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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

21.- Ensinando e aprendendo na Amazômia

ANO 6 ***** M A N A U S **** EDICÃO 1875


Vivi ontem o meu primeiro dia desta jornada amazônida. Esta imensa porção do Brasil, em anos mais próximos, tem sido um lócus privilegiado de minhas aprendizagens. Depois daquele mês em Porto Velho em 1975, quer referi ontem, mais recentemente estive no Pará, Rondônia, Roraima e agora mais uma em Manaus. Há uma clara sensação que mais aprendo aqui que ensino.


Pela manhã, já no café aprendi sobre frutas e iguarias desconhecidas: comi biriba e acerola, caju e carambola, que não pertencem ao meu cotidiano; deleitei-me com mungunzá, mingau de banana e batata doce. No almoço apreciei filé de pirarucu grelhado e feijão preto com farofa.


Ontem visitei, mais uma vez, graças a atenciosa fidalguia do Eduardo Segura o muito lindo Teatro Amazonas. Meus amigos belenenses exigem que eu recorde que é também o segundo maior da região da Amazônia, superado apenas pelo Teatro da Paz, em Belém do Pará. E que eles não me leiam, que não tem a riqueza nem a beleza deste manauara.



Eis o que me escreveu esta noite o professor Guy: Manaus também é a capital operística do Brasil. Apresenta todos os anos uma qualificada temporada operística, com grandes montagens de renomados diretores e cantores de alto gabarito. Tudo isto no Teatro Amazonas, um dos melhores do mundo.



Eis um pouco do muito que aprendi num tour guiado de cerca de uma hora que o Eduardo e eu fizemos. É difícil descrever a beleza, mas trago alguns detalhes.



O teatro Amazonas, inaugurado em 1896, é uma das expressões mais significativas da riqueza da região durante o Ciclo da Borracha. Este converteu cidades amazônicas em prósperos centros econômicos e culturais.



A história do Teatro Amazonas inicia-se em 1881, quando o deputado A. J. Fernandes Júnior apresentou o projeto para a construção de um teatro em alvenaria, na cidade de Manaus. A proposta foi aprovada pela Assembleia Provincial do Amazonas, e começaram as discussões a respeito da construção do prédio. Manaus, que vivia o auge do ciclo da borracha, era uma das mais prósperas cidades do mundo, embalada pela riqueza advinda do látex da seringueira, produto altamente valorizado pelas indústrias europeias e americanas. A cidade necessitava de um lugar onde pudessem se apresentar as companhias de espetáculos estrangeiras e a construção do teatro, assim, era uma exigência da época.



O projeto arquitetônico escolhido foi o de autoria do Gabinete Português de Engenharia e Arquitetura de Lisboa, em 1883. No apogeu do ciclo da borracha, a construção tomou impulso. Foram trazidos arquitetos, construtores, pintores e escultores da Europa para a realização da obra. O teatro foi finalmente inaugurado no dia 31 de Dezembro de 1896.



A sala de espetáculos do teatro tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a



plateia e os três andares de camarotes. No Salão Nobre, com características barrocas, destaca-se a pintura do teto, denominada "A Glorificação das Bellas Artes na Amazônia", de 1899, de autoria de Domenico de Angelis. Destacam-se os ornamentos sobre as colunas do pavimento térreo, com máscaras em homenagem a dramaturgos e compositores clássicos famosos, tais como Ésquilo, Aristófanes, Moliére, Rossini, Mozart, Verdi e outros. Sobre o teto abobadado estão afixadas quatro telas pintadas em Paris pela Casa Carpezot - a mais tradicional da época -, em que são retratadas alegorias à música, à dança, à tragédia e uma homenagem ao grande compositor brasileiro Carlos Gomes. Do centro, pende um lustre dourado com cristais, importado de Veneza, que desce até ao nível das cadeiras para a realização de sua manutenção e limpeza.



À noite, por quase duas horas falei na sessão solene de inauguração do Simpósio de Educação em Ciências na Amazônia. Comportei-me indisciplinarmente na condução de alteração da proposta de fala recebida, como antecipei na edição de ontem. Tive um auditório atento de mais de 200 pessoas que aplaudiu muito ao final. Autografei cerca de meia centena de livros e tirei inúmeros fotos e recebi muitos que se diziam meus leitores há muito e que agora me conheciam pessoalmente.



Antes da palestra, dei uma entrevista a uma jornalista de um diário local e após a TV Amazonas, cujos repórteres e câmera manifestaram que gravaram e assistiram à palestra e a apreciaram. O mesmo falou o mestre de cerimônias. Lembrei-me de uma frase que se diz atribuída a Rutherford: “Uma palestra é boa se seu motorista a entender.



Esta manhã, assisto atividades do evento e à tarde participo como membro externo de duas bancas de qualificação: David Xavier da Silva que traz o projeto de dissertação: Processo de educação cientifica a partir de atividades de conservação de quelônios amazônicos em comunidades ribeirinhas do baixo Amazonas. E de João Marinho a Rocha que traz como proposta: Programa manejo de quelônios amazônicos “pé-de-pincha”: articulando a educação científica em comunidades rurais do baixo Amazonas, ambos os mestrandos são professores na cidade de Parintins.



Parece não haver dúvidas de quem mais aprende sou eu. Amanhã quero detalhar um pouco sobre estas duas dissertações. Por ora, adito votos de uma boa quarta-feira, a cada uma e cada um.

7 comentários:

  1. Caro Mestre Chassot! Uma aula de História (amazônica) tua descrição detalhada do Teatro Amazonas e suas características construtivas. Ainda não tive o privilégio de visitar a capital amazônica e me encanto com essa magia do Norte brasileiro. Vejo que o reconhecimento de tuas palavras por aí demonstra o quanto tens a contribuir para a educação brasileira em tuas palavras sábias ao tratar a indisciplina como forma de aprendizado. Abraços desde o RS ressacado pela epopéia farroupilha. JB

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  2. Meu caro Jairo,
    obrigado por estares um pouco na Amazônia neste teu encantamento pela região.
    Uma boa ressaca gaudéria

    attico chassot

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  3. Caro Chassot,
    Apresento meus cumprimentos pelo teu sucesso manauara. Vejo que tu estás curtindo demais Manaus e suas peculiaridades, aproveite. Abraços de Floripa, JAIR.

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  4. Caro Chassot,

    sempre me preocupei com a comunicação das minhas falas. É melhor falar para o porteiro e ser entendido por todos do que falar para os doutores e não ser compreendido nem mesmo pela gente mesmo. A flexibilidade no ato de comunicar permite esse entendimento por todos: parabéns!

    Um abraço,

    Garin

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  5. Professor é com imensa satisfação que temos vc conosco,e com certeza cada momento é maravilhoso ao seu lado!!!!!

    Ataiany

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  6. Muito obrigado Ataiany,
    querida colega de Química,
    estou feliz por estar na Amazönia
    achassot

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