhos.

Tawakel Karman (Ta'izz, 7 de fevereiro de 1979) é uma política e ativista dos direitos humanos iemenita. Membro sênior da Al-Islah, lidera um grupo por ela fundado, o Mulheres Jornalistas Sem Correntes.

Foi presa devido a queixas de seu marido, que não sabia de seu paradeiro, e solta em liberdade condicional em 24 de janeiro de 2011. Participou do "dia da fúria" em 29 de janeiro. Em 17 de março de 2011 foi presa novamente.

Com votos de uma boa semana, um convite para nos lermos amanhã. Até então.

6 comentários:

  1. Caro Chassot,

    lembraste da "proeza" muito usada também na minha casa com a mesma conotação. Adito outra expressão que sintetiza o teu retorno à Porto Alegre: "um dia tem que chover na minha horta!" e choveu na tua no voo Minas - Rio Grande do Sul.

    Boa semana!

    Um abraço,

    Garin

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  2. Caro chassot,
    Sem querer desmerecer as ganhadoras do Nobel da paz, senhoras Ellen Johnson-Sirleaf, Leymah Roberta Gbowee e Tawakel Karman, gostaria de lançar aqui a candidatura, para o mesmo Nobel, da escritora e ativista pelos direitos das mulheres Ayaan Hirsi Ali, autora dos livros "Infiel" e agora "Nômade" que é um grito de alerta para que o mundo acorde para a opressão que as mulheres muçulmanas de todo Planeta sofrem. Abraços, JAIR.

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  3. Meu caro Garin,
    realmente a palavra ‘proeza’ apareceu de repente, imersa em saudades. O Priberam dicionariza: 1. Acto de valor, façanha.
    2. [Informal] Acção censurável e escandalosa. Era na acepção que usávamos. Realmente ‘choveu na minha horta’ neste retorno.
    Obrigado pela parceria,

    attico chassot

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  4. Meu caro Jair,
    não conheço a ativista Ayaan Hirsi Ali, autora dos livros "Infiel" e "Nômade" e também não sei como é o lobby para lançar uma candidatura ao Nobel da Paz. Vou buscar os dois livros que referes.~
    Obrigado pela parceria intelectual aqui.
    Já li os dois textos ‘Palavras’ e ‘Selva’. Ainda não postei comentários em um e outro.
    Com estima.

    attico chassot

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  5. Caro Mestre Chassot
    Tua blogada deste inicio de semana faz justa homenagem às mulheres que cada vez mais se impõem como musas transformadoras de uma realidade machista que perdurou e perdura até então. Esses bons exemplos merecem nosso destaque e quem sabe o mundo se torne cada vez mais humano com essas ações. Observa-se que nos países onde a herança européia neocolonialista dexou suas marcas, agora consegue resolver suas questões internas de forma própria e independente. Por isso, tenho admiração pelas atitudes demonstradas desde o governo Lula no perdão a dívidas daqueles países, tendo em vista a exploração que sofreram durante períodos históricos em que se deu a construção da Europa e da América. JB

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  6. Meu caro Jairo,
    realmente aditas a blogagem de hoje alfo importante: a remissão de dívidas com a Africa. Obrigado por esta pareceria intelectual.
    Com saudades,

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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