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terça-feira, 19 de março de 2013

19.- MAIS UMA VEZ: AS ESTATÍSTICAS



Ano 7***      www.professorchassot.pro.br      Edição 2421
Fico sempre bastante impressionado com informações  estatísticas de muitos de meus interlocutores. 90% ou 99% são percentuais presentes em muitas conversas. Há os que detêm mais precisão e falam em 99,9%. Claro que não sei quais são os dados empíricos os mesmos usam para obter tais resultados, mas não raro aditam a tais percentuais a sentença do indiscutível: tenho certeza que 99,99% das pessoas que lá estavam eram a favor...
Se diz que com estatística se pode provar absurdos. Lembrei disso ao ler a apavorante crônica de Ruy Castro — mais de uma presente nesta blogue — publicada na Folha de S. Paulo de 15MAR13. Permitam-me partilha-la aqui:
Estatística macabra - Estudo recente da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, é de alarmar qualquer um. Seu autor, o pesquisador David Spiegelhalter, afirma que certos hábitos reduzem a vida de um cidadão em até meia hora. Por exemplo: fumar dois cigarros, tomar uma ou mais doses de bebida alcoólica, estar 5 kg acima do peso, comer um hambúrguer ou assistir à TV por duas horas seguidas. Cada uma dessas imprevidências pode limar 30 minutos da nossa expectativa de vida.
Assustei-me. Durante 40 anos em que andei em más companhias, fumei pelo menos um maço por dia, ou 14.600 maços. Multiplicados por 20, que são o conteúdo de um maço, terei acendido 292 mil cigarros. Se abatermos meia hora de vida por cada dois dos 292 mil, concluo que morri — bem feito para mim — e esta coluna está sendo escrita por um ectoplasma. O mesmo quanto à bebida. Parei com ela há 25 anos, mas o que bebi nos 20 anteriores faz com que, pelos cálculos do dr. Spiegelhalter, eu já esteja devendo várias encarnações.
Sobrepeso? Nem me fale. Devo ter perdido até hoje mais de 500 kg, mas não só os recuperei um a um como ganhei um excedente crônico. E nunca fui de hambúrgueres, mas isso não me alivia a consciência, pesada por 25 mil bolas de sorvetes — média de mil por ano — tomadas também em 25 anos. E não ligo para TV, exceto quando há gente de vermelho e preto correndo atrás da bola, o que acontece até duas vezes por semana.
Enfim, tirando um excesso pelo outro e subtraindo 30 minutos de vida para cada categoria em que exorbitei, deduzo que já fui há muito para o [cemitério] São João Batista.
Minha preocupação agora é que, convidado a participar mensalmente de um programa de esportes na TV, eu vá contribuir para a estatística macabra. O programa dura duas horas — meia hora de vida a menos para o querido telespectador. 

5 comentários:

  1. A matemática, mãe da estatística, independente do que muitos afirmem não é uma ciência totalmente exata conforme bem demonstra o texto. Ela depende do contexto aonde está sendo aplicada. Trago outro exemplo bem curioso na aplicação da regra de tres: Se 40 homens fazem um prédio em dois anos, vinte homens o fazem em um ano. Tranquilo, resultado límpido e claro. Agora aplique a regra com 4000 homens...

    abraços

    Antonio Jorge

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  2. Perdão pelo erro, em vez de 20 homens, são 80 homens na segunda variante


    Antonio Jorge

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  3. Limerique

    Com números a lógica não tem vez
    Porque contrário ao senso vejam vocês
    Provam que no mundo
    Estéril ou fecundo
    A cada cinco nascidos um é chinês.

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  4. Meu Caro Chassot
    Também sou meio avesso ao uso destes dados estatísticos como forma de analisar determinadas situações, embora se utilize muitos disso no nossos dia-a-dia de segurança do trabalho.
    Mas há exageros nestes dados e incongruências como estas constatadas na escrita do grande Ruy Castro. Prefiro ainda a forma crítica do Jair C Lopes e seus versos criativos.
    Abraço JB

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  5. Grande Mestre Chassot. Benjamim Disraeli,político britânico do século 19, dizia que há 3 mentiras;
    "mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas".Pelo jeito isso é antigo né? poderia falar assim:ciência das probabilidades veja o que diz a mídia às vésperas das eleições os jornais trazem a manchete. " 38,9% devem votar no candidato X ", e que isso quer dizer? que o candidato será eleito? e no final ainda dizem, os resultados não são exatos. Como assim ? margem de erro na pesquisa. Verdadeiramente muitas pesquisas são irreais. Um grande abraço Ley


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