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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

uma Alfabetização Científica como um direito humano

 

    ANO

 17

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EDIÇÃO

2739

08/09/2023 Nem parece: já estamos no segundo blogar deste setembro! Sim! Há uma semana preludiávamos: Quero luz depois de tanta água / Quem sabe um dia / Quando setembro chegar”. E setembro  chegou trazendo ao invés de Esperança, desespero! Desespero que levaram a óbitos (como se narra, por ora). Em verdade desesperos se fizeram mortes. Parece quase inédito, mas a cada mês passou a nos visitar um furacão assassino. 

Ovelha fica pendurada em fiação elétrica após ciclone em Muçum RS

Não vou fazer relatos. Uma foto faz narrativas que superam os relatos diluvianos contados no Gênesis, há milênios. Também não vou alterar -- como na semana pretérita --  a terceira edição de nossa Tríade em que examinamos, uma divisão dos humanos em três estratos.  Optemos, diferentemente da aula anterior, ante imposição camoniana: [1) NATIVOS DIGITAIS /2) MIGRANTES DIGITAIS / 3) ALIENÍGENAS DIGITAIS 3.1 NEGACIONISTAS: Se negam aprender: 3.2) DESAFORTUNADOS: Não têm condições econômicas. Permito-me, uma vez mais, recordar a pergunta capital: para uma pessoa pouco letrada, o que é mais útil ser alfabetizado no seu idioma materno ou ser um migrante digital?

Eis um pedido para ajudarmos em uma resposta desejadamente colaborativa. A tentativa não parece fácil: Não é uma escolha fácil. O alerta continuado que o Papa Francisco faz na Laudato Si’ não raro parece esquecido quando o Planeta Terra -- nossa casa comum -- se vê transformado em um cassino digital. E o ainda mais grave: Este mega cassino já se faz, cada vez mais, marcadamente envolvido em corrupção.

Posfácio: uma tese (quase) indefensável 

É pesado dar um fim a este texto. Um leitor atento, vez ou outra, teve/tem dificuldades com a minha redação ora no passado/ora no futuro. A pandemia terminou? Ou nós — com saudades de um passado que tintamos de rosa — terminamos com a pandemia? 

Não é fácil ver no nosso cotidiano uma extensa maioria daqueles que não ‘usam’ recursos do mundo digital, serem, cada vez mais, marginalizados no hodierno. Há os incapazes de usar os mais comuns meios de transportes urbanos, pois não conseguem operar um aplicativo. Sem este ícone do mundo digital não se lê jornal, não se ouve música, não se agenda uma consulta médica, não se busca um taxi. 

Nestes tempos pandêmicos, os alienígenas digitais foram/são cada vez mais excluídos, também pela inabilidade, por exemplo, no ensino remoto. É importante mencionar que no mundo da Educação a exclusão ocorre também, de maneira significativa, pela impossibilidade de acesso a hardwares necessários para acessar as ‘benesses’ do mundo digital. Vale registrar que dentre os diferentes hardware nenhum é de uso tão exclusivo quanto o smartphone. A propósito, só uma pergunta: tu já emprestaste o teu smartphone para alguém? Provavelmente, não. Ele serve (quase) só para mim. Só esta resposta enfática se analisada trás uma significativa marca de exclusão.

Hoje, há que lutarmos para ensejar a migração dos alienígenas digitais para fazê-los migrantes digitais. Assim, como ninguém discorda que se faça campanhas de alfabetização na língua materna temos que acolher, como uma questão moral, os alienígenas e fazê-los imigrante digitais. Quando alguém imigra para um país que tem um idioma diferente, o que busca aprender por primeiro? Hoje vivemos num Brasil onde a linguagem digital é hegemônica e faz exclusões.

A cada dia chegam centenas de migrantes a nosso convívio que ainda são analfabetos digitais. Há que alfabetizá-los. Há que fazê-los migrantes para o mundo digital (como nós, a maioria dos leitores deste texto). Há que ensejar a muitos as benesses ofertadas por esse (quase mágico e) fantástico mundo digital.

Há não muito, de maneira usual, dividíamos os humanos em analfabetos e alfabetizados. Estes, enquanto alfabetizados na língua materna, eram — de maneira usual — qualificados como capazes de saber interpretar (ou ser capazes de redigir) um bilhete ou ser um leitor de um livro. Hoje o que significa ser alfabetizado digitalmente?

A Educação é apenas um dos mentefatos culturais que é um direito universal. Pode-se mostrar o mesmo com o direito à Saúde ou ao trabalho digno ou alimentação de qualidade. É fácil nos encantar com as maravilhas do home office, que oportuniza aos abonados morar em suas mansões de veraneio 12 meses por ano. Até podemos sonhar com melhores benesses para todos. Mas há algo factível e trago como encerramento. Antecipo que não estou delirando. Neste tempo de novilíngua, parece ser mais importante ser um alfabetizado digital do que ser alfabetizado em língua materna. Isso deveria ser uma cláusula pétrea. Talvez, de maneira muito próxima, tenhamos além do vale-gás ou uma cesta básica: vale smartphone. Talvez, familiar no início. 

É tempo de novilíngua. Saber lê-la é preciso para entender o mundo natural. Assim, mulheres e homens (inclusive os mais anosos) serão cidadãs e cidadãos mais críticos. Vale experimentar.  Asseste assemblages e frua o mundo também com a linguagem em um mundo digital. 

Assim, como ninguém discorda que se faça campanhas de alfabetização na língua materna, temos que acolher, como uma questão moral, os alienígenas e fazê-los migrantes digitais. Além do usual letramento no idioma de berço (= língua falada pelos pais), temos diferentes alfabetizações: alfabetização matemática, alfabetização geográfica, alfabetização geológica, alfabetização digital, alfabetização musical, alfabetização astronômica, alfabetização astrológica, uma alfabetização geológica, uma alfabetização ecológica ou ainda, alfabetização em idioma(s) estrangeiro(s) etc. A alfabetização científica passa a se constituir como uma assemblage: múltiplas alfabetizações. Quando alguém imigra para um país que tem um idioma diferente, o que busca aprender por primeiro?

HÁ UMA DENTRE ESTAS ALFABETIZAÇÕES 

QUE É PRÉ-REQUISITO ÀS DEMAIS

Qual?

Uma alfabetização digital… 

Assim ensejamos uma Alfabetização Científica como um direito humano para formarmos cidadãs e cidadãos envolvidos na construção de um pensamento crítico. Este pensamento crítico se adensa à medida que nos envolvemos com múltiplas alfabetizações ajudados pelo Professor Google, pelo Padre Google, pelo Pastor Google, pelo Químico Google,  pelo Advogado Google,  pelo Astrônomo Google,  pelo Astrólogo Google,  pelo Biólogo Google,  pelo Cardiologista Google, pelo Enólogo Google, pela Bispa Google… e outros dezenas mais. Cada um dos múltiplos conhecimentos que amealhamos nos torna sujeitos mais indisciplinares. As tuas e as minhas alfabetizações científicas são (quase) ilimitadas. Vamos nos fazermos quase polímatas pois os saberes são ilimitados.

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