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segunda-feira, 22 de junho de 2015

22.- LAÇAÇO EM MACHISTA

ANO
 9
EDIÇÃO
 3052
Na aula da Universidade do Adulto Maior, da semana passada, lemos e analisamos a carta que a Professora Titular de Imunologia da PUCRS Cristina Bonorino, Pesquisadora 1C do CNPq, enviou ao bioquímico britânico Richard Timothy Hunt, Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, em 2001, pela descoberta das ciclinas, proteínas que regulam a divisão das células. Na carta a Professora faz críticas a posturas machistas e sexistas do cientista laureado. Este texto pode ser lido na integra em http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/proa/noticia/2015/06/cristina-bonorino-a-caca-4779447.html
Desta leitura surgiu proposta que se completou na tarde desta segunda-feira. Transcrevo o documento assinado por 35 alunos (houve ausências, pois alguns estavam em processo de matrícula para 2015/2) nascidos a partir de 1922.

Porto Alegre, 22 de junho de 2014.
Estimada Professora Cristina Bonorino,
quem lhe escreve esta carta são mulheres e homens, enquadrados socialmente como ‘velhos’, ou mais carinhosamente ditos vivendo a ‘melhor idade’. Na nossa aula do dia 15, na Universidade do Adulto Maior do Centro Universitário Metodista IPA, o professor Attico Chassot, responsável pelo seminário Enfoque Histórico e Sócio-Antropológico, leu seu artigo publicado no dia anterior no caderno PrOA, no qual a senhora responde à audácia e ao arroubo machista do bioquímico britânico Tim Hunt.
À leitura do texto, seguiram-se calorosas discussões, que destacaram sua coragem e postura valorosa questionando a uma cabeça coroada com um Prêmio Nobel e seu jogo de palavras feito com o sobrenome do caçador machista. Depois de entusiasmadas adesões à sua postura, uma de nós sugeriu: Temos que transmitir nossa admiração à Professora Cristina. A sugestão se ampliou: Temos que fazer um texto coletivo. Convenhamos, algo difícil escrever um texto coletivamente num grupo bastante díspar como o nosso, que envolve quase quarenta pessoas. Na aula seguinte (22 de junho), amealhamos algumas sugestões do que havíamos discutido, para levar a seu conhecimento. Esta carta é o resultado disso.
Todos nós somos do tempo que se escrevia cartas, mas também nos adaptamos e nos propusemos a procurar seu endereço eletrônico para enviar nossas posições. Alguém até sugeriu (e acertou) que talvez a senhora pudesse ter Facebook e poderíamos postar ali. Mas, ao fim, decidimos mesmo mandar para seu email. Eis o que desejamos que conheça:
A síntese já foi dita: reconhecer a nossa admiração por sua coragem em afrontar, com elegância e precisão, um cientista de renome internacional. Foi destacado quanto as posturas machistas de Hunt estão em dissonância com sua maneira não preconceituosa de estar no mundo. Quando ele propõe laboratórios separados para homens e mulheres, a senhora destaca que poderão ocorrer nesses espaços amores entre mulheres e também entre homens.
Houve que sugerisse que na carta devêssemos dizer que a senhora ‘matou a cobra e mostrou o pau’. Outro sugeriu que se reconhecesse que a senhora ‘deu um laçaço de relho em um machista’.
Sejam quais forem as diferentes manifestações de nosso grupo, estamos lhe escrevendo para manifestar nosso orgulho e nossa admiração pela maneira como uma mulher cientista soube afrontar alguém que contradiz algo que a senhora escreveu no texto: "A paixão, na ciência, ao invés de distração, é combustível inextinguível para a caça aos novos conhecimentos".
Com admiração,
(seguem-se as assinaturas)

2 comentários:

  1. Soneto-acróstico
    À igualdade

    Machos e fêmeas sempre iguais serão
    Assim os concebeu a sábia natureza
    Contestar aquele evento da evolução
    Há que manter a discriminação acesa.

    Infenso à igualdade, machismo grassa
    Seja na arraia miúda, ou entre nobéis
    Toda essa gente defecando na praça
    Apedeutas idiotas vão fazendo papéis.

    É lamentável que isso aconteça ainda
    Burrice da mais peçonhenta qualidade
    Uma vez machista, seu respeito finda.

    Richard Timothy Hunt e a bestialidade
    Rei do besteirol que mundo prescinda
    Opositor da integração e da igualdade.

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  2. Caro Mestre Chassot, permita-me a audácia de incorporar o advocatus diaboli e defender o laureado cientista. Não vejo as afirmações do mesmo com os mesmos olhos de nossa ferrenha crítica. Acredito que a mesma, não sei até que ponto inocentemente, deturpou o real sentido. Vejo as palavras do intelectual muitos mais como um elogio as mulheres do que como uma crítica, e digo mais, até compartilho de sua opinião, pois inegavelmente a beleza feminina nos inebria e muitas das vezes nos desvia atenção. E isso é tão verdade que comerciais de tv, recepcionistas, aeromoças, grandes vendedoras etc. são lugares de belas mulheres. Como diria Vinicius "Me perdoem as feias, mas beleza é fundamental."

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