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sexta-feira, 3 de março de 2017

03 — No cuidado com a casa comum

ANO
 11
LIVRARIA VIRTUAL em
mestrechassot.blogspot.com
EDIÇÃO
3272


Encontrei nesta sexta-feira feira quaresmal uma informação. Não sei se fidedigna. Mas, presta-se a reflexões. Oito trilhões. Esse é o número de mensagens de texto enviadas todos os anos. Grandes números nos traem: isso representa 23 bilhões de textos enviados todos os dias. Ou quase 16 milhões por minuto.
Nesse turbilhão sonhamos ser lidos. Parece um pouco pretencioso. Parece que se escreve muito (cada vez mais), mas se lê cada vez menos. Não raro intromete-se em mim a sensação de que escrevemos para nós mesmos. Eu reconheço: gosto de ler, mas amo escrever.
Na última blogada acenei que me aliaria à Campanha da Fraternidade. O tema para este 2017 está muito bem escolhido. “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, onde a Igreja Católica busca ampliar a consciência de que o desafio global, pelo qual toda a humanidade passa, exige o envolvimento de cada pessoa juntamente com a atuação de cada comunidade no cuidado de nossa casa comum.
[Bioma: (Ecologia) Cada um dos grandes meios ou das grandes e estáveis comunidades de organismos do planeta, como o oceano, a floresta, a pradaria, o conjunto de águas doces etc. (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)].

É muito repetido que “o criador foi pródigo com o Brasil. Concedeu-lhe uma diversidade de biomas que lhe confere extraordinária beleza”. Mas, infelizmente, os sinais da agressão à criação e da degradação da natureza também estão presentes.
Nesta semana, ao preparar a 8ª edição de A Ciência é masculina? escrevi: Entre todos os documentos que foram publicados no interregno da 7ª edição (inverno de 2015) e esta 8ª edição, muito provavelmente é a Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco (2015) o texto mais relevante do Planeta. Dentre os muitos depoimentos acerca da mesma trago apenas um: “A Laudato Si' é, talvez, o ato número 1 de um apelo para uma nova civilização” afirmou o cientista Edgar Morin, que não professa o cristianismo. Assim a (re)leitura da Laudato Si’ pode se constituir no texto fulcral da CF 2017.
O objetivo da Campanha da Fraternidade deste ano, inspirado na passagem bíblica acerca do cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz da fraternidade. Está na encíclica “não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a vida das pessoas” (LS, 43), assim há um convite à contemplação para admirar, agradecer e respeitar a diversidade natural que se manifesta nos diversos biomas do Brasil através da promoção de relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles vivem. Este é, precisamente, um dos maiores desafios em todas as partes da terra, até porque as degradações do ambiente são sempre acompanhadas pelas injustiças sociais.
Os povos originários de cada bioma ou que tradicionalmente neles vivem nos oferecem um exemplo claro de como a convivência com a criação pode ser respeitosa, portadora de plenitude e misericordiosa. Por isso, é necessário conhecer e aprender com esses povos e suas relações com a natureza. Assim, será possível encontrar um modelo de sustentabilidade que possa ser uma alternativa ao afã desenfreado pelo lucro que exaure os recursos naturais e agride a dignidade dos pobres.
Não sei se, dentre as milhões de mensagens escrita no tempo desta minha laboração sobro algum espaço para estarmos atento ao cuidado de nossa casa comum. Sonho que sim.

6 comentários:

  1. Muito bom meu caro Chassot.
    Trazer nessa blogada semanal a Campanha da Fraternidade como mote para chamar a atenção dos leitores sobre o Planeta.
    Ainda na quinta fui ao mercado, e fiquei perplexo com a quantidade consumida pelos moradores que retornavam de férias e carnaval.
    Onde vamos parar com tanto plástico, papel, alimentos e tanto mais. Teremos recursos suficientes pras próximas gerações? Tenho dúvidas.
    Prof. JAIRO BRASIL

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    1. Meu caro Jairo,
      obrigado por teu comentário. O tema da CF 2017 parece muito oportuno. Acredito que se os organizadores da mesma sugerissem apenas a Laudato Si' como texto fundante, não precisaria mais nada,
      A questão do lixo que referes é preocupante; esta é uma ameaça aos cuidados de 'nossa casa comum' como quer Francisco.
      Saudades

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  2. Li parte da "Laudato Si", obra adquirida para ajudar na preparação das aulas de Ensino Religioso/2016. Tenho a impressão de que o olhar cuidadoso e humano sobre os outros é a verdadeira leitura deste belo texto. O que tenho a certeza de que cuidar é respeitar o ambiente no qual estamos inseridos, compreendendo tudo, inclusive os que nos rodeiam. Respeitar (desinteressadamente) é cuidar.

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    1. Meu amigo,
      parece algo tão simples. Esta terra, este ar, este mar é teu, é meu e de todos. Logo vamos cuidar (de preferência) juntos. É isso que Francisco nos ensina na Laudato Si'.
      A casa é comum. Palavra mal usada na língua portuguesa. Laranja comum é aquela cujo patrimônio genético é de todos.
      Comum não menos... é de todos.
      Obrigado pelo exercício da escrita.
      Saudades de tuas fraternas acolhidas em tua casa.

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  3. Amigo admirável, Chassot! Às vezes, fico pensando no que desestabilizaria a Humanidade, cada pessoa, todos os dirigentes e líderes das mais diversas instituições: uma ameaça vinda de seres inteligentes e não catalogados como humanos? Um asteroide em rota de colisão com a Terra sem qualquer possibilidade de alteração de sua trajetória? Um colapso fatal para o planeta todo? Armas de destruição cabal? Enfim, são muitas as alternativas. Todas elas à parte, o certo é que, o que chamo de "umbiguismo" - o egoísmo do umbigo - é tão profundo e excludente, que não importa a porção de terra morta do meu vizinho se no meu lado da cerca há verde abundante. Ainda não conseguimos entender - não racionalmente, mas visceralmente, - que a casa comum é uma só e sequer podemos dizer: jogar o lixo fora. Isso, por uma única razão: não existe fora para o nosso cotidiano. Até quando esta Casa Terra será tolerante conosco? Obrigado pelos teus ouvidos, mio amico!

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    1. Meu amigo,
      parece algo tão simples. Esta terra, este ar, este mar é teu, é meu e de todos. Logo vamos cuidar (de preferência) juntos.
      A casa é comum. Palavra mal usada na língua portuguesa. Laranja comum é aquela cujo patrimônio genético é de todos.
      Comum não menos... é de todos.
      Obrigado pelo exercício da escrita.

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