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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Respondendo breves e instigantes perguntas acerca de Alexandria e de Hipátia

Envolvido com a produção e transferência de arquivos de A ciência através dos tempos para a nova editora: Livraria da Física da USP encontrei uma entrevista acerca de Hipácia e Alexandria. Escolhi 3 perguntas, dentre uma dezena.

Aproveito o ensejo e informo a atenciosas leitoras e a atenciosos leitores que este bloque este estará em recesso natalino até 27 de dezembro.

  1. Como pesquisador, quais foram as razões que o despertaram para a Biblioteca de Alexandria?

Desde que comecei me envolver com História e Filosofia da Ciência a Biblioteca de Alexandria povoou meu imaginário. No meu livro A ciência através dos tempos, a refiro muito brevemente. Quando em 2002 vivi um tempo na Espanha fazendo pós-doutorado, fiz o conhecido cruzeiro pelo Nilo. Então inclui Alexandria no roteiro (que originalmente não faria parte). Ela seria inaugurada quando estivesse lá. Agendei a data em função disso. Por problemas de segurança a inauguração foi transferida para outubro. Isso terminou sendo muito bom. A visitei quase sozinho. Foi emocionante. O artigo de Química Nova na Escola que conheces conta um pouco desta visita.

Curto muito visitar bibliotecas. Já passei horas dentro da Biblioteca francesa em Paris, na Biblioteca britânica em Londres ou mesmo em uma simples biblioteca de uma universidade pequena. Na minha adolescência era frequentador assíduo da biblioteca municipal de minha cidadezinha. Tenho uma biblioteca pessoal de cerca de 4 mil volumes e nela há um setor de livros raros e preciosos. Tenho uma dezena de preciosidades. No Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto há um capítulo sobre a ‘minha’ biblioteca. Acredito que livros é quase a única coisa que me faz um homo possessivus.

 

2) Se estivéssemos conversando, exatamente agora, naquela Biblioteca, usando de imaginação, em qual espaço estaríamos e que pessoas nos acompanhariam?

Um bom local para conversarmos seria no Scriptorium de Hipátia (ou Hipácia) Hipacia de Alexandria (em grego: Υπατία), matemática e filósofa neoplatônica, nascida aproximadamente em 370 e assassinada em 415. É provável que teríamos ali um local de agradável conversação 

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Eu diria a ela o quanto a admiro e a felicitaria pela coragem que teve em não se submeter a conversão ao cristianismo e desejar poder fazer suas oferendas aos deuses de seus pais. Ela teria muito a nos contar sobre aquela tarde de março de 415, quando regressava do Museu, e foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos, instigados pelo Patriarca Cirilo.

Ela foi golpeada, desnudada e arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja. No interior do templo, foi cruelmente torturada até a morte, tendo o corpo dilacerado por conchas de ostras (ou cacos de cerâmica, segundo outra versão). Depois de morta, o corpo foi lançado a uma fogueira.

Claro que poderíamos discutir a versão do de sua história trazida no  filme Ágora (Alexandria (título no Brasil) ou Ágora (título em Portugal)). É um filme espanhol dirigido por Alejandro Amenábar, lançado na Espanha, em 9 de outubro de 2009. O filme é estrelado por Rachel Weisz e Max Minghella e relata a história da filósofa Hipátia, que viveu em Alexandria, no Egito, entre os anos 355 e 415, época da dominação romana. Durante o relato, a história apresenta uma licença romântica, incluindo uma ligação entre Hipátia e um de seus escravos.

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3) Como deve ter sido o cotidiano desta Biblioteca?

 Não sei responder esta pergunta. Infiro que ela se assemelhava a uma universidade, que se transforma apenas em realidades no final da Idade Média. Consta que cada navio que chegava no porto de Alexandria tinha seus livros apropriados pela Biblioteca que os copiava, retinha o original e entregava a cópia original autenticada ao navio.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

BLOGARES DE LIVROS A MÃO-CHEIA

 

ANO 18

28112024

LIVRARIA VIRTUAL  www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO

 3.807

                Desejamos o direito de participar na decisão de quando e de onde se há de morrer!                 

                BLOGARES DE LIVROS A MÃO-CHEIA

Com a edição da linda mensagem de uma ainda incógnita  leitora  recupero uma edição que era devente. Fico a dever a enviada à editora da nova versão de A Ciência através dos tempos. Falta rever ainda o último capítulo, que narra a migração que nos fez, não sem dificuldades, mulheres e homens do século passado; Agora, já temos gerações de ‘crianças’ do século 21 nos dando aulas de como usar o smartphone…

Está a ocorrer (desde ontem até amanhã) o  43º Encontro de Debates sobre o Ensino de Química (43º EDEQ) em Bagé, organizado pela Universidade Federal dos Pampas (Unipampa) e pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul). O tema central:Confraternizar e partilhar saberes para além das fronteiras” enseja boas discussões.

Considerando ter participado pessoalmente de 41 dos 43 fui convidado para enviar um vídeo de cerca de 10 minutos.  A produção de sete minutos levou quase meia tarde. Não levei mais tempo, pois Lucas Chassot Cezimbra, mais competente que assumiu boa parte das ações.

Mas por quê a manchete: BLOGARES DE LIVROS A MÃOS-CHEIAS?

Meu aniversário com presentes para um bibliófilo!... depois eu conto detalhes


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Vejam o que acabo de encontrar

 

ANO 18

15112024

LIVRARIA VIRTUAL  www.professorchassot.pro.br

EdIÇÃO

 3804

                Desejamos o direito de participar na decisão de quando e de onde se há de morrer!

Hoje, vivo momentos doloridos: estou me despedindo de A ciência através dos tempos na versão que embalei desde 1993. Amanhã, 21/11/2024 devo entregar ao novo editor. A ação parece aquelas em que descartamos (Isso não vai para a nova morada)e isso polimos para nova moradia.

Mas não é por tal que faço uma edição resgatando mensagem que estava a dever. Já tive muitas gratificações com o meu ser professor e escritor.

Mas encontrei uma maravilhosa apreciação que supera qualquer texto que tenha lido acerca da História da Ciência. Melhor merecia que eu passasse para a Karoline dos Santos Tarnowski a editoração que estou a entregar.

Vou disponibilizar aos meus leitores o link, que já está disponível há mais de 8 anos na rede, para que possam curtir também a excelente seleção de imagens. https://quimicaempratica.com/2016/03/11/a-ciencia-atraves-dos-tempos/

Transcrevo dois pequenos excertos: (...) Assim, ao reler, pude perceber o quanto esse texto escrito por Attico Chassot é maravilhoso, bem construído, e precisa ser lido por todos aqueles que gostam de ciências e querem entender, inclusive, a construção histórica do conhecimento. Ah, e também há trechos sobre fermentação, metalurgia, cerâmica, dentre outros, para apresentarmos aos alunos e utilizarmos nas aulas de Química. Quem foi que disse que não se usa texto em aula de Química?! 🙂

(...) Como o próprio autor afirma, este livro apresenta uma visão panorâmica da história da ciência e também uma introdução aos que eventualmente poderão desejar se aprofundar em determinado período. São discutidos, por exemplo, a pré-história, as civilizações como a egípcia, mesopotâmica, fenícia, hebraica, indiana, chinesa, grega e romana

 


sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Sobre a brevidade da Vida, obra de Sêneca

 

ANO 18

08112024

LIVRARIA VIRTUAL  www.professorchassot.pro.br

EdIÇÃO

 3803

                Deseja-se o direito de participar na decisão de quando e de onde se há de morrer!

  •  7Feira do Livro Nas primeiras quinzenas de novembro são os muito queridos tempos da Feira do Livro de Porto Alegre. Recordo que em 1957, ano que me formei no ginásio em Montenegro, viera a Porto Alegre em função da formatura e então, fui pela primeira vez a uma feira de livros. Maravilhei-me. Era então aquela 3ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre.

  • Desde então, das 63 feiras que houve, estive em um número muito significativo. Dentre estes, em dois ou três que estive dentre os que fui um dos autores que estavam na barraca  de autógrafos.

  • Faltar à Feira do Livro é perder a sumarenta experiência do contato público e íntimo com este artefato cultural tão importante (ainda) na história da humanidade. 

  • Ainda não fui a 70ª edição desta 2024. Nesta quinta-feira, uma chuvarada de cerca de meia hora, assustou livreiros e leitores, repetindo-se o ocorrido em maio com chafarizes de águas cloacais.

  • Nos meus calendários ocorrem uma saborosa conjugação. Ei-la: Nesta quarta-feira, dia 6 de novembro, iniciei [a metáfora agora na moda dá uma postura heliocêntrica ao usuário] a minha a 86ª volta ao redor do sol.

  • Feira do livro, presentes e aniversário fazem um polpudo mix. Sim! ganhei livros. Não posso resenhá-los tanto quanto desejava comentar aqui alguns. Fa-lo-ei apenas um.

  • O presenteador: Jairo Brasil Vieira que em 2008 defendeu, com minha orientação, dissertação de mestrado: A NOÇÃO DO DESPERDÍCIO: NARRATIVAS DOCENTES EM TRÊS NÍVEIS DO ENSINO BÁSICO apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Ciências Humanas da UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS em São Leopoldo / RS. A cada ano o Jairo me presenteia com um livro muito especial. Nesta dimensão, o 6 de novembro, não foi diferente: um livro escrito há dois mil anos me surpreende e provavelmente enriquecerá leitores deste blogue.

  • O presente: Sobre a brevidade da Vida, obra de Sêneca, escrita a 50 anos depois de Cristo.

  • SÊNECA nasceu em Córdoba, Espanha, em 04 antes de Cristo durante o Império Romano. Busto de Sêneca (Antikensammlung Berlin / Coleção de Antiguidades de Berlim, atualmente mantido no Altes Museum e no Museu de Pérgamo na cidade de Berlim.

  • A Wikipédia muito me facilita no ofertório a meus leitores da preciosidade sumarenta que ora fruo: De brevitate Vitae (frequentemente traduzido do latim ao português como Sobre a brevidade da vida) é um ensaio moral composto por Sêneca (Sêneca, o Jovem), um filósofo estoico da Roma antiga, a seu amigo (e possivelmente cunhado) Paulino.

  • Neste escrito o filósofo levanta vários princípios estóicos* sobre a natureza do tempo, como por exemplo, que os seres humanos despendem muito de seu tempo perseguindo objetivos sem valor ou sentido. *Estoicismo é uma escola e doutrina filosófica surgida na Grécia Antiga, que preza a fidelidade ao conhecimento e o foco em tudo aquilo que pode ser controlado pela própria pessoa. Despreza todos os tipos de sentimentos externos, como a paixão e os desejos extremos. A escola estóica foi criada por Zenão de Cítio, na cidade de Atenas, cerca de 300 a.C.. Porém, a doutrina ficou efetivamente conhecida ao chegar em Roma. O seu tema central defendia que todo o universo seria governado por uma lei natural divina e racional.

  • Segundo suas palavras, a natureza concede o tempo necessário a cada indivíduo para que ele/ela possa realizar o que realmente é importante na vida, portanto exigindo que cada ser humano organize bem o seu tempo.

  • A vida, se você souber usá-la, é longaO estudo da filosofia geralmente é o melhor uso do tempo, segundo Sêneca.

  • Sêneca exorta Paulino a abandonar as ocupações públicas e adotar a vida contemplativa dos sábios, livre das paixões. Isso é contrastado com o sofrimento dos ocupados: eles morrem sem nunca terem vivido.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

TANATOLOGIA: estudo científico da morte.

 

ANO 18

01112024

LIVRARIA VIRTUAL  www.professorchassot.pro.br

EdIÇÃO

 3802

    Eutanásia pode ser um direito e quem assim a desejar vale ‘fruí-la!’(BIS)

  • Já vivemos novembro. O fim do ano parece se antecipar com a chegada das celebrações festivas do ano que se esvai. O último blogar de outubro não foi apenas com muitos acessos,  a edição celebra o Poeta e Letrista Antonio Cicero que morreu em 23/ outubro/2024, em Zurique, na Suíça, aos 79 anos; após ser diagnosticado com Alzheimer.

  • Cabe, aqui e agora, fazer uma breve síntese teórica a partir da última edição de outubro:

  • .Tanatologia é o estudo científico da morte. Ele investiga os mecanismos e aspectos forenses da morte, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos. É, principalmente, um estudo interdisciplinar. A palavra é derivada de Tânato (em grego, θάνατος: "morte"), deus da mitologia grega que personificava a morte, mais o sufixo logia, que deriva do grego legein (Λογια: "falar") e significa estudo.

  • A eutanásia pode ser definida como o ato de "antecipar a morte";

  • A distanásia é  uma "morte lenta, com sofrimento;

  • A mistanásia é a "morte por negligência

  • A ortotanásia representa ‘morte natural’ sem antecipação ou prolongamento. 

  • Na última edição do blogue há informações mais amplas que se farão facilitadoras de discussões mais densas. Vale ler algumas, uma vez mais. 

  • Escolhi comentários emocionantes de alguns leitores.  De maneira mais usual os comentários não são lidos, já que, mesmo os mais presentes, não lêem comentários. Justifico nesta edição a trazida alguns comentários com citação bíblica (Lucas, 8;16): E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz.

  • Mestre. Aqui é sua admiradora Alice, que pensa exatamente como você. Lamento profundamente nosso não direito de escolhermos nosso próprio momento de morrer. Quem sabe um dia, nosso planeta evolua a ponto de nos permitir o direito de sermos agnósticos e, desta forma, decidirmos o que fazer com nossa própria existência (Passo Fundo/RS)

  • Querido Chassot! Eu e a Mari, lemos e comentamos teu oportuno texto! De fato, o silenciamento que se faz em torno dessa questão pode ser cruel para muitas pessoas e precisa ser enfrentado. Tu o fizeste com maestria. Abraços (Otávio Maldaner,  Unijuí, Porto Alegre)

  • Mestre! Um belo texto para refletir sobre nossos direitos e escolhas. Infelizmente grande parte dos brasileiros não está disposta a pensar/ler/discutir sobre o tema em questão. Nos resta ir a Europa caso o futuro (espero que bem distante) nos pregar uma peça. (Luciana Venquiaruto, URI. Erechim/RS) 

  • Professor Mestre Chassot. Lamentável a morte do poeta Antonio Cícero. Todas as perdas são dolorosas em nossa cultura. Não sei até que ponto conseguiríamos optar pela morte, não sei até que ponto teríamos consciência para optar. Morrer é uma certeza da existência que prefiro não me preocupar ...para que seja possível viver. (Anônimo, 26 de outubro de 2024)

  • Querido mestre! Vou fazer um comentário diferente. Lia um texto no A ciência através dos tempos e encontrei semelhanças nas nossas discussões mais recentes. Leiam o texto azul a seguir. Vejam o que nos evocam aqui e agora: 

  • Sócrates foi acusado de corromper a mocidade, ser inimigo das leis e das autoridades e desobediente para com os deuses. Por isso foi julgado culpado, por 281 votos contra 260, e condenado à morte pela ingestão de cicuta. Empregou os últimos trinta dias que lhe concederam conversando com tranquilidade com seus amigos e discípulos, recusando destes a possibilidade de fuga. Depois de despedir-se da mulher Xantipa, de seus três filhos e dos amigos, bebeu a taça de cicuta e morreu.

  • Parece um locus apetecível para uma boa despedida: reunir familiares e amigos como fez Sócrates num futuro bem distante, como bem deseja Luciana Venquiaruto (Litânia).

   É novembro… começa com todos os santos e depois vem finados; no México, por exemplo, a data se faz com alegres festas populares. No Brasil, se aumenta o colonialismo com o halloween ou dia das bruxas. Descolianismo é uma boa pedida em  trazer saci-pererê. Em meio a todos estes festejos se evoca o dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou na porta da igreja do Castelo Wittenberg as 95 teses que criticavam certas práticas da Igreja Católica Romana Este fato é considerado estopim da reforma que mudaria para sempre o cristianismo. Atualmente, luteranos de todo mundo comemoram neste dia o "Dia da Reforma Protestante".