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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

29.- “Vermeer, professor!”.


Porto Alegre Ano 5 # 1548

Eis que iniciamos o primeiro dia do quinto tríduo deste excepcional outubro com cinco SEX/SAB/DOM. No primeiro deles vivemos as nervosas emoções do primeiro turno. Deste último tríduo, em termos eleitorais, falo um pouco adiante.

Como contei aqui, nesta quinta e sexta feira vivo intensamente a realização do 30º EDEQ. Para que meus leitores entendam minhas emoções, preciso registrar que os EDEQs – Encontros de Debates sobre de Ensino de Química são uma minhas ações no disseminar a Ciência, quando coloco como um dos meus propósitos o fazer alfabetização científica – em sua dimensão mais ampla.

Estive envolvido na organização de todos os eventos e também participei dos mesmos, com uma única exceção: faltei ao XVI EDEQ, em 1996, da Universidade de Santa Cruz do Sul, pois recém fizera uma cirurgia de tíbia e perônio; mas me fiz presentes nas reuniões de organização do mesmo e com o envio de um texto que foi lido na abertura pelo meu colega e amigo Edni Oscar Schroeder.

Assim, na manhã de ontem, no imponente auditório da PUC-RS com mais de 400 pessoas, foi emocionante assistir meu colega Maurivan Güntzel Ramos, declarar aberta a 30ª edição de um EDEQ. O Maurivan é parceiro desde o I EDEQ, realizado em 6 de dezembro de 1980, no Instituto de Química da Pontifícia Universidade Católica, desencadeado pela então emergente regional gaúcha da Sociedade Brasileira de Química. Reuniram-se, então, 73 de professores de Química, dos três graus de ensino – era assim que se falava do ensino fundamental, médio e superior–, para discutir: “As inter-relações do ensino da Química nas diferentes etapas da escolarização, bem como as interações dos pesquisadores com o ensino”.

Nestes 31 anos de EDEQs somente em 1991, para o qual estava programado o XII EDEQ na cidade de Pelotas, assumido pela UCPEL e pela SMED de Pelotas foi quebrada uma tradição ininterrupta de 11 anos. Houve uma série de tratativas, que demandaram viagens minha a Pelotas, para estabelecimento do tema, de programação, de convite a palestrantes etc, mas por problemas locais, o XII EDEQ, só viria ocorrer em 1992 na ULBRA.

A conferência de Abertura: A qualificação dos professores de Química: instâncias, processos de formação e inovação, foi realizada com muita competência pelo prof. Dr. Murilo Cruz Leal Universidade Federal de São João del Rey, onde é Pró-Reitor de Graduação. Trago da palestra uma marca do auditório: muitos jovens professores e estudantes de Química. Essa jovialidade do evento pode ser traduzida no detalhe do conferencista inaugural, só tornar-se professor de Química 10 anos depois do I EDEQ.

As atividades da tarde se iniciaram com a primeira parte (a segunda ocorre esta manhã) dos 16 minicursos, distribuídos em amplo espectro da Educação Química. Eu ministre para cerca de professores e alunos um sobre: A História e Filosofia da Ciência como catalisadora de ações transdisciplinares. Houve, então algo insólito. Eu falava sobre o significado das primeiras observações de Galileo Galilei com telescópio em 1609, Destacava que Copérnico havia proposto que a terra girava, e que isso só seria comprovado, então, por Galileo. Contei então que este importara lentes da Holanda, mais precisamente de Delft, e que no fabrico das mesmas certamente estava envolvido Anton Van Leeuwenhoek, que é conhecido pelas suas contribuições para o melhoramento do microscópio, além de ter contribuído com as suas observações para a biologia celular (descreveu a estrutura celular dos vegetais, chamando as células de "glóbulos"). Utilizando um microscópio feito por si mesmo (possuía a maior coleção de lentes do mundo, cerca de 250 microscópios), foi o primeiro a observar e descrever fibras musculares, bactérias , protozoários e o fluxo de sangue nos capilares sanguíneos de peixes. Então disse que ela frequentava a casa do pintor... e eis que me falta o nome do pintor. Ocorre aquele famoso branco, que comigo parece sempre pré-anunciado. Disse que talvez me lembrasse ainda até o fim da aula. Referi que era um pintor que eu gostava muito, autor de quadros como ‘A leiteira’ e ‘Moça do brinco de pérola’. Um jovem professor vem a meu auxílio sugerido Dürer. Descartei a sugestão. Menos de dois minutos o professor Guy Barros Barcelos, socorre-me: “Vermeer, professor!”. Não sem espanto, digo “Sim, Johannes Vermeer! Como te ocorreu?” Ele simplesmente me mostra um pequeno celular, no qual perguntara para o professor Google. O professor Guy, que nasceu no ano do 8º EDEQ na UNIJUÍ, não poderia imaginar que nele eu recebera um telegrama de minha mulher.

Depois dos minicursos houve um café de confraternização e seguram-se 15 sessões de Rodas de pesquisas e experiências docentes, onde houve exposições orais, de cerca de 10 trabalhos em cada uma. À noite ocorreu uma confraternização na Churrascaria do CTG 35.

Agora pela manhã o evento prossegue, sendo que às 18h30min faço a conferencia de encerramento: 30 anos de Educação Química no Rio Grande do Sul – E o futuro?

Já que trouxe evocações de EDEQs, uma última: esta 30ª edição também me remete ao XVIII EDEQ foi realizado na Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ (a décima primeira Universidade diferente que acolhia o evento), Universidade de Cruz Alta de 22 a 24 de outubro em 1998. Foi, muito provavelmente o mais politizado dos EDEQs pois ocorria às vésperas do segundo turno das eleições para o governo do estado de algumas unidades da federação e no Rio Grande do Sul estas foram muito polarizada e terminaram com a memorável vitória de Olívio Dutra, para o Governo do Estado.

Essa evocação faz ponte para as emoções deste fim de semana. Com as pesquisas digulgadas ontem à noite como Dilma Rousseff (PT) pontuou (nos votos totais) 50% contra 40% de José Serra (PSDB), a possibilidade de alteração dessa tendência fica limitada. Então é impossível haver alterações e Dilma já ganhou? Não, até porque nesse caso a democracia poderia ser exercida por meio de pesquisas de opinião.

Além disso, são de conhecimento público os diversos equívocos dos institutos de pesquisa no primeiro turno – embora o Datafolha tenha indicado com clareza qual poderia ser o resultado da eleição presidencial. O fato é que desta vez há uma convergência maior nos resultados dos principais institutos de pesquisa. Se todos estiverem errados na identificação de tendências, será realmente um convite para que refaçam integralmente suas metodologias.

Outro dado relevante: pesquisas não fazem previsão de resultados, mas apenas apontam tendências no momento em que a sondagem é realizada.

Com todos esses resguardos, os meus votos de uma muita boa sexta-feira a cada uma e cada um de meus queridos leitores vem marcados com essa saborosa charge. Seja ela a futurição do que espero/esperamos possa ocorrer depois de amanhã. Amanhã, numa quase vigília cívica, nos lemos aqui, provavelmente. Até então.

2 comentários:

  1. Caríssimo Chassot,

    foi um prazer e um momento de grande aprendizado este curso! Melhor ainda figurar neste insigne blogue.
    ...Apesar do professor Google ser rápido e preciso ele não causa a emoção nem gera a efervescência intelectual que o Mestre Chassot catalisa!!! Grande abraço.

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  2. Muito admirado colega Guy,
    tenho uma reprodução de ‘A leiteira’ agora ela me evoca além da Delft do século 17 o ‘aluno’ pós moderno que tive em aula na pretérita quinta-feira.
    Foi um privilégio para mim.
    Obrigado
    attico chassot

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