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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

11. – REDESIGNAÇÃO SEXUAL

ANO
 8
www.professorchassot.pro.br
em fase de transição
EDIÇÃO
 2588
Parece natural que em uma edição de segunda-feira se faça um rescaldo das leituras de jornais do fim-de semana. Para mim, talvez um dos lazeres dominicais mais curtidos, depois de acordar devagar (leia-se sem hora) é ler jornais a dois. No inverno na lareira, e quando as manhãs sabem a primavera, nos jardins. Ontem essa leitura teve a companhia da Betânia, trazida carinhosamente pelo Bernardo, no dia de seus 10 meses.
Uma marcas desde tempos pós-modernos é a concorrência que iPads e smathphones fazem a jornais suportes papel. Mesmo que estes pareçam mais operacionais, a quantidade de páginas com comerciais fazem com que pensemos em abandoná-los.
Na edição deste domingo Zero Hora traz, em matéria de nove páginas, a história de Helena, a transexual que completou sua transformação, há um mês, submetendo-se a uma cirurgia de redesignação de sexo no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Em uma de minhas aulas em Teorias do Desenvolvimento Humano este tema vem sido discutidos há vários semestres. Na edição deste semestre esta reportagem subsidiará as aulas.
O editor-chefe do jornal, Nilson Vargas, conta que:
Heleno Helena Numa das muitas conversas que tive com a jornalista Larissa Roso sobre a reportagem 'Meu nome é Helena”, uma pergunta surgiu: “Precisa escrever cirurgia de redesignação sexual e não de troca de sexo?”. A resposta: “É o termo médico mais correto”. Heleno já tinha a essência feminina, a cirurgia foi um complemento anatômico.
[...] Teve também uma troca de e-mails em que enviei a seguinte pergunta: “Onde está a dimensão pública desta história, que justifica uma reportagem?”. Resposta: “O mundo está cheio de gente lutando para superar pequenas e grandes dificuldades, todos os dias. Andamos pela rua sem saber o que aflige as pessoas a poucos metros de nós. Helena é comum e incomum ao mesmo tempo. Como quase todos nós, tem alegrias e tristezas no trabalho, na intimidade, em família. Só que além de tudo isso ela sofre para conquistar o reconhecimento à identidade que resolveu assumir. Helena nasceu Heleno, mas quis viver como Helena. Não é impressionante? É. Mas por que é tão difícil respeitar a decisão dela, a vida dela? Por que a reação mais fácil costuma ser o riso, o deboche e até a raiva?”.
A história de Helena foi a história de Larissa desde novembro de 2012, quando a reportagem começou a ser produzida. E aos poucos foi envolvendo mais e mais colegas da Redação de ZH que participaram das diversas etapas da reportagem que pode ser conferida em zerohora.com. A complexidade do tema, os dilemas éticos, as palavras certas, o visual adequado, os limites entre o que deveria ou não ser contado, as crises do personagem principal, as inquietações da jornalista, a sensação de que sempre faltava algo confrontada com os fatos que se sucediam, até culminar com a cirurgia que foi a senha para o ponto final e a publicação.
Singular, curiosa, contemporânea, capaz de tocar em temas tão delicados quanto relações familiares, tabus sociais, aceitação, preconceito e superação, a história de Helena agora está contada. Reportagens são como filhos, em algum momento ganham o mundo e os pais não têm domínio sobre elas. Mas, para tantos de nós que atuaram neste trabalho, será uma enorme recompensa se, de alguma forma, ele contribuir para amadurecer o debate sobre tolerância, convívio social e respeito entre as pessoas.

3 comentários:

  1. Limerique

    É história de nosso semelhante
    Que sem dúvida seguiu adiante
    Em existência sem nexo
    Resolveu mudar de sexo
    A espera de um mundo tolerante.

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  2. O preconceito com o homossexual é tão frequente ou até maior que o machismo em relação as mulheres. E a nossa grande maioria carrega retóricas prontas e rebuscadas apenas no dizer, quando o pensar tem uma postura antagônica. O "bicha" é uma pessoal extremamente normal, no filho dos outros. A "lésbica" tem os seus direitos, desde que não seja com a sua filha. E por ai vai. Na realidade o tema ganha cada vez mais voz por ser matéria venal, estar na moda. Ainda teremos alguns anos ou séculos de evolução para que essa realidade seja integralmente aceita em nossos íntimos.
    abraços

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  3. Limerique

    Uma resignação que não foi pequena
    Mas que sem ela uma vida condena
    Contudo, triste Heleno
    Agora cidadão pleno
    Assume-se feliz como Helena.

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