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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

25.- DESDE UMA CIDADE ENCANTADORA


ANO
 10
Ainda em Budapeste / Hungria
EDIÇÃO
 3129
Por uma questão técnica a edição 3125 (sexta, 15 jan) foi, momentaneamente, retirada de circulação. Peço escusas.
Na última postagem aqui (sexta-feira, 22) narrei, de maneira sucinta, as primeiras emoções de estar em Budapeste. Hoje, segunda-feira, estou no 5º dia nesta cidade maravilhosa, aonde cheguei na noite quarta-feira. Faço agora um breve narrar dos três últimos dias.
A sexta teve momentos memoráveis no bairro judaico. Visitamos, por cerca de cinco horas, sinagogas, museus, exposições e tive a oportunidade de conhecer um pouco mais da história de um povo, que há milênios, é ferreteado com o mote: que seja perseguido.
Nesta visita a atração maior é a Grande Sinagoga de Budapeste ou Sinagoga da Rua Dohány (em húngaro: Dohány utcai zsinagóga = Sinagoga da Rua do Tabaco) O grande templo foi construído em meados do século 19 em estilo românico, combinando elementos neomouriscos e neobizantinos (na foto).
A Grande Sinagoga, considerada como a maior e mais monumental da Europa, pode acolher mais de três mil pessoas no seu interior. Não apenas judeus de Budapeste, mas de outras partes do mundo se reúnem regularmente. A sinagoga se constitui um marco histórico e monumental na cidade de Budapeste. Tem nove naves abobadadas decoradas com tijolos coloridos, azulejos e arabescos muito interessantes, e duas torres brilhantes, com cúpulas negras e douradas, que a tornam num edifício único no seu estilo. Todas as torres incorporam quatro relógios oitocentistas.
No interior impera um estilo que antecipa a art-déco misturada com um neobarroco, invulgar na época construção do edifício. Muitos candelabros e um grande lustre coroam os tetos e as paredes estão adornadas com imponentes arcos recheados de detalhes minuciosos, típicos dos séculos precedentes. O altar é construído em madeira, entre outros materiais e o centro é coberto pela célebre talha dourada. A coroar o altar magnânimo, uma pequena cúpula branca, decorada com arabescos dourados, que esconde um órgão.
Durante a Segunda Grande Guerra a Grande Sinagoga de Budapeste sofreu graves danos e esteve mesmo a risco de ser demolida pelas tropas nazis, mas foi recuperada e hoje se faz imponente, com muitos jardins, numa das ruas mais movimentadas da cidade. Atrás do edifício ergue-se o Monumento aos Mártires Judeus da Hungria.
A visita ao bairro terminou, como parece ser natural, com um almoço em um dos vários restaurantes que oferecem pratos típicos judaicos. Há, inclusive, aqueles que servem comidas kasher (= preparadas segundo preceitos que devem ser observados pelos que seguem a religião judaica).
No sábado pela manhã repisamos muito da manhã de quinta, que quase inaugurar nosso estar aqui. Voltamos ao monumental Mercado Central. Ao lado da necessidade de se abastecer ‘a casa’ — desta vez optamos por alugar um apartamento, ao invés de ficar em hotel —, a ida ao mercado enseja conhecermos uma multiplicidade de frutas, flores, cereais, carnes que não conhecemos, se pode observar duas categorias de frequentadores: uns, os locais, em sua maioria idosos, que buscam o abastecimento e sabem escolher entre as diferentes ofertas (marcadas por preço e qualidade). Outros, os turistas — como nós — que estão ali para conhecer o novo ou o exótico.
Nestes dias de România e agora de Hungria, vivemos sob temperaturas que registravam máxima — 02ºC e mínima — 18ºC. Na noite de sábado, uma não prevista nevada (a primeira na Hungria) encurtou a saída, pois logo uma camada de neve se forma sobre as calçadas, tornando perigoso o caminhar, para quem como eu saíra sem calçado adequado à neve.
O domingo muito frio e chuviscoso teve dois momentos distintos. Para a manhã tarde compramos passes para tours de ônibus, com validade de tomar quatro roteiros por quarenta e oito horas. Hoje fizemos um dos roteiros, reservando outros hoje e amanhã. No de hoje circulamos por Pest e Buda. Isto implicou em cruzarmos duas vezes o Danúbio pela ponte Elizabeth. Pest é caracterizada por sua planura, enquanto Buda é muito acidentada, com cerros e regiões íngremes nos quais se assentam lindos palácios. Uma e outra se caracterizam por prédios de rebuscadas concepções arquitetônicas, com caprichada decoração do século passado e mesmo do 19. Não vimos alfo mais significativo em termos de uma arquitetura contemporânea.
Ao percorremos Pest e Buda muitos nomes de húngaros ilustres receberam destaques em diferentes pontos da cidade. Evoco quatro, por serem aqueles que nos são mais familiares.
Ferenk Liszt (1811-1886) Conhecido como Franz Liszt ganhou fama na Europa durante o início do século 19 por sua habilidade como pianista virtuoso. Foi citado por seus contemporâneos como o pianista mais avançado de sua idade, e em 1840 ele foi considerado por alguns como, talvez, o maior pianista de todos os tempos. Liszt foi também um compositor bem conhecido e influente, professor e maestro. Ele foi um benfeitor para outros compositores, incluindo Richard Wagner (seu genro), Hector Berlioz, Camille Saint-Saëns, Edvard Grieg e Aleksandr Borodin. Algumas de suas contribuições mais notáveis ​​foram a invenção do poema sinfônico, desenvolvendo o conceito de transformação temática, como parte de suas experiências em forma musical e fazer rupturas radicais em harmonia. Ele também desempenhou um papel importante na popularização de uma grande variedade de música de transcrição para piano
Béla Bartóc (1881-1945) considerado um dos maiores compositores do século 20. Foi também um pedagogo e um dos fundadores da etnomusicologia e do estudo da antropologia e etnografia da música. Percorreu cidades do interior da Hungria e Romênia, onde recolheu e anotou um grande número de canções de origem popular. Durante a Segunda Guerra Mundial, decidiu abandonar a Hungria e emigrou para os Estados Unidos. Morando em Nova Iorque, Bartók decepcionou-se com a vida estadunidense. Havia pouco interesse pela sua obra. Ajudado financeiramente por amigos, prosseguiu em sua carreira de compositor, sendo o sexto quarteto uma de suas últimas composições. Em 1944 sua saúde declina tanto que Bartók passa a viver no hospital, sob cuidados médicos. Apesar da situação, compõe ainda o 3° Concerto para Piano e um Concerto para Viola, que fica incompleto, ao morrer aos 64 anos, de leucemia.
Ferenc Puskás (1927-2006). Talvez, tenha sido na Copa do Mundo de 1954, que a Hungria entrou fortemente em minha história. Então, este país tinha o time de futebol mais temido do mundo, chamado pela imprensa ‘os magiares maravilhosos’ e seu capitão, Puskás tinha o apelido de ‘o major galopante’ pois, Puskás e outros jogadores, pertenciam ao Exército Nacional. Hoje o nome do principal estádio de Budapest leva seu nome.
Ignatio Semmelweis  (1818-1865)  importante médico húngaro, nascido em Buda, que ao trabalhar em Viena verificou que parturientes atendidas or médicos em hospital, morriam mais no parto que aquelas que pariam em casa. Verificou que os médicos atendiam às pacientes infectados, muitas vezes procedentes de autópsias. Fez uma recomendação muito simples: lavar as mãos. Por tal foi hostilizado por seus colegas médicos. Tem uma importante contribuição na história da medicina moderna.
Na noite de domingo tivemos um programa de gala: um concerto de órgão acompanhado de solos de trompete e de violino, com tenor e soprano, na magnífica basílica de santo Estevão, primeiro rei da Hungria (975-1038). Ouvimos Haendel, Albinoni, Vivaldi, Widor, Franck e as Ave-Maria de Schubert, Gounoud e Liszt. O encerramento foi com o Aleluia de Mozart. U espetáculo belíssimo antecedido e sucedido por uma longa caminhada sobre a neve.
Para esta segunda-feira temos já programação, mesmo com o prosseguimento de temperaturas negativas. Provavelmente volte a relatos ainda desta Budapeste que encanta.


Um comentário:

  1. Chassot,

    encantei-me com teu passeio em terras magiares. Magia do língua abstrusa, da história densa e da riqueza artística e cultural. Fico tentando construir uma orbe interna, imaginando o som que se espalha pelo éter da basílica de Santo Estevão. Abraços carinhoso neste trotamundo que anda pelas pátria de Sándor Ferenczi.
    Deste aluno exilado neste (nem tão) maravilhoso mundo novo.
    Saudades

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