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sexta-feira, 26 de abril de 2024

NA CELEBRAÇÃO DO DIA INTERNACIONAL DO LIVRO

 

ANO

 17

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Livraria virtual

        EDIÇÃO

       3352

       28/04/2024

26/04/2024.- Neste 23 de abril, última quarta feira foi dia de São Jorge* (== Sant Jordi, muito celebrado na Cataluña / dia de Shakespeare** / dia de Cervantes*** / dia do Inca Garcilaso de la Vega**** (talvez, o primeiro escritor das Américas) / Dia de Jorge Bergoglio (== Papa Francisco um dos poucos intelectuais que brada contra as guerras / Dia nacional do Chorinho / Dia de Pixinguinha e, muito especialmente, Dia internacional do Livro. Dentre as pluri-comemorações elejo para homenagear aqui de maneira especial o  LIVRO FÍSICO. Faço isso com texto que segue. Dentre as múltiplas celebrações releio uma publicada há nove anos. Dentre mais de uma dezenas publicações de um Dia internacional do Livro há várias que mereciam ser trazidas em futuras edições. Por exemplo: um 23 de abril de 2002, na Biblioteca de Alexandria. Eis excertos de 24 de abril de 2015:

Era um sábado. Não sei como estava lá fora. Estava num útero que mesmo sendo um conector para um espaço imenso se fecha quase em si mesmo. Meu mundo era o imponente aeroporto de Brasília. Ou, mais corretamente, o aeroporto internacional Juscelino Kubitschek. Ele engolia centenas de pessoas. A maioria parecia ser, como eu, passageiros em trânsito. Certamente, quase todos sequiosos por chegar a casa.

Eu já fizera 3 mil quilômetros dos 5 mil programado para aquela madrugada+manhã. O dia de chegar a casa é no entardecer de sexta-feira. Assim, manhã de sábado não é momento de estar no aeroporto. Eu tinha ali um tempo quase igual às cinco horas de voo: Rio Branco / Brasília /Porto Alegre.

Tinha um largo e vagaroso tempo para olhar esse livro de antropologia que são pessoas fazendo tempo para prosseguir viagem. Como as pessoas faziam/matavam tempo? Um número expressivo, muito mais que a metade, operava smartphones. Li no jornal, no dia seguinte que “Os internautas brasileiros já gastam aproximadamente cinco horas por dia conectados na internet — a maioria desse tempo postando no Facebook, LinkedIn, Twitter, conversando no Whatsapp etc.” (Zero Hora, 19/abril/2015, p. 26).

Vi um casal, que pelas sacolas que portava, devia estar voltando do exterior. Ela e ele teclavam arritmicamente seus celulares, talvez avisando aos netos que já estavam no Brasil. Uma jovem teclava com frenesi com uma rapidez inenarrável (que inveja tenho da velocidade dos jovens ao teclar!) e fazia selfs, com jeito apaixonado e sedutor, certamente para preparar achegada aos braços do amado. Havia uma família (tipo propaganda de margarina: pai e mãe louros de porte atlético, com filhos, um rapaz e uma menina) cada um com seu smartphone. Tinha, mais afastadas de mim, duas moças que se beijavam com discrição e se fotografavam com seus celulares.

Havia ainda muito mais gente. Havia um senhor com jeito de padre, com uma grande cruz de couro em um colar, que lia, provavelmente a bíblia, num tablet. Havia uma meia dúzia de crianças que jogavam cada uma com seus tabletes.

Eis que de repente vejo algo esdrúxulo. Uma moça que parecia uma alienígena. Talvez, aguardasse um disco-voador, pois não parecia uma terráquea. O que a distinguia dos demais passageiros? Provavelmente, alguns não me crerão. A jovem, de cerca de 20 anos, lia um livro em suporte papel. Era um livro grosso, ela lia atentamente. Algo muito raro de ser ver nos dias atuais. Ela lia saborosamente. Ela tinha jeito de leitora contumaz.

Eu passara ter uma meta. Ver que livro esse exótico espécime humano lia. Minha missão era fácil. Sem parecer indiscreto, pois em sua concentração não me aperceberia. Levantei-me para levar um papel de bala ao lixo. Vi que ela lia “O ladrão do fim do mundo”. Não sabia nada deste livro.

Volto ao meu canto, onde já passara 4/5 de meu tempo de Brasília. Tomo meu smartphone. Pergunto ao professor Google acerca do livro. Surpresa. O livro conta uma história que eu ouvira na tarde anterior na Biblioteca dos Povos da Floresta em Rio Branco, no Acre. É a narrativa de como o inglês Henry Wickham, um homem comum e sem dinheiro, contrabandeou 70 mil sementes de seringueiras da Floresta Amazônica para a Inglaterra no século 19 foi o primeiro caso de biopirataria massiva na era moderna.

Vi que a exótica leitora de livro (de verdade) atende ao mesmo voo para o qual sou chamado. Só tenho uma torcida. Que ela sente ao meu lado para conversar sobre o ladrão de sementes. A primeira rodada deu certo. Ela está sentada no avião ao meu lado. Ensaio como ser simpático para manter uma conversa. Perdi. Minhas duas ou três perguntas são respondidas com muxoxos monossilábicos.

    E ela me trocou por um ladrão do fim do mundo....


    *São Jorge (em grego: Άγιος Γεώργιος; romanizdo:Ágios Geṓrgios; em latim: Georgius; entre 275 e 280 — 23 de abril de 303), também conhecido como Jorge da Capadócia e Jorge de Lida foi, conforme a tradição, um soldado romano no exército do imperador Diocleciano, venerado como mártir cristão. Na hagiografia, São Jorge é um dos santos mais venerados no Catolicismo, na Igreja Ortodoxa, bem como na Comunhão Anglicana. É imortalizado na lenda em que mata o dragão


    ** William Shakespeare (Stratford-upon-Avon, 23 de abril de 1564 – Stratford-upon-Avon, 23 de abril de 1616) foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e considerado por muitos o maior dramaturgo da história.


    *** Miguel de Cervantes Saavedra Alcalá de Henares, 29 de setembro de 1547Madrid, 22 de abril de 1616) foi um romancista, dramaturgo e poeta castelhano. A sua obra-prima, Dom Quixote, muitas vezes considerada o primeiro romance moderno, é um clássico da literatura ocidental e é regularmente considerada um dos melhores romances já escritos. O seu trabalho é considerado entre os mais importantes em toda a literatura.


    ****​Gómez Suárez de Figueroa, conhecido como Inca Garcilaso de la Vega ou El Inca (Cusco, 12 de abril de 1539Córdova, 23 de abril de 1616) foi um cronista e escritor peruano de ascendência espanhola e inca, dito o "príncipe dos escritores do Novo Mundo". Pertenceu à época dos cronistas pós-toledanos, durante o período colonial da história do Peru. Era filho do conquistador estremenho (natural da   Extremadura é uma das comunidades autónomas da Espanha, situada no sudoeste da Península Ibérica. Com 1067 710 habitantes em 2016, tem a sua capital em Mérida Sebastián Garcilaso de la Vega e da princesa inca Isabel Chimpu Ocllo.


7 comentários:

  1. Bom ler este texto e saborear o significado.

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  2. Nada se compara a um livro físico, novinho, então ! É um deleite! Sempre carrego um livro nas longas viagens e conexões. Mas diferente da sua alienígena, levo livros finos pra não pesar a bolsa... kkk Essa sincronia de comemorações do dia 23 de abril é máximo mesmo! São Jorge, Papa Francisco, Shakespeare, livro, chorinho... só os significantes tops da nossa galáxia.

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  3. Não consigo ler livro em smarphone. Não há nada melhor que desfrutar de um livro físico.

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  4. Adoro poder pegar o livro e levar para qualquer lugar. Poder ler ele sem me preocupar se vai ter bateria ou internet pra funcionar. Amo livros físicos, por esta liberdade que ele nos dá.

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  5. Olá mestre. Teclando aqui, sua admiradora de sempre Alice R. B. Quando se trata de livros você sabe que logo desperta minha atenção. O livro físico bem depressa irá se tornar peça de museu. Nossa geração foi agraciada com esse milagre humano. Só temos a agradecer esse amigo de todas as horas. Esse também vai dar lugar à tecnologia, como tudo o mais. Tenho esperança de que, antes de fazer a grande viagem ( na qual levarei todos os livros que já li) eu possa ainda ver um livro físico nas mãos de alguns “alienígenas”.

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  6. Sigo lendo meus livros de papel. Tenho uma fila deles, às vezes un fura a fila. Eventualmente também leio ebooks, sobretudo em viagens e na cama à espera do sono. Um grande abraço, Chassot. Desse amigo das Gerais, Mauro

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